Autores independentes ganham destaque no mercado literário

Com as inovações tecnológicas e a ajuda da internet, o número de autores independentes cresce cada vez mais e, com eles, a publicação de livros nas plataformas digitais.O “self-publish”–auto-publicação–é uma estratégia cada vez mais utilizada por eles para se lançarem. No Brasil, entre novembro de 2014 e novembro de 2015, houve um crescimento de 38% desse tipo de publicação. Com parcerias e divulgação, eles alcançam cada vez mais um lugar no mercado literário. E assim ganham voz, vencendo as dificuldades e barreiras criadas pelas grandes editoras.
Com uma editora apoiando o autor, ele não precisa se preocupar com o marketing e toda a divulgação. Já o autor independente conta com a ajuda de blogueiros e parceiros para tornar o livro conhecido. A blogueira Ara Robert faz uma “chamada” na página do Facebook contando sobre o livro e no Instagram mostra a capa do livro com pequenos “quotes” para aguçar a imaginação dos leitores. “Falo para a autora nos mandar o livro, para que façamos uma resenha e assim uma boa propaganda dele. Também organizo com parceiros entrevistas para conhecer mais sobre a história”, conta.
Com a publicação independente, é possível decidir entre múltiplas formas de se editar o livro. Pode ser a impressão tradicional,na qual o autor imprime um número de cópias e tenta vendê-las.Há ainda a impressão sob demanda,na qual a pessoa publica o número certo de livros encomendados por leitores e o custo é menor do que o da impressão tradicional. E a publicação de eBook, através de plataformas como a Amazon.com, Saraiva Publique-se e Kobo Writing Life, em que o autor paga um valor mínimo para publicar o livro e obtém retorno com classificações que vão de uma a cinco estrelas. O preço do eBook é de escolha própria e pode ficar entre os mais vendidos da loja digital.
Publicar um eBook não quer dizer fazer um trabalho de qualquer jeito. Pelo contrário.Para atrair antigos e novos leitores, a apresentação deve estar impecável, desde a capa até o conteúdo do livro, que precisa ter uma boa revisão antes de ser publicado, mesmo que o autor não tenha a intenção de fazer a versão física. O livro digital, além de não dar trabalho na distribuição, também muda a dinâmica de parceria. É muito mais barato para o autor enviar um e-book para o blogueiro do que um livro físico. Sem contar a praticidade que um livro digital tem, já que pode ser lido em qualquer lugar.
A escolha do lançamento em eBook pode até mesmo render um contrato com uma grande editora, como aconteceu com a autora Raiza Varella. Ela já tinha dois livros publicados pela editora Pandorga, mas decidiu publicar“Caçadora de Estrelas”na plataforma da Amazon.com. O sucesso foi tão grande que a Editora Verus entrou em contato com a autora e quis publicar o livro, que tem previsão de lançamento para 2018.E o reconhecimento vem não só por meio das editoras, mas por leitores do Brasil inteiro. “Quando a primeira leitora me achou, ela era da Bahia, não acreditei. Eu não imaginava que alguém fosse gostar”.
A leitora Thamirys Cheble conta que já leu livros independentes e que gosta de dar oportunidade para novos autores. “Comprei alguns eBooks na Amazon e li no meu Kindle (leitor digital vendido pela Amazon.com)”, diz. Para ela, a divulgação de um livro pela editora é mais fácil,por não sobrecarregar o autor, já que quem publica por uma editora conta com uma equipe de marketing e o autor independente fica por si só. “O autor auto-publicado conta com a ajuda de blogueiros e dos leitores para que outras pessoas tomem conhecimento do trabalho”. É algo cansativo e que exige esforço, mas o sonho está em jogo e eles não desistem.
Uma plataforma gratuita e de grande ajuda é o Wattpad. Nela, os autores podem publicar desde fanfictions–histórias escritas por fãs, baseadas em livros, séries, filmes ou artistas–até histórias totalmente originais. A publicação é feita em forma de capítulos, como os livros físicos, e de acordo com o tempo e a criatividade do autor para postá-la.“Utilizar plataformas como Wattpad e Amazon de termômetro é importante para sentir se a história agrada o público e não acabar com uma tiragem enorme encalhada em casa”,explica Carol Dias, autora de 22 anos,que já tem três livros físicos publicados, mas continua investindo em livros digitais.
Por mais complicado que seja lidar com o mercado literário e com as críticas dele, os autores estão cada vez mais confortáveis em se auto-publicar. E,assim, o sonho de se tornar escritor torna-se mais próximo para alguns. O reconhecimento vem a partir de uma boa história.“Os leitores não estão interessados em qual editora publica o livro ou se ele é uma publicação independente, nós ligamos muito para a história em si. Se ela for boa,o reconhecimento chega”, explica Thamirys. As dificuldades impostas pelas editoras na hora de publicar um livro e receber novos autores começaram a impulsionar o mercado independente.
Por Ana Beatriz Bernardo
Carol Dias: do Marketing à Literatura
Quando o amor pela escrita fala mais alto

Foto: Érico Robert
Livros, propaganda e marketing andam juntos na vida da autora Carol Dias, que começou a ler antes dos amigos de escola com a ajuda da mãe e da irmã,que liam gibis para ela. Aos 8 anos já escrevia histórias e contava para os familiares. Hoje,aos 22 anos, vive da literatura e conta, entre 32 histórias publicadas online, com três livros físicos, duas histórias completas e um conto.
Moradora de Guadalupe, no Rio de Janeiro, Carol sempre gostou de ler e escrever. Na sexta série, ela pegava cadernos antigos e escrevia histórias sobre os amigos, o primeiro namorado e a vida de pré-adolescente. “Minha família sempre dizia que eu deveria publicar um livro, mas eu achava impossível”, conta. Na época, Carol tinha apenas uma autora brasileira como referência: Thalita Rebouças. “Era minha inspiração, queria escrever livros como ela”.
Em 2010, Carol conheceu as fanfictions–histórias sobre bandas, séries, animes e famosos criadas por fãs–e passou a escrever sobre os Jonas Brothers, uma banda americana formada pelos irmãos Kevin, Joe e Nick. Ela tinha um site de fanfictions, e nele uma coluna sobre escrita. E quanto mais escrevia, mais aperfeiçoava as técnicas que aprendia.
Ao longo do tempo, os personagens evoluíram junto com ela e Carol escreveu“Clichê” em 2016, o primeiro livro que não contava com os ídolos. “Meus personagens não pareciam mais os Jonas Brothers. Eles tinham características próprias”, explica a autora, que, em 2017,conseguiu o sexto lugar em e-books brasileiros mais vendidos da Amazon, uma plataforma digital. As leitoras que já a acompanhavam adoraram a história e pediram um livro físico.
O sucesso literário veio acompanhado do sucesso na faculdade.Formada em Propaganda e Marketing pelo Instituto Brasileiro de Mercado e Capitais (IBMEC), Carol precisou escolher entre o curso que fez, e o Jornalismo, que também era uma de suas paixões. Prestei vestibular para Jornalismo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)e coloquei Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas no Pro Uni acabei optando por Propaganda e Marketing”, conta.
Toda a experiência que teve na área foi na agência de propaganda Trato. Primeiro trabalhou como estagiária, mexendo com mídias sociais,e depois no atendimento. Mas Carol não gostou. Ela se sentia sobrecarregada porque fazia o trabalho de mais três pessoas, além do dela. E onde estava para aprender, acabou tendo que ensinar. Inclusive à chefe,que a ouvia, mas ignorava as sugestões e ideias dadas.“Não digo que não voltaria, mas foram as duas fases mais difíceis da minha vida”.
Com o segundo livro,“Inversos”,escrito em apenas 20 dias e o conto “6 paradas para o destino”,no livro dois da série “Love is in the air”,publicados pela Ler Editorial,Carol vive da literatura e encontrou na revista literária digital “Publiquei” uma forma de unir a profissão e o amor pelos livros. Ela também resolveu fazer um curso de Designer para complementar a renda com a parte gráfica que tanto ama. Das plataformas digitais às histórias publicadas, com muito esforço e dedicação, Carol vem alcançando cada vez mais pessoas com seu trabalho. E o resultado não poderia ser diferente: sucesso.
Por Ana Beatriz Bernardo
Jovens Brasileiros nas redes sociais

Acordar, estender o braço até a escrivaninha, pegar o celular. Abrir o Facebook, procurar algo interessante entre os posts. Não achar nada que prenda tanto a atenção. Acessar o Instagram, ver as fotos e vídeos da galera, dos artistas que admira, fotos com textos do escritor preferido. E talvez fazer um post no Stories. Seguir a rotina diária, ir à escola ou à faculdade, mas continuar conectado às redes sociais. Muitos jovens do mundo fazem parte dessa realidade: a busca por algo dinâmico, uma interação mais forte durante o cotidiano. No Brasil, não poderia ser diferente. O que está acontecendo é a migração entre as redes sociais por parte dos jovens.
Uma pesquisa recente do eMarketer- empresa americana que realiza estudos referentes, principalmente, ao meio digital no mercado – afirma um crescimento no acesso ao Instagram e Snapchat entre jovens e adolescentes americanos, enquanto a procura pelo Facebook vem diminuindo. Apesar de ter sido uma pesquisa em um local específico, o consultor digital Leonardo Lopes esclarece que essa é uma tendência que começou lá, mas está alcançando outras partes do mundo. “Os Estados Unidos estão à frente da maioria dos países do mundo em tecnologia, e por isso acabam sendo precursores dessas mudanças comportamentais também quando falamos das redes sociais e do mundo digital em geral”.
As pessoas nas faixas etárias entre 12 a 17 anos e 18 a 24 anos estão trocando o Facebook por outras plataformas. A jovem de 19 anos Gabriela Sant’Anna tem um interesse muito maior pelo Instagram por achar seu conteúdo mais variado e descontraído. “Dá para se inspirar em algumas fotos, ter mais criatividade, seguir páginas que atualizam sites de moda, informação e notícias também. Acho que todos já cansaram da mesmice do Facebook por ser uma rede social muito chata, que está ‘copiando’ os mesmos mecanismos das outras, como o status do WhatsApp”, diz a estudante de Direito.
Em busca de outros atrativos, os jovens estão abandonando, de fato, o Facebook. O estudo afirma que usuários do Instagram aumentaram 23,8% em 2017, até chegar a 85,5 milhões, dos quais 22,1 milhões têm entre 18 e 24 anos. Os menores de 12 anos aumentaram 19% e os que estão na faixa de 12 a 17 anos, 8,8%. Ou seja, o Instagram é uma rede social que está ganhando bastante força entre essa nova geração. Os motivos que fundamentam essa procura são diversos. O consultor digital apresenta a popularização do Facebook e a preferência pelo consumo do audiovisual em plataformas como algumas dessas razões. Além disso, ele acrescenta que os jovens não querem ser vigiados pelos pais e parentes numa rede social que esteja altamente popular como é o caso do Facebook. “Hoje, ele se tornou tão usual para nós quanto o Google, e isso atraiu pessoas de todas as idades para lá. Acredito que os jovens estejam migrando para outras redes sociais também para encontrar seu espaço nesse mundo digital”, opina.
O audiovisual é uma forma de atrair diversos públicos: desde crianças a adultos. “As pessoas estão cada vez mais atarefadas e sem tempo até mesmo para consumir informação. Isso acaba fazendo com que prefiram conteúdos em formato de imagens, áudio e vídeo”, afirma o consultor digital. Amanda Fausto, estudante de Jornalismo e com 20 anos, acha o ambiente audiovisual mais envolvente e que prende mais sua atenção. “Acho que o Instagram e o Snapchat permitem hoje um compartilhamento mais instantâneo, além de nos aproximar de pessoas que não estão no nosso círculo social, como personalidades famosas. Fora as ferramentas dentro desses aplicativos, que tornam essa conexão mais divertida e dinâmica”, diz.
Marcus Vinícius Tonin, especialista em marketing digital, afirma que os jovens têm uma comunicação mais dinâmica e procuram essa maior interação, independentemente do canal que estejam utilizando, mas recorrem a uma rapidez que é presente em plataformas como WhatsApp e Stories do Instagram. “A possibilidade de interação imediata faz com que estas ferramentas sejam mais atraentes aos jovens. Devemos considerar o processo de ansiedade que vem tomando conta da população, por exemplo, um e-mail nos parece algo muito demorado”, diz.
Ana Flávia Oliveira, estudante de Engenharia Ambiental, comenta sobre essa pressa e ansiedade contínua presentes no cotidiano do jovem, que costuma nem ter paciência de ler um texto exaustivamente longo no Facebook. “Mesmo o Facebook tendo bastante conteúdo, não consigo achá-lo tão prático. O Instagram para mim é muito mais versátil, vou deslizando o dedo pela tela e vendo o que me agrada”, afirma a jovem de 20 anos. Outro motivo bastante considerável para justificar essa migração é a obsessão por atenção e exposição, que se tornou maior com a presença dessas redes sociais. “A conectividade e a interatividade sempre serão um atrativo. Ainda mais ligadas às possibilidades de exposição, que permeiam o interesse das pessoas dessa idade. Redes sociais como o Instagram são focadas no conceito do belo, do que é visualmente agradável para as pessoas”, diz Leonardo Lopes.
O jovem de 21 anos Yan Russo, estudante de Publicidade e Propaganda, reitera essa concepção de que o lado estético é um chamariz para essa geração. “Instagram é uma rede muito mais aberta. Acredito que a migração para ela e para o Snapchat é por causa da imagem mesmo. Essas redes renovaram a cultura do consumo de imagem, porque as pessoas sempre gostaram de notoriedade, e com esses aplicativos conseguem isso com uma extrema facilidade”, afirma. Todo esse processo de migração se fundamenta no ato do jovem de apresentar uma necessidade vívida de se comunicar, se expressar, interagir de forma leve e dinâmica com os outros. A ânsia por exposição também é um fator relevante. Em suma, tudo isso é uma junção de elementos que o motivam a encontrar a própria identidade no meio que mais é cotidiano para ele: o digital. Essa é uma realidade do jovem brasileiro. Mas não somente dele, é um fato presente em grande parte da juventude do mundo.
O FUTURO DAS REDES SOCIAIS
O Marketing Digital se fundamenta na análise e no estudo dos processos que são desencadeados pela população nos meios digitais, inclusive redes sociais. Elas não são apenas meios de lazer: também são formas de negócios a serem desenvolvidos. Os especialistas Leonardo Lopes e Marcus Vinícius Tonin estimam uma previsão sobre essa realidade:
- As plataformas nas quais o Marketing Digital estará inserido sofrerão mudanças.
- Potencialmente, há a probabilidade de, em alguns anos, todos estarem conversando sobre um novo canal de comunicação online, talvez mais dinâmico, mais rápido, mais interativo
- A tecnologia avança a passos largos e os negócios estão acontecendo dentro dela. Cabe à sociedade estar atenta às oportunidades e armadilhas que serão trazidas.
- A migração é resultado dessa mudança de comportamentos por parte da maioria dos usuários de cada uma das redes sociais. Mark Zuckerberg tem tentado minimizar esse ocorrido, fazendo constantes atualizações no Facebook que certamente não terão efeito, como os Stories no Facebook
- Os territórios virtuais serão sempre desbravados primeiramente pelos jovens e os apaixonados por tecnologia. E para onde eles forem, com o tempo, atrairão mais e mais usuários e, com eles, as empresas que certamente irão querer desfrutar de mais uma oportunidade de negócios na internet.
Por: Ana Carolina Aguiar
Jornalismo por amor
Isabele Benito completa vinte anos de atuação na área de Comunicação em 2017

