Projeto Social transforma a vida de moradores de rua ao entregar kits de higiene na tentativa de diminuir problema social do país

Mini Gentilezas existe há 4 anos e se tornou mais relevante durante a pandemia

“Eu gosto tanto quando encontro vocês, porque eu me sinto vivo”. Letícia Monteiro nunca irá esquecer a frase que ouviu de Edmilson, morador de rua, enquanto distribuía kits de higiene em uma ação social. Segundo o IBGE, em 2020, mais de 13 milhões de pessoas viviam em extrema pobreza, sobrevivendo com apenas R$ 436 por mês. A população em situação de rua cresceu 140% de 2012 a 2020, o que corresponde a 222 mil brasileiros, como aponta o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

O cenário tem piorado com a pandemia que dura mais de um ano no país, afirma Karina Rocha, coordenadora do Mini Gentilezas. O projeto social, da ONG Argilando, surgiu em 2017 com o objetivo de arrecadar kits de higiene para distribuir aos moradores de rua em diversas cidades do Brasil. Letícia Monteiro, de 27 anos, é voluntária do Mini há três anos e percebe cada vez mais esse aumento de pessoas na rua após coronavírus. “Tem sido pesado, a demanda cresceu demais, estamos percebendo muito mais famílias nas ruas, a quantidade de mulheres era bem inferior antigamente e subiu muito”.

Diante dessa situação, o Mini Gentilezas reforça a necessidade das pessoas olharem para além do mapa da fome no Brasil, que atinge cerca de 5% da população, de acordo com os estudos do IBGE de 2017 a 2018. Para Karina, é necessário pensar também em como resolver o problema sanitário dos moradores de rua. “É importante pensar no Mini Gentilezas como um projeto que trabalha a dignidade, saúde pública e o combate a violência simbólica que essa parcela de brasileiros sofrem”, destaca a coordenadora.

“Para nós, ter acesso a um sabonete é tão simples que nem percebemos a falta dele para quem não tem nada. Agora na pandemia isso aumentou ainda mais! Imagine como deve ser você saber que existe um vírus mortal por aí e não ter condições de lavar as mãos? O Mini proporciona isso para essas pessoas. E não tem como mensurar esse valor.” 

Letícia Monteiro

Em depoimentos recolhidos pela coordenadora Karina através das ações do projeto com parceiros, ela conta um caso em especial que reflete a urgência de se olhar para o problema: “O trabalho social era entregar uma marmita de comida e um pão francês aos moradores de rua. Uma mulher ao receber a refeição começou a retirar o miolo do pão”, explica. Segundo Karina, a voluntária da ação, sem entender o ato, procurou conversar com a mulher em situação de rua, que respondeu que estava tirando o miolo pois estava menstruada. 

O voluntário de Letícia parte do desejo de trazer visibilidade para os moradores de rua e conseguir melhorar um pouco a vida dessa parcela da população tão negligenciada e que necessita de atenção. No decorrer dos últimos três anos, ela transformou o dia de muitas pessoas, em especial a do senhor Edmilson, história que ela conta com muito carinho: “Ele foi um dos assistidos que eu entreguei o kit de higiene e um par de chinelos. Ele chorou muito, porque aquele dia em específico era o aniversário dele e ele nunca tinha ganhado um presente.”

A voluntária Letícia Monteiro conta que ao entregar os kits ela sempre tem a sensação de ter feito uma pequena parte da obrigação de todos em lutar por essas pessoas (Foto: Arquivo Pessoal)

Conheça mais sobre o Mini Gentilezas, da ONG Argilando, assistindo ao vídeo abaixo, em que a coordenadora Karina Rocha explica o surgimento do projeto social e como ele funciona: 

Para tornar o trabalho social com os moradores de rua possível, o Mini Gentilezas arrecada os itens de higiene, os fraciona em kits e distribui para as pessoas através dos projetos parceiros. Um deles é o Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) Rio, na qual Bruna Araujo da Annunciação, de 35 anos, coordena desde 2018 e já esteve em diversas ações de entrega de comida e dos kits do Mini. 

“Quando a gente pensa em ajudar pessoas em situação de rua, a primeira coisa que vem na nossa cabeça é a comida, mas a gente esquece que a higiene é tão essencial quanto a comida e que apesar da situação precária eles querem se cuidar”, comenta Bruna. Como ressalta Karina Rocha, poder se barbear, usar desodorante ou até mesmo ter um absorvente é o que vai fazer com que eles retomem a dignidade perdida, possam ter a chance de conseguir um emprego e enfim sair das ruas.

Ouça o áudio da Bruna Araujo da Annunciação, parceira do Mini Gentilezas e coordenadora do MRSC Rio, sobre como ela se sentiu transformada ao participar das ações sociais: 

Os cuidados desde a separação dos kits de higiene do projeto até a distribuição foram redobrados com a pandemia, levando em consideração a vulnerabilidade das pessoas em situação de rua ao vírus da Covid-19. Ao mesmo tempo, esses produtos se tornaram essenciais para eles e o trabalho do Mini Gentilezas nunca foi tão necessário.

Para ajudar com as doações basta consultar no site e nas redes sociais do Mini Gentilezas quais são os pontos de arrecadação e seguir as recomendações dos voluntários. 

Ana Fernandes – 7º  Período

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