Levantamento mostra que 96% dos brasileiros têm o desejo de realizar mais ações solidárias
Alguns muros e pilares da cidade do Rio de Janeiro carregam escritos de um personagem importante para o carioca, intitulado como Profeta Gentileza. Entre os escritos mais famosos, a frase “gentileza gera gentileza”. A frase virou estampa, produto e enredo de escola de samba. Não por acaso, a máxima do profeta que vagava pelas ruas do centro ainda ecoam no município. A pandemia nos trouxe inúmeros efeitos colaterais e escancarou desigualdades, em resposta a isso, a solidariedade tornou-se uma das principais armas contra a crise.
Segundo um levantamento do instituto Datafolha, 96% dos brasileiros têm o desejo de realizar mais ações de solidariedade. O estudo ainda indica que apesar de bem intencionado, apenas 27% dos entrevistados está envolvido em ações coletivas enquanto 68% age de forma individual por não conhecer outros meios. Para a psicóloga Camilla Froes Diogo, de 24 anos, esse retrato é uma consequência do cenário social brasileiro. “Ações solidárias contribuem para amenizar o impacto da desigualdade social, existe a ideia de que se cada um fizer sua parte, vai ser possível coabitar de forma a promover um ambiente e uma comunidade mais saudável e integrada”, afirma.
Mariana Calleri, de 30 anos, é voluntária desde os 14 anos. Motivada pelo câncer da avó, ela resolveu se dedicar desde cedo à caridade, trabalhando junto de Organizações Não Governamentais (ONGs) e grupos religiosos que prestavam serviços para a população. “Eu comecei a me perguntar como eu podia aliviar a dor da minha avó e através disso conheci o ‘Rio Voluntário’. Percebi que quando doamos energia, sorrisos, roupas e até cabelo (para perucas), nós recebemos alegria de volta.
Assista o vídeo da Mariana contando um pouco sobre o voluntariado
Felizmente Mariana não é a única que possui uma longa história com o voluntariado. Segundo os indicadores do DataFolha, 86% das pessoas realizavam doações e arrecadações de produtos, roupas, alimentos e medicamentos. Um dos motivos apontados pela psicóloga Camila Froes é o bem estar pessoal que a solidariedade pode trazer àquele que pratica.
“De alguma forma, ao ajudar uma pessoa e proporcionar bem estar, mesmo momentâneo, promove diversos impactos psicológicos, a pessoa passa a entender que existe uma realidade que pode ser amenizada
Ouça o áudio em que a Psicóloga Camila conta de que forma a pandemia mudou o jeito como os brasileiros fazem caridade.
A distribuição de alimentos, doação de produtos de higiene pessoal, brinquedos e vestimentas são exemplos de ações solidárias que se espalham por aí. Há milhares de pessoas e instituições dispostas a fazerem o bem e a enfrentar um dos maiores estados de calamidade pública já vistos nos últimos tempos.
Andressa Costa, CEO do ‘Projeto do Coração’ conta como surgiu a iniciativa. “Sempre tive o hábito de ajudar as pessoas, e agora na pandemia resolvi criar esse projeto para que eu conseguisse ajudar uma maior quantidade de pessoas” O momento de crise não impediu que a jovem levasse um conforto aos necessitados com comida e roupas.
“É preciso ter em mente que nós temos saúde, alimento e um teto, então, eu acho que pelo menos uma vez na vida as pessoas devam se voluntariar para cair na real”
Assista o vídeo da Andressa contando de que forma o contexto de crise tornou as pessoas mais solidárias.
O gerente comercial, Diego Mendes Miranda, conta como o ‘Projeto do Coração’ ajudou de forma direta sua família. “Durante um bom tempo, um familiar meu teve problemas com drogas e essa pessoas de um tempo pra cá começou a residir na rua. Entrando nas redes sociais do ‘Projeto do Coração’ eu consegui encontrá-lo” Relatou.
Ouça o que Diego tem a dizer sobre o conceito de solidariedade.
Diego acredita que atualmente a solidariedade é uma das características que mais falta no ser humano. Para ele, proporcionar uma realidade melhor ao próximo é também uma forma de lidar com tudo o que está acontecendo. A psicóloga Camila também compartilha do mesmo sentimento. “De alguma forma, ao ajudar uma pessoa e proporcionar bem estar, mesmo momentâneo, promove diversos impactos psicológicos, a pessoa passa a entender que existe uma realidade que pode ser amenizada.”
De certa forma, a pandemia da Covid-19 alterou a realidade brasileira: já são 160 mil mortes até o momento, impactos negativos na economia e nas casas de Norte a Sul. Entretanto, os pilares e muros pintados pelo Profeta Gentileza seguem servindo de alicerce. No Brasil de 2020, solidariedade gera solidariedade.
Gabrielle Lopes - 6º período Rafaela Barbosa - 8º período
Muito gratificante verificar o progresso da Gabrielle. A materia foi bem explorada. É notório a veracidade da pesquisa é fundamental para uma boa matéria. Parabéns.
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