A grandeza de Isabele Benito não é referente à altura. Muito pelo contrário. A jornalista apresenta fisicamente uma estatura pequena, porém tem firmeza e confiança ao erguer a voz, que demonstra uma personalidade forte. Uma notável desenvoltura ao se expressar.Ela é apresentadora há cinco anos do jornal diário SBT Rio e completa 20 anos na carreira de Comunicação neste ano.
O amor pelo jornalismo tem raízes profundas. Ela não recorda algum momento da vida em que não pensou em ser jornalista. “Eu já gravava programas de rádio, a minha mãe conta,com uns 5, 7 anos. Também entrevistava a família”, declara. Apesar de um dia já ter sido muito tímida, ela sempre foi curiosa e gostava de perguntar bastante. Aos 17 anos, Isabele iniciou a trajetória nos caminhos da Comunicação Social. Ainda como estudante de Jornalismo na Universidade do Oeste Paulista, trabalhou na Rádio Cultura de Santo Anastácio, cidade onde nasceu. Mesmo jovem, tinha uma potência vocal que merecia destaque pelo diferencial.
Isabele trabalhou durante sete anos na TV Fronteira, emissora afiliada da Rede Globo, na região Presidente Prudente, do interior do estado de São Paulo. Nessa época, ela atuou em diversas áreas do jornalismo, sendo pauteira, repórter, editora, apresentadora. Tudo isso foi fundamental para seu crescimento profissional. A jornalista se mudou para a cidade do Rio de Janeiro por causa da transferência do marido, o gerente financeiro Marcielo Rios, há dez anos. Isabele se encantou pela cidade e se sente muito carioca, apesar de ser natural de São Paulo. Quando chegou ao Rio, recebeu o convite para trabalhar no “SBT Brasil” cobrindo férias, e desde então está na emissora.
Por ter trabalhado anos como repórter, Isabele presenciou inúmeras situações. Ela fez a cobertura jornalística do conflito agrário dos sem-terra com os fazendeiros durante o início dos anos 2000 no Pontal do Paranapanema; esteve presente em um caso de desabamento do metrô em São Paulo, em que houve mortes; cobriu o anúncio da crise do subprime dos EUA e estava na Bolsa de Valores, quando foi setorista de economia. Mas ela afirma que,como repórter, o momento mais marcante não foi feliz. “Eu gostaria de dizer uma reportagem feliz, mas o momento que me vem à mente quando penso em todos esses anos na televisão é justamente a cobertura da tragédia na Serra”, comenta.
Ela estava pelo jornal SBT Brasil quando presenciou as consequências da enchente que devastou cidades da Região Serrana do Rio. A missão dela e da equipe foi bastante difícil e complicada, pois nem os bombeiros e nem nenhuma autoridade conseguiam chegar até o local, mesmo de helicóptero. Tudo que ela sentiu e viu está fortemente marcado. “Nunca vai sair da minha memória. Eu falo isso, inclusive, porque todo mundo diz que foi a maior tragédia natural do país. Eu luto muito contra isso, pois foi algo da natureza que refletiu da ação errada do homem”, comenta. Apesar de episódios como este e das dificuldades da carreira, em nenhum momento a jornalista pensou em largar a profissão.
Apesar de ocupar o cargo de âncora de um jornal atualmente, Isabele afirma que é repórter.”Na verdade, eu sou o repórter. A reportagem para mim é a alma do jornalismo. As coisas acontecem em qualquer lugar do mundo e as pessoas precisam ficar sabendo”. O olhar do repórter diante da sociedade é um privilégio, na concepção de Isabele. “Ele precisa sempre ser muito atento a tudo, apurar os fatos. Isso nenhuma tecnologia tira. A apuração dos fatos,a veracidade deles. Essa é a maior qualidade. E sempre a prática do caráter”, ressalta. Isabele apresenta um diferencial na forma de representar o jornalismo. Há uma maior interação e dinâmica no noticiário que apresenta. “A sociedade defende tanto o advogado humanizado, o médico humanizado. Por que o jornalista não pode ser humanizado também?”, questiona.
Ela não critica quem pratica o jornalismo de maneira diferente da dela, pelo contrário,afirma que cada um defende sua forma de trabalho. No entanto, acredita no jornalismo de opinião, fazendo até uma analogia ao futebol: “O programa é feito por uma equipe e eu apenas faço o gol. Mas existe uma coisa que eu faço sozinha, que é fazer o comentário, dar a minha opinião. Eu assumo a responsabilidade do que comento em cima dos fatos e reportagens no SBT Rio”, explica. Essa liberdade de falar e dar sua opinião é dada pela emissora. “Eu, Isabele Benito, acredito nesse jornalismo”.
Uma visão do jornalismo que, confessa ela, foi transformada por um acontecimento pessoal. Após o nascimento do filho Eduardo, de 5 anos, Isabele afirma que algo que mudou profissionalmente é que quando vê uma reportagem referente a alguma criança, se sensibiliza ainda mais. No fim da conversa, ela comenta a perspectiva que tem em relação à profissão: apresentar um programa de auditório, que, além de ter um caráter jornalístico e informativo, possa ter entretenimento também, para tornar a vida mais leve, já que a população assiste a tanta notícia ruim no dia a dia. É esperar para ver.
Por: Ana Carolina Aguiar
Os novos idosos
A importância da prática de atividade física depois dos 60

Há alguns anos,falar sobre a terceira idade era sinônimo de fraqueza, doença e uma vida mais regrada e sem muita agitação. Mas essa visão está mudando. Hoje, muitos idosos estão começando a vida após os 60 anos, com mais disposição: eles cantam, dançam, escrevem livros, praticam exercícios e vivem por conta própria, sem ajuda dos filhos ou enfermeiros e longe de asilos. A terceira idade de hoje está dando um banho na geração millennial, mostrando que com a combinação de uma boa alimentação e hábitos alimentares, se consegue chegar aos 60, 70, 80, 90 ou até aos 100 com muita disposição e modernidade.
A população idosa no Brasil está crescendo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por volta de 2050, haverá, no Brasil, 73 idosos para cada100 crianças. E com esse aumento, há uma preocupação com a saúde física e mental dos mais velhos. A atividade física na terceira idade tem sido um importante aliado na vida desses idosos, que estão em busca de um estilo de vida saudável. O exercício físico entra como um elemento indispensável, para atrasar o processo de envelhecimento.
O IBGE calcula que hoje a população do país alcança, em média, 74,6 anos. A população demorará ainda algum tempo para chegar até a oitava década. De acordo com o instituto, isso só vai acontecer em 2060, quando a expectativa de vida será de 81,2 anos.
Maria da Conceição Barcelos de Oliveira, que aos 86 anos pratica atividade física todos os dias e se sente bem, viu uma melhora na saúde e muito mais disposição. “Não sinto dores. Todos os dias eu faço hidroginástica e me sinto bem. O movimento me faz bem, pois não gosto de ficar em casa dormindo, o tempo todo deitada. Aqui eu me sinto melhor”, completa a aposentada.
Mesmo com um aumento na expectativa de idosos, a quantidade de especialistas na área tende a cair. No Brasil, atuam em torno de dois mil médicos geriatras. O ideal seria mais oito mil profissionais, sendo um médico geriatra para cada grupo de 563 idosos. A médica geriatra Flávia Lopes, da universidade Unigranrio, explica: “É preciso que haja um aumento na demanda de médicos especializados em geriatria, pois a população tende a envelhecer e precisa de um cuidado maior, além de um atendimento diferenciado.
É fundamental ainda que os futuros médicos, mesmo não sendo geriatras, mas que acabam atendendo esses idosos em clínicas médicas, possam indicar esse idoso que precisa de um atendimento mais a fundo dos especialistas. Mesmo com uma demanda de médicos ainda baixa, muitos idosos vão em busca de uma vida mais saudável e procuram viver ativamente em busca de novas amizades e um bem-estar.
A jovialidade é algo que espanta muitas pessoas que não convivem com esses idosos. As academias, por exemplo, estão cada vez mais repletas de pessoas da terceira idade, e não só praticando atividades na água, como é o caso da hidroginástica, mas também musculação, dança e pilates. Claro, tudo com algumas restrições e sempre acompanhado de um profissional de Educação Física especializado em atividade para os idosos.

A atividade física oferece importantes benefícios à população da terceira idade, tais como prevenção e diminuição de problemas cardiovasculares, pulmonares, auxilio no controle da diabetes, artrite, doenças cardíacas, fortalecimento muscular, manutenção da densidade óssea entre outros benefícios; proporcionando melhorias significativas no equilíbrio, na velocidade de andar, no reflexo, na ingestão alimentar, diminuição da depressão, e prevenindo a tão temida osteoporose e suas consequências degenerativas.
Uma ótima maneira de prevenir futuras doenças da idade é começar pela prevenção, como a aposentada Dione Ferreira, de 78 anos, que faz hidroginástica para retardar os sintomas da Polimialgia Reumática, doença inflamatória que causa dores musculares e rigidez nos ombros e quadris. “Pratico atividade física há dez anos, pois além de proporcionar um bem a minha saúde, me transforma socialmente. Não tenho nenhuma outra doença, adoro fazer principalmente a hidroginástica, estar com as minhas amigas e criar novas amizades. Já fiz alongamento, musculação e agora a hidroginástica me conquistou. Fazer exercícios na piscina me desestressa. Antigamente tinha câimbra, hoje não tenho mais”.
Entre tantas opções de atividades físicas, o ideal é que o idoso escolha uma na qual possa fazer exercícios que agradem e motivem a gerar bem-estar e qualidade de vida, seja musculação, yoga, pilates, caminhada ou natação. A prática regular de atividade física de maneira adequada às necessidades e à realidade física, psicológica e social do idoso pode significar a diferença entre uma vida autônoma ou não.
A atividade física vai além da academia para o aposentado Nilton de Oliveira Pena, de 82 anos. Além de praticar natação em um clube próximo de sua casa, Nilton ainda gosta de nadar no mar, cantar no coral da igreja, fazer jardinagem, arrumar a casa e ainda sobra tempo para escrever um livro. “ Gosto de me sentir útil e ajudar as pessoas a minha volta. Não sou aquele idoso de antigamente que ficava em casa esperando a vida passar, gosto de estar sempre me renovando e quando faço atividade física me sinto mais jovem”, conta, aos risos, Nilton.

