O impacto da diferença de idade na relação entre irmãos

A ampla distância de anos pode colocar o primogênito em um papel maior de cuidador

Os relacionamentos familiares são importantes na vida de uma pessoa, eles ensinam como viver em sociedade e se relacionar. Por isso, ao planejar um segundo filho, os pais devem pensar nos efeitos da distinção de idade no vínculo entre os irmãos.

Essa distância de anos está presente no relacionamento de Yasmin Bertazini, 20 anos, com seu irmão e irmã (de, respectivamente, 3 anos e 1 ano). O vínculo refletiu na quantidade de responsabilidade assumida por ela acerca do cuidado dos menores. A mãe dos três teve problemas de saúde após as duas gravidezes e não pode cuidar das crianças. Por essa razão, Yasmin assumiu a tarefa. “Eu me considero uma segunda mãe. Mas é mais porque a minha mãe precisa, como um braço direito”, comenta.

Para a psicóloga Ondina Maria Alves de Almeida dos Santos, a forma como os irmãos se relacionam depende de como a mãe apresenta e educa os dois, independentemente de qual seja a diferença de idade. As crianças devem ser ensinadas a dividir, além de haver o estabelecimento de regras para evitar conflitos decorrentes da divergência de gostos. A profissional acrescenta que a inveja é resultado de uma mãe que não determinou um lugar de cuidado dela para cada um, o que direciona uma atenção maior para um dos filhos, normalmente o caçula, enquanto o outro foi deixado de lado.

Outro fator de influência é a questão do gênero. Ouça o áudio da psicóloga.

Quando os irmãos possuem uma boa relação, é muito comum que o mais novo veja o mais velho como referência. Ondina explica que o motivo é a realidade de vida dos dois ter maior proximidade que a do pai e a da mãe. “O mais velho passa a representar o ideal de vida que ele quer ter. Ele quer chegar a ser como o irmão, no dia que tiver a idade do irmão”, disse.

Esse é o caso de Thiago Ferreira. O garoto de 11 anos tem a irmã, Nathalia Ferreira, de 19 anos, como inspiração. “Eu sempre me inspirei nela. Tipo, para ser uma pessoa muito inteligente que nem ela”, revela.

O relacionamento dos dois é muito próximo, a mais velha sempre ajudou a cuidar do caçula. Contudo, ambos admitem que, apesar de aproximá-los, a tecnologia os afasta às vezes. Os eletrônicos os unem quando jogam ou assistem filmes juntos. Mas causa distanciamento nos momentos em que cada um está no próprio celular, em “seu próprio mundo”, de acordo com a garota. Thiago acrescenta que, ocasionalmente, Nathalia pede por Whatsapp para ele fazer alguma coisa ao invés de falar pessoalmente.

Entretanto, as irmãs Carolina Ramos, de 36 anos, e Julia Freitas, de 20 anos, apenas se beneficiam dos aparelhos digitais. Elas moram em cidades diferentes e utilizam a internet para se comunicar.

Quando ainda viviam juntas, as irmãs tiveram alguns conflitos em relação a dormir com a televisão ligada, algo que a jovem de 20 anos não conseguia dormir sem e Carolina detestava, e a decidir atividades para fazerem quando saíssem de casa. O motivo das poucas brigas na hora de escolher desenhos, passeios e brincadeiras é porque a primogênita cedia às vontades da irmã, justamente por ser a mais velha.

Para Julia, se a diferença de anos fosse menor, elas entrariam em conflito o tempo inteiro porque a irmã cederia menos. Já Carolina pensa que elas passariam mais tempo juntas devido ao fato de que a mesma saiu de casa quando a irmã tinha apenas 8 anos. “A distância separou um pouco a gente. Mas, por mais que eu tenha saído de casa, eu sempre tive muita preocupação com ela”, conclui.

Juliana Vilete – 3º período

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