Mas muitas pessoas com mais de 60 anos, hoje, são ativas, consomem, praticam esportes, aproveitam oportunidades culturais, produzem e seguem contribuindo para a sociedade. Um exemplo dos novos idosos é a aposentada Maria Sales, de 64 anos, que pratica atividade física, caminha pela manhã e faz exercício na academia da terceira idade, no Bosque da Freguesia, em Jacarepaguá. Ela comemora o fato de a idade estar chegando e o seu corpo estar ficando cada vez melhor. “ Tenho consciência da minha idade e que tenho algumas limitações, mas gosto de estar sempre ativa, cuidar da casa, dos meus filhos e de ter um tempo para cuidar da minha saúde. Sempre que dá vou ao bosque para caminhar e usar a academia da terceira idade para praticar um pouco de exercício que é sempre bom”, completa Maria.
Não existe uma receita para se ter uma velhice saudável e sem susto. Para envelhecer com saúde e bem-estar é preciso começar a tomar algumas atitudes ainda jovem. Não fumar, não beber ou beber com moderação, fazer exercícios e se alimentar bem são itens essenciais para quem quer ter uma vida mais tranquila e sem problemas na velhice. E sempre que for começar alguma atividade física, procurar ajuda com um profissional de Educação Física qualificado para atividade com idosos e ir regularmente ao médico para fazer exames de rotina.
Por: Ana Carolina Sales
Vinícius Augusto de Carvalho
Como o sonho de trabalhar na maior empresa de televisão do Brasil se tornou realidade

Em uma tarde de quarta-feira, nos estúdios Globo, o editor dos programas da emissora carioca Vinicius Augusto Carvalho, conhecido no meio de trabalho por Vini, vence a timidez para revelar como transformou seu sonho em realidade. Aos 36 anos, ele conta que, desde mais jovem, por gostar muito de televisão, filme e cinema, optou por cursar Jornalismo. Estudou na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, e logo conheceu a área de televisão. Ficou encantado por esse universo. E seu sonho sempre foi trabalhar na Rede Globo.
Filho de pai médico e mãe farmacêutica, não foi desmotivado a seguir com a carreira de jornalista. Sempre foi apoiado, mas com um pé atrás, pois a área escolhida pelo filho era desconhecida para os pais. Queriam que ele, claro, escolhesse algo relacionado à área em que eles atuavam. Era mais um receio do que desaprovação.
Já no último período do curso de Jornalismo, Vinícius veio para o Rio de Janeiro para fazer uma pesquisa para o trabalho de conclusão. Entrevistou algumas pessoas do ramo de marketing digital, foi até a Rede Globo no Jardim Botânico. A partir do momento em que ele estava dentro da empresa em que ele tinha o sonho de trabalhar, se colocou à disposição para ouvir os profissionais que ele admirava e tentar conseguir seu lugar dentro da emissora. Mesmo tendo cursado Jornalismo, não seguiu uma carreira de repórter ou algo da área. Pediu para que fosse apresentado às pessoas responsáveis pela área de edição, que era o que ele gostava de fazer na televisão.
Mostrou que estava pronto para trabalhar na emissora, demonstrou já ter conhecimento, pois editava alguns produtos na faculdade e já tinha feito projetos na área. Deixou o currículo, mas sem muita esperança que fosse chamado. Depois de seis meses, recebeu um convite para participar de um processo seletivo da Globo. Foi aprovado e trabalhou na edição de produtos jornalísticos do canal de 2005 até 2016, passando por quase todos os produtos da casa: Globo News, Fantástico, Bom Dia Brasil e Jornal Nacional.
Em 2016, resolveu sair da correria do hard News da Globo News e foi para os Estúdios Globo (antigo Projac), onde pôde trabalhar com produtos que não fossem só o jornalismo diário, sem muito frenesi. Já ocupando um novo local de trabalho, Vinicius começou a editar programas de variedade como Mais Você, Encontro, É de Casa. Ficou por muito tempo como editor do Globo Universidade e já está trabalhando nessa nova área há um ano e meio.
“O dia a dia de quem trabalha com edição não é moleza, não. O editor raramente acompanha as gravações, pois o fluxo de material é muito intenso. Ele recebe o material bruto, o roteiro e o briefing do que a direção quer que seja editado”, explica. Um dia de trabalho começa com ele pegando a pauta do dia, vendo o que vai ter que editar, analisando e começando a montar para entregar no fim do dia. “Você só edita, edita e edita”, brinca.
Mas além de trabalhar como editor da Rede Globo, Vinicius é professor de Produção e Edição de Vídeo no curso de Jornalismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) desde 2013. Por sempre gostar de estudar, manteve a carreira acadêmica paralela à carreira profissional. Além disso, fez especialização em Marketing Digital, MBA em TV digital e mestrado em Economia Criativa. Vinicius vai levando as duas carreiras, pois gosta de ensinar e trocar experiências com os alunos. “Gosto de dar aula e de estar junto da galera que está começando a entrar nesse mundo. Acho muito promissor. São pessoas que fizeram a mesma escolha que eu, então me envolvo bastante”, completa o professor.
Para quem pensa em seguir na profissão de editor, Vinicius garante que vale a pena investir na formação. “Você não precisa sequer ter a formação superior. Hoje em dia é interessante estudar e se aprimorar”, destaca o editor. Para entrar no mercado de trabalho da Rede Globo, por exemplo, o profissional tem que saber operar os editores de vídeos que a emissora exige. A partir do momento em que você sabe editar, você entra no mercado de trabalho. Mesmo ainda estudando Jornalismo. Conselhos que todo estudante que quer trabalhar com vídeo deve guardar e procurar seguir.
Por Anna Carolina Sales
Diego Moraes – Do Brasil a Tóquio
O atleta que se tornou jornalista

Um homem, duas paixões. O Karatê, desde muito tempo, esteve presente na vida de Diego Moraes. A vontade de ser jornalista veio na adolescência. O amor pelo esporte uniu ambos. Vice-campeão mundial aos 10 anos, o Karateca de Macaé, interior do Rio de Janeiro, hoje, aos 29 anos, acaba de ser estrela na sua própria série sobre a arte marcial no Globo Esporte.
Quando criança, Diego participava de competições de Karatê, conquistou muitos títulos e chegou até a viajar. Era classificado como um atleta de alto rendimento. A escolha da profissão aconteceu aos 15 anos, quando cursava o 1º ano do Ensino Médio. As opções que lhe sugeriam eram sempre contrárias: por que não Engenharia Química ou Educação Física? Mas como ele gostava de ler, escrever e contar histórias, o interesse pelo Jornalismo surgiu como um jeito de continuar no meio esportivo. Começou a fazer cursos de Inglês e Informática enquanto, paralelamente, treinava.
Estudou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RJ). O incentivo de sua mãe foi de extrema importância para a decisão. “A minha mãe sempre foi o meu braço direito. Se eu estou onde estou hoje, é por causa dela”, conta o jornalista. Ela economizou sessenta reais por mês durante dez anos para investir em uma boa formação para o filho, mas este dinheiro só durou por um semestre na PUC. Desistir não era uma opção. Por meio de uma bolsa de estudos, Diego conseguiu continuar estudando. Com um ano de curso, passou para um estágio e entrou para a TV PUC.
No 4° período da faculdade, candidatou-se a um processo seletivo para o Globoesporte.com. Como não poderia passar, já que a exigência era estar no 5º período, ele tentou apenas como um teste. No semestre seguinte, Diego foi aprovado no estágio na TV Globo. Neste momento, ele teve que pensar rápido e soube mostrar o que tinha de diferente: ser atleta, um Karateca. “O principal no mercado é saber se vender”. A arte marcial abriu caminhos para a carreira dele como jornalista. Inclusive, a primeira pauta que vendeu foi sobre Karatê.
A sintonia entre ele e os colegas de trabalho fez com que tudo funcionasse bem e serviu de lição. “Nessa primeira saída, percebi o quanto a equipe é importante”. O segundo aprendizado com o jornalismo foi não ir sempre pelo que os outros dizem. Quando se está produzindo uma matéria, deve-se estar ligado a tudo o que acontece em volta. “Se você tem um feeling e acha que pode dar certo, fique até o fim”.
Com o intuito de se moldar para ser repórter de rádio, ficou por um tempo na CBN. Mas a vida sempre surpreende. O chefe de reportagem disse que ele estava fora. “Eu vim para o mundo do rádio para pegar mais bagagem para a TV”. Em 2009, entrou na Globo, não mais como estagiário, e foi lá que se tornou repórter. Ele fala que não entrou na faculdade com essa intenção, pois só queria contar histórias e tentar ajudar, de alguma forma, as pessoas com o jornalismo.
Às vezes é preciso abrir mão de algumas situações para que outras aconteçam. Não foi diferente na relação de Diego com a arte marcial. Depois que começou a faculdade, ficou 11 anos sem treinar. Acabou optando pelo Jornalismo porque os horários das aulas batiam com os dos treinos. O motivo pelo qual voltou a praticar foi para ter um pouco mais de espaço na profissão. O Karatê virou esporte olímpico e ele viu isso como uma oportunidade de juntar as duas atividades.
O conhecimento que adquiriu como jornalista faz diferença no perfil de Diego como atleta. “No sentido de estar atento, no jornalismo, você precisa estar o tempo todo ligado nas minúcias, principalmente no esporte. Então, toda hora que eu filmo a minha luta, já sei o que estou errando ou acertando”. Para ele, todo mundo vê detalhes, mas o jornalista tem um faro de observação.
Em outubro de 2016, começou o projeto com um amigo cinegrafista. Conseguiu ajuda de uma produtora para gravar os vídeos e editou todo o material do piloto. Foi assim que vendeu a proposta. Nos três primeiros meses, a Globo não sabia. Por isso, Diego teve que contar com o apoio do fisioterapeuta e do preparador físico para que eles entendessem sua rotina maluca. A preparação física começava às 6 horas da manhã, pois esse horário não influenciava no trabalho. “Segunda, quarta e sexta eu trabalho à tarde. Terça e quinta, de manhã. Assim consigo organizar meu horário para treinar”.
Apesar de toda a agitação, não é difícil perceber que Diego se enche de orgulho pelas duas atividades. “Não tenho preferência, porque o Karatê foi o meu diferencial na hora da entrevista da Globo. Hoje é o que me diferencia como repórter. Uma coisa está ligada à outra”. Para ele, a arte marcial é o ponto inicial na reportagem. Quando um atleta se torna jornalista, o resultado não poderia ser diferente.
Por Bárbara Faria
Uma nova forma de viver a vida
A sociedade vegana cresce no Brasil
Não basta apenas mudar o cardápio, e sim o estilo de vida. Ser vegetariano não é nenhuma novidade: cerca de 8% da população já pratica esse hábito. Mas o veganismo, desconhecido até pouco tempo pela maioria da população, aumentou no Brasil. Muitos aderiram a essa nova forma de viver por diferentes questões: religião, saúde, ética ou até pelo meio ambiente.
A prática vegana vai além do vegetarianismo: é não comer, não usar e não tolerar nenhuma maldade ou exploração animal, na medida do possível e do praticável. Afinal, maus-tratos aos animais não são encontrados apenas na comida, estão em todos os lugares. Roupas, sapatos, bolsas, zoológico e até cosméticos trazem vestígios de crueldade. A famosa ativista animal Luísa Mell, adepta desse comportamento há quinze anos, não tem nem mesmo um passarinho preso dentro de casa.
Para muitas pessoas, embarcar nesse mundo é considerado um grande desafio. Segundo o inspetor de solda Wanderlei Santos, de 48 anos, não tem como tirar a carne do cardápio, pois foi muito importante para a evolução humana. “Se virar vegetariano é algo difícil, imagina mudar radicalmente a minha vida”. Os médicos garantem que esse tipo de proteína é essencial para a nutrição, porém, já foi comprovado que ela pode ser substituída, basta dar uma atenção maior à saúde.
A nutricionista Tayane Dias, de 27 anos, certifica que a carne pode ser substituída por fontes vegetais. “Só devemos ficar atentos à vitamina B12, que não é encontrada no reino vegetal, e deve ser suplementada”. A especialista destaca, porém, que a deficiência de alguns nutrientes, até mesmo de proteína animal, pode ocorrer em quem é onívoro, ou seja pessoas que se alimentam de carnes e seus derivados.
O ator Mateus Penna, de 26 anos, pratica esse estilo há um ano, e confessa que está sendo tranquilo. “É muito fácil ser vegano, difícil é ser bicho”. Mas explica que nada vem de mão beijada. “Para sustentar valores em que acreditamos, é preciso se dedicar”. Ele afirma que a saúde melhorou e que se sente mais calmo e menos ansioso, até financeiramente progrediu. “Não precisei consumir produtos caros e de difícil acesso”.
Já para Giseli Balestreri, de 25 anos, não foi tão simples mudar os hábitos. Por morar sozinha, trabalhar e ainda estudar, tinha pouco tempo para preparar as refeições, por isso não conseguia manter o veganismo e voltou a ser vegetariana. “Eu não tinha tempo para dar atenção a minha alimentação, e quem não tem tempo, demanda muito dinheiro”.
A jovem reconhece que a saúde ficou prejudicada. “Como eu fazia muitas coisas no óleo, acabei pecando na ingestão de alimentos gordurosos, então meu colesterol disparou”. A endocrinologista Carolina Bastos, de 37 anos, recomenda que os pacientes que desejam aderir a essa dieta precisam ser acompanhados por profissionais qualificados. “É importante ficar muito atento à saúde, realizar exames regularmente e usar suplementos nutricionais”.
Apesar de não conseguir manter, Giseli confessa ter tido uma boa experiência, e se um dia tiver condições para embarcar nesse estilo de vida novamente, ela admite que tentará uma segunda vez. “Hoje eu amo cozinhar, existe uma gastronomia por trás do veganismo que pouquíssimos conhecem e que faz um bem enorme para a saúde e para o meio ambiente”, conclui.
Essa gastronomia até pouco tempo desconhecida já conquistou espaço e mostrou seu poder pelo mundo. Só aqui no Brasil, o mercado vegano cresce 40% ao ano. A Delili Vegan é um delivery que trabalha com a entrega desse tipo de produtos, e até quem não faz essa dieta é cliente da loja.
Por ser uma culinária trabalhosa, muitos recorrem a refeições já prontas, que, dependendo do lugar, podem ter um preço razoável. Para Elisete Arão, de 62 anos, vegana há cinco anos e cozinheira do Delili Vegan, os produtos não costumam ter um custo muito alto. “Como a maioria dos produtos é natural, acaba saindo mais barato”. Algo que antigamente era considerado radical hoje é mais simples e acessível.
Por conta de suas escolhas, muitos rotulam os veganos como radicais, naturebas ou até malucos. A médica pediatra com atuação em Nutrologia, Laura Ohana, de 36 anos, mergulhou nesse mundo há quatro anos e meio, e explica que escolheu isso para vida por motivos éticos. “Não entendo como as pessoas veem isso como algo radical, se fazemos isso pelo bem do outro”.
Por outro lado, Mateus desmistifica essa ideia “natureba”. “Gosto de ver quando quebram o preconceito de achar que quem é vegano é zen, sem gosto e só come alface”. Admite que a alimentação dele é igual à de todo mundo: come pizza, hambúrguer, qualquer tipo de junk food. “As minhas versões dessas comidas ficam incríveis, e tem algumas pessoas que nem percebem”.
Grande parte da população acredita que a prática vegana é algo novo, porém, o que poucos sabem é que isso começou no início do século XX, em um debate entre os vegetarianos. Mas com o fácil acesso à informação que se tem hoje, está sendo mais simples compreender o que é veganismo. O que antes era um tabu, hoje está se tornando uma realidade.
Por Bruna Barros
A vida de uma jovem no mundo digital
Ariel Martins mostra como é seu mundo real por trás das câmeras
Comunicativa, familiar e sonhadora são algumas das qualidades da youtuber e estudante de Arquitetura Ariel Martins, de 22 anos. Com quase cinquenta mil seguidores no Youtube e mais de dez mil no Instagram, ela compartilha um pouco do seu dia a dia e também dá dicas sobre maquiagem, decoração e organização. Ela já conquistou fãs no Brasil todo, e seu canal vem crescendo cada vez mais.
Apesar de levar o canal a sério, ele no momento é apenas um hobby. Ela dedica a maior parte do tempo à faculdade. A paixão por arquitetura não veio desde pequena, e Ariel já mudou de profissão várias vezes. Mas com o passar do tempo, foi percebendo que tinha gosto por decoração e que sempre adorou ler revistas que abordavam esse tema.
Aos 17 anos começou a fazer curso técnico em Design de Interiores no Senac, e foi então que percebeu o que realmente gostava. Para ter uma formação mais ampla, a influenciadora digital começou a cursar arquitetura na Unigranrio aos 18 anos, e agora está perto de se formar. “O que mais me encanta no curso é ver como tem todo um estudo e um planejamento para chegar a um projeto final de uma casa”.
Cursar o antepenúltimo período de Arquitetura e ainda conciliar com a vida virtual não é uma tarefa fácil e Ariel teve que reduzir a frequência dos vídeos. “Costumo me dedicar às quintas-feiras ao canal, que é o único dia da semana em que não vou à faculdade, e os vídeos entram no ar aos domingos”. Ela confessa que já pensou em desistir por conta dos estudos, mas a paixão em se comunicar e compartilhar conhecimento com os outros é mais forte.
O conteúdo do canal no Youtube é bem variado. Começou inicialmente dando dicas, e, apesar de não ser maquiadora, gosta de falar sobre maquiagem. Mas o que ela mais gosta hoje é de fazer Vlogs. “As pessoas gostam mais desse tipo de vídeo, e também é mais fácil para mim, pois para gravar um vlog eu não preciso deixar de cumprir outras obrigações”. Seu plano é um dia conseguir unir sua formação como arquiteta com o canal, assim faria as duas atividades que mais ama.
Expor sua vida para milhares de pessoas pode trazer resultados negativos, entretanto Ariel afirma não receber muitos comentários maldosos. “Meus seguidores sempre foram tranquilos, às vezes tem um ou outro comentário negativo”. Blogueiras mais conhecidas costumam receber bastante crítica destrutiva, mas ela confessa ainda não estar preparada para isso.
E ninguém diz que a jovem que adora fazer vídeos e falar com milhares de pessoas, por trás da câmera, é tímida. “Cheguei a postar dois vídeos no canal, e parei por conta da timidez, só em fevereiro desse ano resolvi voltar com tudo”. Mas, por ser muito comunicativa, Ariel acaba tendo facilidade em se soltar.
Foi com o incentivo dos amigos que começou a trabalhar no Youtube. “Eu sempre gostei de ensinar, dar dicas, e meus amigos começaram a falar que eu levava jeito nisso”. E como sempre confiou em seus amigos, ela seguiu o conselho e criou o canal, que vem trazendo ótimos resultados.
Ariel sempre foi de muitos amigos, porém, com o tempo, ela foi percebendo em quem realmente pode confiar. Por ela ter se tornado uma figura pública, surgiram aquelas pessoas que querem forçar algo que não existe, mas Ariel sabe quem é amigo de verdade e quem sempre esteve com ela. “O que eu mais valorizo na amizade é a fidelidade, o companheirismo”. Ela admite que no seu tempo livre adora sair, principalmente para um barzinho com os amigos.
Mas a blogueira não sai desacompanhada. Está há um ano noiva de Alexsandro, mais conhecido como Alex, de 22 anos. Eles se conheceram na sexta série e estão juntos há nove anos. Ela confessa que no início era muita briga, porém, com o amadurecimento, o relacionamento foi melhorando. “O que eu mais admiro no Alex é a forma que ele trata a família, e ele sempre faz tudo para me agradar”. A apaixonada revela que sonha em construir uma família com ele.
A família sempre foi uma questão muito importante para a Youtuber. Criada pela mãe Adriana e pela avó Bel, ela sempre valorizou muito estar perto de quem realmente ama. Adora ser filha única e receber toda a atenção da família, nunca sentiu falta de um irmão, e pretende ter filho único também. “Acho que o bom mesmo é ter primo, se você brigar, cada um vai para a sua casa e ninguém precisa aturar ninguém”, ri.
Quando está em casa, ela não gosta de ver bagunça, sempre está arrumando tudo. E para relaxar, adora ver um filme, principalmente nacional. “ Eu tenho um gosto meio exótico com filme. O meu favorito é o “Era Uma Vez”, de Breno Silveira”. A blogueira confessa ser bastante emotiva, não só nos filmes, mas em qualquer situação.
Ariel – que nasceu no dia 14 de abril de 1995 – estuda, se diverte, namora e sonha como qualquer jovem. Seu diferencial é que tudo que ela aprende ela quer compartilhar com o mundo. Para ela, a felicidade não é algo material ou algo que se compre. “Ser feliz é estar bem comigo mesma, e rodeada de pessoas especiais”.
Por Bruna Barros
Perfil profissional do cantor Rafah Garcez
Nunca é tarde para recomeçar

Tudo começou em 1993, na garagem da casa de Rafael Garcez, mais conhecido como Rafah, onde seu tio Elias teve a ideia de formar uma banda chamada “Que beleza”. E no seu quintal aconteciam muitos ensaios a que ele assistia, ansioso para tomar o microfone e soltar sua primeira nota. Mas por ser muito jovem, não o deixavam participar, até que um dia, depois de muita insistência, enfim ele pôde cantar uma música e acabou surpreendendo.
Na adolescência, seus tios sempre o levavam para assistir a shows, e ele ficava fascinado com aquele universo, achava tudo muito mágico. “Eu via tudo acontecer, a junção dos instrumentos e toda a magia da música, e meus olhos brilhavam”. E até hoje ele carrega consigo essa bandeira. Muitos dos integrantes da banda já desistiram, e Rafah foi o único que deu continuidade à carreira musical.
Começou a cantar profissionalmente quando foi chamado para participar da banda “Grupo Compasso”, com a qual gravou seu primeiro disco. “Com o grupo a música começou a se tornar coisa séria. Com eles que entrei pela primeira vez em um estúdio, comecei a potencializar a minha voz e a participar dessa fábrica de sonhos que é a música e todo processo de gravação”.
Ao longo de sua vida, ele aprendeu nas ruas, na prática, a cantar. E hoje, além de praticar, está se aprofundando na teoria, estudando música para progredir. “Minha relação com a música é como se fosse um casamento, algo que é mais forte do que a razão, que faz com que eu me sinta vivo, me sinta importante, é um incentivo a continuar buscando aprimorar meu talento”.
A música sempre foi algo positivo para Rafah, que afirma nunca ter atrapalhado sua vida pessoal, pois sempre teve apoio familiar, tanto dos pais, quantos dos irmãos, tios e da sua mulher, e se sente muito agradecido por isso. Em momentos de fraqueza, a família sempre serviu de incentivo para ele continuar, principalmente seu pai. E esse incentivo é um combustível para querer melhorar e seguir com o dom que foi dado a ele.
Rafah diz se inspirar no cantor Djavan, por ser um grande compositor, instrumentista, intérprete, e na maneira com que ele interpreta a música, com tamanha autenticidade, sentimento e emoção. Tudo isso o inspira a mostrar também sua verdade quando canta.

Rafah participou do The Voice Brasil em 2012, no qual teve seu talento reconhecido pelas quatro cadeiras que vivaram. Ele acabou escolhendo Carlinhos Brown como seu mentor. “Foi um divisor de águas. Conheci pessoas, amadureci algumas ideias, foi uma experiência maravilhosa que trago comigo até hoje em tudo que faço voltado para minha carreira.”

A aprovação no The Voice foi uma grande surpresa para Rafah, já que estava havia quatro anos parado, desestimulado em seguir a carreira, até que surgiu esta oportunidade para estimulá-lo a continuar. E desde o programa até hoje, ele está buscando diariamente um espaço para progredir na música. No tempo em que sua carreira estava parada, procurou Jhama, um dos integrantes do grupo “Trio Ternura”, e relatou um pouco do que estava acontecendo na sua vida, e eles conversaram sobre potencializar seu talento musical e artístico.

Duas semanas depois, Rafah ficou sabendo da inscrição do The Voice Brasil, Jhama o ajudou a fazer os vídeos, e no fim deu tudo certo. Logo após, Thiago Martins, outro integrante do Trio, anunciou sua saída da banda, e como amigo, Jhama não pensou duas vezes em chamar Rafah para participar do grupo e aproveitar a fase interessante que ele estava vivendo no programa, que iria agregar bastante no Trio.

Participar do “Trio Ternura” enriqueceu bastante sua carreira: ele viajou para quase todo o Brasil e teve muitas experiências legais. “Aprendi sobre logística de banda, produção, e tudo isso me encantava, desde quando saia de casa com as malas até chegar ao destino e fazer um baita show. Eu curtia cada momento, o taxi, o aeroporto, a estadia em hotéis, as horas passavam e eu não sentia. Quando você faz o que ama não tem preço”.

Rafah destaca a importância que o “Trio Ternura” significou para sua vida profissional, e deixa claro que cada detalhe e esforço contribuíram para que hoje ele estivesse mais maduro musicalmente. “O Trio foi a continuidade de ter participado de um reality de uma dimensão tão extraordinária, foi como um estágio para que hoje eu estivesse mais tranquilo e seguro do que eu quero para minha carreira”.
O projeto “Trio Ternura” acabou em 2015, quando cada um de seus integrantes teve uma ideia individual de carreira, de sonhos e ideais, por isso acharam melhor seguir cada qual da sua maneira, seu estilo, visando trazer paz e satisfação para todos. Rafah, que tinha muito carinho pelo projeto, não queria que ele acabasse, porém diz que foi necessário para rever alguns conceitos e melhorar no futuro. “Quando as ideias se cruzam, às vezes é melhor dar um passo para trás para enxergar o que você quer para sua vida”.
Hoje, aos 35 anos, Rafah segue carreira solo, lançando seu novo disco, chamado “Só Deus pode abençoar”, de samba e pagode, que foi uma promessa que fez aos fãs, que cobravam um trabalho desse gênero, já que no The Voice Brasil ele cantou esse repertório, e assim conquistou muitos amantes do samba. Logo que saiu do programa, ele entrou no projeto do Trio, que era mais voltado para o pop, e agora ele está realizando o desejo não só dele, mas também das pessoas que acompanham sua carreira há um tempo.

Rafah segue carreira solo lançando seu novo álbum – Foto: divulgação
Ele defende que é muito feliz fazendo o que gosta, vivendo da música, e assegura que não sente o cansaço nem o tempo passar, que encontra satisfação do início ao fim. E mesmo sendo uma tarefa difícil viver da arte, ele não se imagina fazendo nada que não seja cantar. No disco recente que Rafah gravou, há um trecho de uma música que fala que nunca é tarde para recomeçar, que o inspira sempre a não desistir de alcançar o sucesso e a realização pessoal.
O maior sonho profissional de Rafah é viver de fato totalmente de música, e progredir por intermédio do estudo, das experiências e da maturidade adquirida com o tempo. “Eu peço todos os dias a Deus que ele me dê sabedoria para sempre querer buscar mais conhecimento, e crescer cada vez mais dentro da arte e fazer jus ao talento e ao dom que ele me deu. E que isso me traga o necessário para vida. Esse é o meu maior sonho”.

Por Carolina Simões
De Minas Gerais para o mar
A mineira Isabela Souza estreia como atriz na nova série de surf do Disney Channel
Cabelos compridos e ondulados, pele bronzeada e corpo atlético. É assim que Isabela Souza dá vida à personagem Brida, na nova série brasileira do Disney Channel, “Juacas”. A atriz, de apenas 19 anos, precisou reestabelecer a rotina e a alimentação para atuar como surfista nas cenas. Ela nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e devido ao trabalho do pai, se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a buscar por uma carreira artística. Após algumas dificuldades, conseguiu o primeiro papel e viu a vida se transformar.
Essas dificuldades foram os diversos “nãos” que recebeu nas audições para outros papeis. Inicialmente, o plano era trabalhar como modelo. Após um tempo sem sucesso, o agente, que a orientava na época, indicou iniciar aulas de teatro, pois ela não tinha altura suficiente para o padrão do mercado de moda. “Eu entrei para o curso e me apaixonei! Foi uma ótima escolha, que acabou me ajudando até na timidez”. Assim, surgiram testes para comerciais, novelas, filmes e até conseguiu um para Disney Channel, mas não teve sucesso.
Aos 16 anos, Isabela foi para mais uma audição nessa empresa, dessa vez, para uma série praiana. Mais velha, mesmo com uma experiência maior, ainda ficou um pouco receosa, por achar que não tinha o perfil da personagem. Alguns meses se passaram, ela já tinha esquecido desse teste, até que recebeu uma ligação do agente, que avisou que ela estava entre as três preferidas. “Eu fiquei sem ação! Tinha passado tanto tempo, e do nada, eu estava a um passo de realizar um sonho”, emociona-se.
Quando recebeu essa notícia de que seria uma das novas estrelas do maior canal infantil internacional, não conseguiu ter a noção de como a vida mudaria. Todos da equipe precisaram aprender a surfar, já que não usam dublês nas cenas. Ou seja, um cotidiano regrado de exercícios e treinos era obrigatório. No aniversário de 18 anos, se mudou para Florianópolis e iniciou um processo de três meses com aulas de surf. “Foi um período complicado, porque eu nunca tinha surfado e sou muito perfeccionista, então eu dava o máximo de mim todos os dias”, conta.
Após esse período, as gravações em Itacaré na Bahia duraram um ano. Era a primeira vez que ficava longe da família, e afirma que foi um momento de muita ansiedade, pois não conhecia ninguém com quem iria dividir a nova locação. “Eu sou bem tímida, então demorei duas semanas para pegar intimidade com o pessoal, mas depois tudo deu certo e todo mundo ficou bem amigo”. O clima na casa foi de descontração e tranquilidade, algo que impressionou até as pessoas da produção, que já haviam tido outras experiências e que não foram muito amigáveis.
Nesse convívio, Isabela ficou muito próxima de Larissa Murai, que interpreta a Leilane na série. Elas se ajudavam nas dietas e exercícios diários, pois a amiga já estava acostumada a esse estilo de vida havia algum tempo. Porém, admite que as comidas baianas eram difíceis de aguentar. “Sempre acabávamos comendo um bolo de cacau maravilhoso que tinha por lá”, brinca. Ela tenta manter essa alimentação balanceada até hoje, para a saúde e até mesmo para possíveis novos testes.
Depois que a série foi lançada, pequenas mudanças ocorreram e ela passou a ser reconhecida na rua. A primeira vez que isso aconteceu foi na peça de teatro do colega de trabalho Eike Duarte, na qual duas meninas perceberam que era a “Brida” e pediram uma foto. “Eu parecia estar mais animada que elas! Nem acreditei que aquilo estava acontecendo comigo, elas foram fofas demais”, relembra. Segundo ela, o feedback é incrível, mas é uma grande responsabilidade, pois é um público jovem, que encara os atores do show como exemplos, ou seja, é preciso que eles passem uma boa imagem.
Isso não foi problema para ela, que releva não gostar de sair à noite ou consumir álcool. “Sou mais sossegada, faço parte de uma igreja evangélica, então procuro melhorar meu lado espiritual e pessoal a cada dia”. A irmã mais nova e o irmão mais velho são as companhias preferidas de Isabela, sempre apoiaram a carreira e ainda acompanham às idas à praia, cinema e restaurantes. “Sou muito próxima dos meus irmãos. A minha irmãzinha ainda é minha fotógrafa oficial, só ela sabe tirar do jeito que gosto”, completa.
Além de amar ser fotografada, ela também gosta de retratar imagens autorais como um hobbie. Também é apaixonada por música e, apesar de ser tímida para cantar em público, às vezes divulga vídeos no Instagram tocando ukulele – instrumento de corda havaiano. Atualmente, a jovem tenta conciliar a faculdade à distância de Marketing, a jornada de atriz e um tempo de descontração. Agora que “Juacas” estreou no canal aberto da SBT, toda a equipe aguarda pelo sucesso para confirmarem as gravações da segunda temporada. “Já estou pronta para colocar a prancha no mar novamente!”
Por Giovanna Faria
Terapia em um clique
A tecnologia como tratamento para TDA ganha espaço virtual
Eles estão em todos os lugares. Os aplicativos de smartphones, com seus diversos estilos e funções para cada público, apresentam uma nova opção para um grupo específico: os que sofrem de Transtorno de Ansiedade (TDA). Síndromes do pânico, preocupação excessiva, medo constante e inquietude são alguns dos sintomas dessa doença que tem se agravado no Brasil. De acordo com os últimos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apresentados em 27 de fevereiro de 2017, o número de pessoas com depressão aumentou em 18% entre 2005 e 2015.
Por conta do aumento dessa porcentagem, muitos recorrem ao uso das tecnologias. Seja para intercalar com terapias, visitas ao psicólogo ou usos de remédios, jovens universitários buscam na internet uma possibilidade para amenizar o sofrimento causado pela ansiedade excessiva. Com a imensa variedade de apps, gratuitos ou pagos, estes prometem ajudar o usuário a se acalmar em uma situação tensa ou em um dia rotineiro.
É o caso da estudante de Economia Rebeca Vitelbo, de 19 anos, que afirma ter utilizado desse meio durante um mês para auxiliar no tratamento com a psicóloga. Ela conheceu Cogni, uma plataforma que permite registrar emoções seguindo a abordagem da Terapia Cognitiva – Comportamental (TCC), por indicação da terapeuta. Entretanto, confessa que sentiu dificuldades em escrever no celular e resolveu desinstalar. “Acho que o papel me ajuda a me concentrar melhor e me deixa mais à vontade”.
Outra que passou pelo mesmo problema com aplicativos foi a aluna de Jornalismo Tayane Fernandes Guimarães, 20, que há dois anos lida com esse transtorno. Ela explica que apesar de apresentar métodos interessantes, como meditação, escrita terapêutica e dicas para se acalmar, o Querida Ansiedade não proporcionou a assistência de que precisava. “Quando estava passando por alguma crise, a última coisa que me lembrava de fazer era pegar o celular e ver o app. Não é como um compromisso que você tem hora marcada com o profissional e paga pelo serviço e pela sua melhora”, desabafa.
Graciane Campos terapeuta Thetahealing, ligada à cura energética do corpo e alma, analisa que os recursos tecnológicos usados de forma superficial podem servir de apoio em alguns casos, mas não como substituto da terapia. “Se for utilizado como único recurso, pode prejudicar e agravar o problema, dando a falsa sensação de que é o suficiente”. Além disso, enfatiza que a necessidade do indivíduo de usar as redes sociais depende do grau de ansiedade e de como ele encara isso. “Vira um problema quando a simples vontade de olhar o Facebook ou Instagram se torna algo prolongado”.
Esse apego de querer ficar horas no celular apenas para passar com os dedos na tela pode se tornar um vício se não for identificado. A universitária de Jornalismo Bruna Barros, de 19 anos, revela que o computador incentiva o desejo de estar conectado nas mídias sociais. “A gente precisa estar sempre vendo alguma coisa na internet e isso gera ansiedade, porque você quer ver quantas pessoas curtiram sua foto”, exclama. Nesse caso, Graciane recomenda que é fundamental buscar ajuda. “Um aplicativo não acompanhará todo o processo de um paciente com o mesmo cuidado que um profissional qualificado”.
Da mesma forma, as criadoras do Be Okay (2016), e alunas da Pontifícia Universidade Católica, do Rio de Janeiro (PUC- Rio), Gabriella Lopes, 21, Helena Leitão e Ana Luiza Ferrer, ambas de 22 anos, reforçam que o aplicativo é apenas um auxílio do acompanhamento médico. “O usuário pode registrar as crises em um calendário, dessa forma, ele é capaz de entender melhor os próprios ataques de pânico e compartilhar essas informações com os profissionais de saúde”, complementa Gabriella. O diferencial nesse caso é que não se restringe aos que têm TDA, mas àqueles que também procuram uma vida mais tranquila.
Quem também é adepta do uso das tecnologias é Mariana Romariz, 21, que faz Publicidade e trabalha em uma agência de marketing digital como social media. Além de fazer terapia quinzenalmente e usar medicamentos como ansiolítico e antidepressivo, ela faz uso de aplicativos que possam auxiliá-la durante uma crise. “Tento me distrair com aplicativos de jogos ou até de conversas. Retiro tudo que possa me deixar mais ansiosa, como ‘visto por último’ e confirmação de leitura. Acredito que isso me auxilia a controlar a ansiedade”.
As distrações, embora sedutoras quando se está no mundo virtual, são momentâneas e incapazes de substituir um recurso terapêutico, segundo Bruna. “Você precisa de uma atenção maior, ser prioritário. Você precisa ter um atendimento mais humanizado”. Outros fatores negativos são informações falsas que podem se passar por verdadeiras. “Pode ser perigoso, porque lá a gente pode botar tudo o que quiser. Apesar de haver sites que são formados por psicólogos, também existem os que não têm fundamento nenhum, e, com isso, acabar prejudicando alguém”.
Com essa percepção de identificar e filtrar o que é verdade no mundo online, se faz útil trazer um olhar mais delicado para a realidade de cada um. Os que sofrem de TDA, muitas vezes, têm que lidar com mais um empecilho: a rejeição do outro. “É uma doença invisível e silenciosa, mas está lá. E ganha cada vez mais força ao ouvir que ‘é bobeira’ ou ‘coisa da sua cabeça’. Então, acredito que falta empatia e mais conhecimento sobre transtornos emocionais. Assim a sociedade vai se conscientizar e levar a sério”, conclui Tayane.
Por Isabelle Amancio
Compartilhar sonhos
A atriz Gabriella Barletta divide experiências e sonhos por meio do vlog
Com espontaneidade e sem timidez. É dessa forma que a vlogueira Gabriella Barletta, de 20 anos, define o jeito de se apresentar diante das câmeras quando grava para seu canal no Youtube. Com o desejo de criar uma conta nessa plataforma de vídeos e compartilhar histórias do cotidiano, desde pequena, ela já assistia a tutoriais de maquiagens para poder ensinar aos outros. Foi assim que o vlog foi crescendo e hoje conta com mais de cinco mil inscritos em seu perfil.
Desde “comprinhas baratas” até “playlists sertanejas”, Gabriella procura abordar conteúdos diferentes para quem a segue. “Tento também sempre variar os temas para conseguir atender ao máximo de pessoas e gostos”, enfatiza. Por ter uma vida agitada, devidos aos estudos e ao teatro que faz desde que tinha 7 anos, ela confessa que às vezes é complicado para gravar. “Tento ter no mínimo um vídeo por semana. Como a minha rotina é muito corrida, é bem difícil, mas me esforço muito”.
Além disso, a vlogueira – que começou a trajetória no fim de 2014, ao postar o primeiro vídeo mostrando os presentes de natal por meio da tela de um notebook – revela que houve momentos de desânimo, mas que nunca pensou em desistir. “Passei por várias fases. Tem épocas que falta inspiração e não é fácil conciliar minha carreira com os estudos e o canal, mas como faço com muito amor, vale a pena”.
Desde desenvolver a pauta para o canal, cuidar da produção e da edição final, ela afirma que não são etapas tão simples e que prefere gravar à noite, uma vez que os horários são mais flexíveis e tem mais energia para realizar essas atividades. “Porque não é só chegar e gravar. Tem a parte de montar equipamentos, pensar e arrumar o cenário, então eu levo bastante tempo”. No tempo livre, entretanto, gosta de ir ao cinema e sair com os amigos e a família, que dão apoio ao trabalho dela.
O suporte também chega do outro lado da tela. Por meio do feedback que recebe continuamente dos fãs, a atriz reconhece que essa troca de experiências é o motivo para continuar gravando. “Amo conversar com meus seguidores! É uma das partes mais gostosas: saber se estão gostando ou não, como posso melhorar e se eles gostam de participar do meu dia a dia”. Apesar de confessar que já recebeu comentários desagradáveis, tem um público fiel.
A identificação que as pessoas têm ao assisti-la vem de uma paixão em comum: viagens. As visualizações dos vídeos que mais tiveram destaque resultaram da hashtag #Gabiviaja, em que mostra os lugares que visitou e as compras que fez. Um desses exemplos é a ida a Orlando, que teve mais de vinte mil acessos. “Quero poder fazer mais vlogs desse tipo, pois eu sei que meu público ama e eu também”.
Inspirada também por outras vlogueiras como Nina Secrets; Bianca Andrade, do canal Boca Rosa, e Karol Pinheiro, Gabriella já pensa nos planos e conta que recebe apoio de alguns patrocinadores. Portanto, prefere fechar parcerias que combinem com o perfil dela e do público. “Prezo muito minha credibilidade, meu objetivo maior é levar alegria e informação para os fãs”, conclui.
Por Isabelle Amancio
Giulia Paim:publicitária,cariocae escritora
Trabalhadora, sonhadora, escritora, publicitaria e apaixonada por leitura, Giulia Paim, de 22 anos, está para lançar o terceiro livro da série Boston Boys. Depois de muitas leituras e sucesso, os trabalhos foram ficando cada vez mais conhecidos entre os adolescentes. O principal ponto da saga é a realidade entre os jovens e a época vivida entre eles. Mas antes mesmo de escrever e publicar os livros, sempre gostou de escrever sem compromisso.
A relação entre Giulia e a leitura começou aos 7 anos, quando iniciou o contato com os livros. E mesmo antes de pensar em ser escritora, ela já gostava de contar e inventar histórias. Em 2010, ela iniciou a escrita do primeiro trabalho da saga Boston Boys, na qual conta a vida de uma adolescente de 15 anos e os conflitos familiares e de amizades, em que a mãe vira empresária de uma banda do estilo que não agrada a filha.
Após o sucesso do primeiro lançamento, ela não parou por ai. Giulia, lançando mão das características, rumou para o segundo livro da saga Boston Boys, no qual seguiu a mesma linha da história, desenvolvendo e acrescentando novos personagens. Misturando humor e drama, sua escrita fez sucesso mais uma vez entre os adolescentes, devido à identificação deles com a vida dos personagens. E isso a levou a investir na terceira obra da saga.
Formada no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) em Publicidade, Giulia nunca escondeu o desejo de escrever. Mas essa não é sua única paixão. Ela sempre deixou claro que é apaixonada por bandas de pop coreano, séries de TV, histórias como as de Harry Potter. Isso é provado quando brinca que é estudante de Hogwarts da casa Corvinal. Apesar de ter nascido no verão, ela também admite que gosta muito do frio e que se sente metade pinguim e metade gente.
De tanto querer e sonhar, Giulia, em 2014, acabou realizando o sonho de ir trabalhar na Disney, mas não foi a única vez. Esse ano ela também foi trabalhar como Cast Member, um programa de trabalho realizado na Disney, em que são selecionadas pessoas para trabalhar temporariamente nos parques e hotéis de Orlando. Esse programa tem duração de oito e dez semanas e vai de meados de novembro até fim de janeiro ou início de fevereiro.
Sobre as obras brasileiras, Giulia admite que fica sem palavras para expressar o quão é gratificante saber que está fazendo parte da história de Literatura Nacional. ‘‘Eu tenho vontade de chorar quando vejo pessoas falando que começaram a ler a literatura nacional ou que não gostavam de ler e começaram a gostar por causa dos meus livros. Fico muito orgulhosa, porque é muito importante a diferença que a gente faz na vida de alguém’’, explica ela sobre a alegria de escrever livros.
Nos dias atuais, Giulia trabalha na editora Globo Alt e está finalizando o terceiro livro da saga Boston Boys, na esperança de que faça tanto sucesso quanto os antecessores. Apesar das obras já lançadas, ela também escreveu três contos chamados “Coração prematuro” e “Pierrot”, para quem gosta de drama e “Hotel 636”, para quem gosta de comédia. E ela não pretende parar por ai. Quer escrever mais e mais, pois não há sentimento melhor no mundo do que saber que está fazendo as pessoas se sentirem bem com as histórias.
Por João Victor Barros de Carvalho
Os passos da ansiedade à depressão
Pressão alta, choro, silêncio, agitação: diagnósticos comuns para males diferentes

Nervosismo, dificuldades de concentração, preocupação e medo são os sintomas mais recorrentes da ansiedade. Essa tensão, considerada o mal do século, é provocada por incertezas e dúvidas que atormentam a cabeça de algumas pessoas. Em alguns casos, porém, esse transtorno mental pode esconder uma profunda depressão, problema que afeta cerca de 33% dos brasileiros e que coloca o país em quinto lugar no ranking mundial no número de casos da doença.
A psicóloga Jéssica Albuquerque, 24 anos, explica que a ansiedade é uma condição para a sobrevivência humana e que pode ser muito útil quando usada a favor do bem-estar. ” O problema é quando ela deixa de ser favorável e passa a ser disfuncional, gerando problemas a nossa saúde”. E a ansiedade pode motivar o surgimento de outros problemas como Toc (Transtorno Obsessivo Compulsivo), fobia social, fobias específicas e a Tag (Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Outro vilão, que pode ser considerado o nível mais alto a que ansiedade poderá levar, é a depressão. Ela é considerada um transtorno de humor muito prejudicial, por levar o indivíduo a uma profunda tristeza, desânimo, falta de apetite, alterações no sono, desmotivação e isolamento social. Em casos mais graves, os pensamentos suicidas dificultam o tratamento, que poderá levar um tempo maior, até que o paciente consiga resgatar o equilíbrio. No geral, essas inquietações são causadas por experiências vivenciadas por cada pessoa ou transmitidas de forma hereditária.
A transmissão genética dessas disfunções não significa que o indivíduo terá o mesmo comportamento. Para a psicóloga, a forma como o ser interpreta as situações também altera a linha de tratamento. “Cada paciente é de um jeito e a gente vai adaptando e trabalhando em conjunto com ele, não há receita de bolo”. De acordo com as características apresentadas por cada paciente, um método será utilizado. Nos casos de depressão, é feito um mapeamento das atividades do paciente, que poderá contar com a participação de um psiquiatra para possíveis medicações, o que é quase sempre necessário se houver complicações fisiológicas.
Já no caso da ansiedade, a abordagem vai de técnicas de respiração ao uso de medicamentos que se tornam necessários na fase inicial ou quando o paciente apresenta em seu quadro ataques de pânico, para que o tratamento possa ocorrer. “A gente também faz uso de reestruturação cognitiva, para que a pessoa possa ter pensamentos mais adaptativos e entender como está seu funcionamento e como mudar isso”. Uma das diferenças está nas consequências: a forte depressão poderá levar ao suicídio, a ansiedade não. “Vai chegar no limite e o próprio sistema nervoso faz baixar, porque o corpo busca um equilíbrio para sobreviver”, explica Jéssica.
Quem quase chegou ao limite foi a estudante Natálha Sant’Anna, 20 anos. Ela se auto declara ansiosa e fala das dificuldades enfrentadas durante os estudos. “Quando eu tentava estudar e matéria não entrava começava o nervoso. Porque eu tinha que passar na faculdade e pensar em outras coisas me deixavam sobrecarregada”. Ela confessa que ao perceber os sintomas, que incluíam fortes dores de cabeça, enxaqueca e até dores de barriga, se obrigou a dar uma pausa nos estudos para renovar as energias e retomar as atividades com mais atenção. A vestibulanda ainda ressalta a importância dessas pausas para que matéria possa ser bem desenvolvida e compreendida.
Outra jovem que enfrentou os mesmos problemas foi Tamara Sant’Anna, 21 anos, irmã de Natálha. No caso da estudante de História da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a preocupação foi maior devido a complicações respiratórias que ela já tinha. “Uma tremedeira, suor frio, sono tudo de uma vez”, comenta a aluna, que fez a prova do Enem sem muita pressão, mas que nunca esquecerá do que passou. Todo o ano o exame é realizado, ganha a vaga quem estiver não apenas com bons e sólidos conhecimentos, mas o principal que é saber controlar a ansiedade.
Nos estudos, a pressão diminui após as provas, já no trabalho as tensões ocorrem de maneira inesperada. Esse foi o caso de Thayna Oliveira, 21 anos, um exemplo de como as crises de ansiedade podem levar à depressão. Sem histórico na família, ela não imaginava que a falta de controle desse estresse pudesse lhe dar tanta dor de cabeça. “No meu antigo trabalho comecei a sentir uma angústia e a farmacêutica disse que eu estava com crise de ansiedade. Me senti fora de mim. O médico confirmou o problema e me recomendou um tratamento psicológico”.
Ela se sentiu perdida, pois não entendia o porquê dos sintomas, muito menos as consequências do forte desiquilíbrio. “Descobri no início do ano, mas tive dificuldades financeiras para manter as terapias que recomendavam uma medicação que me fazia muito mal. No momento em que não puder ir ao especialista busquei ajuda via internet”. A atendente notou melhorias com as conversas via “Skype”, mas com um tempo a médica aconselhou que Thayna buscasse um acompanhamento presencial para a qualidade do tratamento.
É o que ressalta o estudante de Psiquiatria da UFRJ, Rodolfo Variani, 27. Ele explica que é realizado um trabalho em conjunto com a presença de psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, para avaliar o paciente e aplicar o método de acordo com o comportamento apresentado. “Em todos os casos nós fazemos uma avaliação verbal e não-verbal. Em alguns cenários a presença nítida de embates no discurso explicitam a necessidade do indivíduo.” Ele diz ainda que a análise da vida do paciente, do nascimento até hoje, tem forte relação com o dilema enfrentado.
Esse tipo de levantamento gera um mapa sobre a vida do paciente, para indicar a metodologia a ser aplicada. Com a aposentada Jane Cristina Morgan, 63, que convive com a depressão e há três anos frequenta o Departamento de Psicologia Aplicada da UFRJ (DPA) com o objetivo de vencer esse mal motivado por questões pessoais e familiares, a terapia não têm um prazo estabelecido. Uma equipe colocada à disposição procura descobrir os fatores que levam o indivíduo a chegar a tal ponto, com o intuito de diminuir o agravamento dos sintomas e fazer com que ele volte ao seu estado de equilíbrio e harmonia.
Dicas para limitar o nervosismo
- Pratique atividades físicas
- Reduza seu estresse diário
- Experimente controlar a respiração
- Evite pensamentos negativos
- Tome um chá
- Mantenha foco e atenção no presente
- Seja mais organizado
- Esteja com quem você ama
- Dedique um tempo para se cuidar
- Confie mais em si mesmo
- Fortaleça o autoconhecimento
- Cuide bem do seu momento antes de dormir
Por Karina Figueiredo
Elymar Santos
Uma vida feita para a música

“Escancarando de vez”, “Guerreiros não morrem jamais”, entre outros sucessos, acompanham a carreira do cantor Elimar dos Santos, de 65 anos, dos quais 30 são comemorados por seu percurso na música, com grandes shows e apresentações nos palcos. Cantor, compositor, roteirista e sambista: essas características presentes em um único homem revelam um grande talento que passou por longos testes até se tornar um profissional que tem entre suas aptidões pessoais o dom de cantar.
E tudo isso começou em um bairro popular na Zona Norte do Rio de Janeiro. No dia 11 de outubro de 1952 nasce Elimar dos Santos, na subida do morro do Alemão, comunidade situada em Ramos. Filho da mineira Amelly dos Santos com o carioca Mário de Souza Barros, o compositor revela não ter contato com o pai e diz que por conta disso não leva seu sobrenome.Já a relação com a mãe é muito saudável e hoje ela encontra-se aos cuidados da sua irmã mais velha, em Recife, Rosimar dos Santos Musser, 57 anos, graduada em Engenharia Agronômica.
Mãe e irmã, essas mulheres preenchem o círculo familiar de Elimar, e nem mesmo a distânciaé capaz de separá-los. O acompanhamento dessa rotina do artista, que hoje tem um apartamento no Leblon e mantém uma residência na comunidade carioca, é bem movimentada, principalmente com a chegada do carnaval. “Leblon me dá status e Ramos me dá felicidade, eu posso ter as duas coisas”. E o motivo para ele ficar divido entre a Zona Norte e Sul está no amor pela Imperatriz Leopoldinense, escola de coração, pela qual se apaixonou ao ter o contato com os primeiros componentes no quintal de casa.
Em seu domicílio, Elimar já planejava a carreira, que começou bem cedo. Ele foi dos bares do Rio de Janeiro, com passagem no Clube de Ramos, que era próximo ao seu bairro, ao programa do Chacrinha. Em seguida, entrou em um programa de calouros, que também lhe rendeu grande visibilidade no meio artístico. Mais tarde, com 12 anos de estrada, teve uma grande oportunidade de cantar em um dos principais palcos de apresentação carioca, o Canecão, investimento no qual ele vendeu parte de seus bens para subir ao palco da casa de espetáculo. O cantor não imaginava que a partir daquela noite seria conhecido no país inteiro.
A trajetória de 32 anos e um recorde de cem shows no Canecão foi comemorada em grande estilo. A gravação do CD e DVD com a participação de grandes nomes da música – entre eles, Ivete Sangalo, Alexandre Pires, Dudu Nobre, Neguinho da Beija-Flor e Fundo de Quintal, em 2016, no Vivo Rio – está marcada na memória do cantor. “Eu sou diferente do que se pensa sobre um artista. O meu narciso é só no palco, eu sou pé no chão”, revela o artista, que reabriu o Canecão pouco antes da intervenção oficial para celebrar uma missa e mantém as esperanças de que um dia ele possa reabrir.
Quando não estava na casa de show ou em outros palcos com a sua apresentação, o cantor se divertia na quadra da verde e branco na companhia de sambistas. “Existem coisas que não tem escolha, eu não escolhi ser Imperatriz, eu nasci dentro da Imperatriz”. O compositor faz essa afirmação porque os ensaios eram realizados dentro da sua casa, quando a escola ainda era pequena e não tinha um presidente. Ele relembra os momentos nos quais sua mãe cuidava das unhas da porta-bandeira Virgínia, esposa de Bid. “Ela era a rainha na minha casa”, expressa Elimar, que ficou surpreso ao recebê-la.
O envolvimento do cantor junto à escola o impulsou a realizar o grande sonho de cantar e de se tornar famoso. Parte do seu desejo foi realizado com o reconhecimento da escola, fundada em março de 1959 e que começou a ganhar destaque na década de 80, quando levantou o primeiro de seus oito títulos de campeã do carnaval. Elimar menciona o nome da agremiação repleto de carinho, pois ela o apoiou na apresentação do cantor no palco do Canecão, independentemente da sua colocação no grupo do carnaval.
Além de cantar, o flamenguista disputa desde de 2013, ano em que ganhou, a escolha do samba enredo para a escola. Por ser iniciante, Elimar não esperava que pudesse ganhar logo no primeiro ano de competição e reconhece: “Eu torço pelo melhor, torço pela escola, quero o melhor para a escola, quero ver a minha escola bem”. Depois dessa vitória, ele não deixou de concorrer e de colocar em suas composições todo seu amor pela agremiação. E outro lugar muito querido por ele é o Cacique de Ramos, ambiente no qual ele se sente à vontade e bem acolhido no meio de seus amigos.
Nas horas vagas e na companhia do seu “VL”, cachorro vira-lata adotado no morro do Alemão, Elimar emociona-se ao falar dos motivos que alegram sua vida. “O importante para mim é cantar. Se não fosse o sucesso, estaria cantado para os meus amigos em uma calçada”. Ele também revela seu imenso prazer quando está na presença da sua empregada, dos seus colegas e de toda a imensidão de fãs que gosta e torce por ele todos os dias. Esse grupo de pessoas compõe a vida de Elimar dos Santos, nome de batismo, e de Elymar Santos, nome artístico, que só deseja cantarolar e sempre lutou por isso.
Por Karina Figueiredo
Pelada: a boa brasileira
Futebol, a arte e lazer
Uma boa desculpa para rever os amigos mensalmente, buscar uma oportunidade de realizar seu sonho ou até mesmo seguir uma vida de exercícios. São estes os ingredientes que compõem uma boa pelada, aquela partida de futebol não profissional, realizada por um grupo de amigos. Os campeonatos de várzea são vistos como a última oportunidade para jovens que não obtiveram sucesso na base de grandes e médios times de futebol.
Esses torneios amadores de Fut7 e até mesmo os de campo servem como vitrine, abrindo portas para aqueles que ainda sonham em ser jogadores. Alguns exemplos são, os jogadores Leandro Damião, atualmente atuando pelo Internacional de Porto Alegre, e Gabriel Santana, atleta do Flamengo, que, jogando em um campeonato de rua, despertaram a atenção de olheiros e acabaram sendo convidados a participar de um teste no profissional.
Já pessoas como Rennan Labanca, de 21 anos, usam esses campeonatos para conseguir cumprir sonhos e etapas. “Depois de diversos vídeos jogando em campeonatos semiprofissionais, fui chamado para o NorthWest College, que é um processo seletivo para jovens jogadores para atuar como atleta da universidade e adquirir uma bolsa como estudante nos Estados Unidos”.

Por ser um esporte muito popular no Brasil e ser de fácil acesso para se praticar, o futebol e a pelada se tornaram algumas das principais atividades físicas no país, principalmente pelo fato de ajudar no fortalecimento das articulações e na coordenação motora e contribuir para a redução da pressão arterial e regularização da glicose no sangue.
Aurino Boldrin Sabino, de 29 anos, tinha uma vida sedentária, sofria de alta porcentagem de glicose e de colesterol e foi avisado pelos médicos que deveria fazer uma atividade física ou seu futuro seria de total arrependimento e consequências da doença. “Eu odiava nadar, ir para academia, correr pela rua sem nenhum rumo, porém, amava o futebol. Foi aí que percebi que poderia me ajudar fazendo uma das coisas que mais me davam alegria na vida. Reuni meus amigos e organizei uma pelada que acontece toda semana, e no fim do mês rola a zoeira da ‘Pelada das piranhas’, que serve também como entretenimento”.

Com o enredo diferente, porém com o fim semelhante, encontra-se Pedro Dantas, estudante de 20 anos, que criou a comunidade “Pébola”, nome dado ao grupo de amigos que uma vez ao mês se encontra para jogar bola e fazer uma resenha com o intuito de matar a saudade. “Devido à falta de futebol na Educação Física da escola, decidi criar um grupo com os amigos mais chegados, para jogarmos bola aos sábados, só que cada um foi levando um parente ou conhecido e acabou aumentando o número de pessoas que participava da pelada”. O grupo já existe há quatro anos e, atualmente, alguns integrantes estão querendo levar o time para competições locais, com o objetivo de se divertir e, talvez, “beliscar” um prêmio para bancar o churrasco e o campo alugado.

Por Matheus Sabino de Paula
Rennan, em busca de um sonho

Rennan Labanca, de 21 anos, é um jogador de futebol amador que atua no time da Universidade Castelo Branco, na qual cursa Educação Física, e em times que disputam taças em torneios de favela ou regionais, como as taças Zona Oeste/Norte. Vê no esporte sua projeção de vida, que fará realizar seu sonho de ser jogador profissional. Mas nem sempre foi assim. Por ter um carinho por animais e ter uma vivência boa com eles, na sua infância sonhava em ser veterinário.
Em sua primeira escola, Rennan foi acusado pela sua ex diretora de ser hiperativo, pois era muito bagunceiro, e esse comportamento o levou a sua única reprovação acadêmica. “Foi uma fase muito ruim da minha vida. Tinha uns 6 anos e observar meus pais irem atrás dos melhores médicos do Rio de Janeiro para eu fazer um exame de hiperatividade foi horrível. Graças a Deus o resultado foi negativo”. O lado bom dessa história foi que seu pai, Ronaldo Vasconcelos, o colocou em uma escolinha de futebol, na qual ficou até os 16 anos, para ajudar a conter sua agitação. Lá teve seu primeiro contato com o esporte e logo se apaixonou.
Já na adolescência e faltando um ano para atingir a idade limite da escolinha, foi visto por um olheiro na final da Copa Vasco, na qual se destacou, mesmo sendo vice do torneio, e acabou sendo convidado para participar da divisão de base do Campo Grande. “Depois de ter perdido aquela final eu fiquei muito triste, pois era meu último ano na escolinha e eu queria ter saído com a taça, só que não deu nem tempo de chorar. Logo quando encontrei meu pai no vestiário, ele me deu a notícia do Campo Grande e no dia seguinte eu já estava treinando com o meu novo grupo”. Acabou ficando no clube por um ano, porque o time era de baixa renda, os treinos eram à tarde e não teria tempo de focar sua atenção no Vestibular, no qual acabou optando pela Castelo Branco e virando atleta da faculdade.
Escolheu seguir a área de Educação Física, pois caso não consiga ser jogador, seu plano B será virar preparador físico de um grande clube de futebol. Por ser do time de sua faculdade e ainda ter em mente o sonho de ser jogador, começou a gravar vídeos de sua performance em campo e enviou para a Universidade Americana NorthWest College, que é um processo seletivo para jovens jogadores de diversas modalidades para atuarem pela faculdade e estudarem nela. “Quando vi essa oportunidade logo me animei. Sabia do meu potencial e tinha certeza que meus pais iriam me apoiar e investir em mim. Terminarei o quinto período da faculdade este ano e em Fevereiro de 2018 estarei me mudando para os Estados Unidos. Espero que no fim do mesmo ano seja escolhido por um time de lá e só pretendo voltar para o Brasil para visitar familiares e amigos” .Agora, só o tempo dirá se esse sonho tornou-se realidade ou não.
Por Matheus Sabino de Paula
Ansiedade em excesso traz maus resultados nas provas
A ansiedade é a vilã da sociedade atual. Em um mundo onde o sucesso é tudo e o fracasso não é opção, é comum ver pessoas de diversas idades com atitudes e comentários tensos e nervosos quando o assunto é algum tipo de avaliação. Para parte dos estudantes, esse período antes e durante as provas é o pior de um mês, ano ou até da vida, seja por medo, pressão psicológica da família ou por situações que impõem ao indivíduo a necessidade absoluta de êxito. Esses fatores podem causar um grande desequilíbrio emocional ao ser humano e, em alguns casos, interferir no desempenho e nos resultados, como comprova o Ministério da Saúde em um estudo feito sobre a ansiedade.
O nervosismo em grande intensidade pode causar transtornos de ansiedade no homem ou mulher, independentemente da idade, e, assim, afetar o funcionamento do corpo e as experiências de vida, já que estes não conseguem lidar com outro tema que esteja fora de seu foco de tensão. A pesquisa, disponível na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, coloca a ansiedade como fator que pode beneficiar ou prejudicar o indivíduo e informa que, quando em excesso, em vez de estimular a ação do ser humano, ela impede suas reações, como acontece no momento em que pessoas que perderam o controle desse sentimento fazem suas provas.
A estudante de curso pré-vestibular Bruna Fernanda Martins sabe bem como é ter suas reações inibidas pelo excesso de ansiedade. Ela tenta passar no vestibular para Medicina há dois anos e diz que seu pior inimigo é o nervosismo, que aumenta tanto na semana anterior à prova que afeta até sua saúde. A jovem de 19 anos fica tão nervosa e pressionada durante esse período que se afasta de seus amigos e família e chega a estudar 13 horas por dia. Bruna conta que na hora de fazer a prova, fica tão ansiosa que parece esquecer de tudo o que estudou durante o ano inteiro. “Acho que a pressão de ter meus amigos na faculdade e ver a expectativa que minha família deposita em mim são as maiores influências para que isso aconteça”.
Outra etapa muito importante, e na qual se houver descuido pode afetar seriamente a vida dos estudantes, é a dos ensinos Fundamental e Médio, e o período de passagem entre eles. A estudante do 9° ano Raquel de Souza diz ficar muito ansiosa no momento de fazer as provas. Ela tem se preparado para participar de processos seletivos de instituições como Faetec e Cefet e acredita que a maior responsável por sua agonia é a busca pela conquista, que acaba sendo feita de forma desesperada, e, associada ao medo, pode acarretar resultados ruins até mesmo em suas provas do colégio. “Nesses momentos, o mais difícil é controlar a falta de atenção”. Ela conta também que, em situações como essa, sua fé é o único meio para acalmá-la.
A inquietude causada pela pressão psicológica das provas mostra uma sociedade cada vez mais exigente. Isso pode ocorrer por alguma reprovação anterior, pelo concorrido mercado de trabalho ou, simplesmente, por medo. A arrogância de outros candidatos, que humilham pessoas e se colocam como superiores, também é um fator que trabalha de forma negativa no emocional dos seres humanos. Toda essa realidade de grande estresse é causada pela expectativa de um evento confrontador, no caso a prova, que desperta mecanismos mediados pela divisão simpática do sistema nervoso autônomo, segundo a psicóloga Rosane Régis Ouverney, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC).
Ela explica que a hipófise-adrenal libera cortisol devido ao aumento nos níveis sanguíneos para que haja enfrentamento. “Estar ansioso diante de um evento futuro é normal, mas quando a reação é desproporcional, podemos pensar em patologia”. Um de seus casos mais marcantes foi de uma jovem que estava prestando o exame da OAB pela quinta vez e relatou diarreias, perda de memória, choro durante o processo e brigas com os pais e com o namorado. Para ela, ficou claro que o maior medo da paciente vinha da vergonha que sentia diante de seus pais. “Eles esperavam que ela alcançasse sucesso, pois haviam proporcionado as melhores condições de que dispunham. Logo ela não tinha motivos para falhar”.
Esse e outros tipos de pressão são os maiores causadores de ansiedade na vida de quem vai participar de algum processo seletivo. O jovem Daniel Pedreira, de 21 anos, tem vivido na pele o que é ser pressionado pelo que está ao seu redor. Supervisor de uma empresa de Jardinagem, casado e com a esposa grávida, ele tenta conciliar todas essas tarefas com sua faculdade de Sistema de Informação, à distância. Durante o período de provas, ele diz se fechar, ficar mais calado, intolerante, sentir dificuldade de dormir, e conta que utiliza a academia para se afastar desses sintomas.
A pressão a que Daniel é submetido tem sido muito grande, principalmente com a esposa grávida e a busca por suprir as necessidades de casa, o que o motiva, mas ao mesmo tempo traz a tensão à tona. “É muito difícil se concentrar apenas nos estudos durante as provas da faculdade e esquecer de todo o resto”. Como uma forma de fugir um pouco de seu dia a dia e buscar boas notas, ele marca todas as provas presenciais para o mesmo dia e tira folga no trabalho, para que nada atrapalhe sua concentração. “Dessa forma eu consigo manter o foco e ir bem nas avaliações”.
Entre as explicações de como a ansiedade se manifesta em situações como essa, a psicóloga clínica Lilian Souza Mota Silveira, de Belo Horizonte, conta que existem dois tipos de sintomas: os somáticos e os psicológicos. Os primeiros são físicos, como dores, palpitações, náuseas e até falta de ar, e os segundos envolvem dificuldade de concentração, conciliação do sono e sentimentos de apreensão. Para ela, uma forma de tratamento para esse transtorno é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), e é essencial que se procure um especialista. “Uma dica é identificar os pensamentos negativos, refletir sobre suas causas e tentar substituí-los por outros positivos. Isso é fundamental para o sucesso na hora das provas”, diz a psicóloga.
O autocontrole também é fundamental diante dos concursos e o esforço individual é muito importante para isso, como comprova Lucas Monçores da Costa, de 22 anos. Ele trabalha no Laboratório Canonne e tem se preparado para concursos públicos muito disputados, como EsSa, de que já participou duas vezes, EEAR e o Enem. “Muitos fatores tentam tirar minha calma durante os meses e semanas anteriores às provas, mas tento ser forte”, diz ele, que consegue ficar calmo ao saber que fez o que pôde para dividir bem seu tempo de estudo. Outras atividades que o ajudam a aliviar a ansiedade são jogar futebol e passar tempo com as pessoas importantes em sua vida, e o que mais o tranquiliza é saber que estudou. “Tudo depende do meu estudo”.
Com tantas situações que interferem de forma negativa no emocional do ser humano, qualquer ameaça de ansiedade excessiva nesse período de provas deve ser vista como perigo para a saúde mental e para as notas. Por isso, a psicóloga Lilian Silveira diz ser necessário manter o corpo descansado com atividades físicas moderadas, que proporcionam maior oxigenação no cérebro, dormir bem na noite anterior ao exame, alimentar-se de forma saudável e evitar preocupações excessivas. Atitudes como essas interferem no Sistema Nervoso Central e, assim, influenciam na concentração e no desempenho nos exames. Portanto, manter a calma e tentar eliminar as pressões do dia a dia são atitudes essenciais, geradoras de bons resultados.
Por Nayara Simões
Lucas Cappatto coleciona experiências em seus quase oito anos no Jornalismo

Com toda sua simpatia e vontade de compartilhar as grandes histórias que, tão novo, já viveu, Lucas Cappatto é um exemplo de ser humano realmente apaixonado pela profissão. Para ele, jornalista e por quase seis anos repórter de um dos maiores grupos de Comunicação do Brasil, o Grupo Bandeirantes de Comunicação, sua paixão pelo Jornalismo foi essencial para conquistar uma carreira bem sucedida e feliz. “Se a pessoa não for muito apaixonada, tudo fica mais complicado, pois é necessário abrir mão de muitas coisas”. Atualmente, Lucas foi contratado por uma das maiores emissoras de esporte do Brasil, a Fox Sports.
Conhecido por seu bom humor, o jornalista de 29 anos, nascido no Rio de Janeiro, já trabalhou com revista e em diferentes áreas da profissão, como radiojornalismo e telejornalismo. Ele vem construindo sua carreira há sete anos, caminha para o oitavo, e já trabalhou em grandes grupos brasileiros de comunicação, o que traz para sua vida uma trajetória de reconhecimento e muitas experiências.
Com pai, mãe e uma das irmãs dedicados à advocacia, Lucas conta que ele e sua irmã mais velha nunca foram pressionados para que seguissem a profissão, e mesmo precisando estar disposto a trabalhar muito, talvez não receber um salário tão grande e passar pela sobrecarga causada pelo excesso de trabalho, escolheu o jornalismo. Após algum tempo pensando, ele revela: “Atualmente, se eu não fosse jornalista, gostaria de ser pediatra”.
Lucas sempre foi apaixonado por esportes e no Ensino Médio, quando percebeu que não poderia ser jogador de futebol, decidiu se ligar à grande paixão de criança por meio do Jornalismo. Se formou na FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso), iniciou sua carreira na Rádio Lance!, após um ano, trabalhou na Revista Fut! e fez cinco meses de estágio na Rádio Band News, pela qual foi contratado como repórter. Lá ele trabalhou um ano e dez meses em editorias de Economia, Polícia, Política e Cidade de forma geral, cobriu debates políticos, grandes eventos e melhorou seu texto. “Foi uma experiência absurda”.
Sem abrir mão de seu sorriso, ele comprova que é possível ser gentil e sério ao responder todas as perguntas sobre sua vida. Animado, descreve como foi seu primeiro furo de reportagem. “Fui cobrir um assassinato em Mesquita e participei da busca por uma semana. O que todos queriam saber era se o crime tinha ocorrido em área militar e eles sempre diziam que não”. Lucas conta que conseguiu o telefone de um responsável do exército que não atendia de forma alguma, então eles começaram a ligar de vários lugares. “Uma das meninas conseguiu fazer apenas uma pergunta ao homem e o sim dele bastou para que tivéssemos a informação que ninguém possuía”.
Durante o período de profissão, considerado pequeno por muitos, Lucas cobriu a grande tragédia em Sapucaia, interior do Rio de Janeiro, em 2012, e conta que foi a matéria que mais mexeu com ele, psicologicamente, na época. “Vinte e duas pessoas haviam morrido por causa das chuvas e uma família inteira morreu dentro de um Fusca”, conta, com tristeza. “Eu fui um dos primeiros a ver e muitos choravam. A cidade estava calada”. Essa foi apenas uma das experiências marcantes do jornalista.
Após esse período na rádio, Lucas foi contratado pela TV Band, em que trabalhou de abril de 2013 a junho de 2017 como repórter e, finalmente, se dedicou ao jornalismo esportivo. Vascaíno, ele leva a profissão muito a sério e conta que o time não interfere em nada na hora de cobrir um jogo. “Em 2013 eu cobri um título do Flamengo e após o jogo algumas pessoas vieram me perguntar se eu era flamenguista, pela maneira como tinha trabalhado”.
Durante esse período na TV Band, Lucas foi responsável por algumas matérias engraçadas como, por exemplo, a entrevista com um vascaíno, na cobertura de um jogo, em que fez perguntas aleatórias ao torcedor, e quando recebeu a resposta, ficou surpreso. “Quando eu ouvi a voz do homem e as coisas que ele falava, pensei: Não posso usar na matéria”. Ele continuou a entrevista apenas para colocar na festa de fim de ano que faziam na Band e um amigo pediu para divulgar, pois estava muito engraçada. “Eu nunca pensei que iria viralizar”. Até hoje, é um dos vídeos mais engraçados sobre futebol que rodam pelas redes sociais.
O jornalista não poupa emoções ao contar histórias sobre suas matérias. Ele teve a oportunidade de cobrir a Copa do Mundo e, com muito orgulho, fala que a cobertura dos Jogos Olímpicos 2016 foi, sem dúvida, sua melhor experiência no Jornalismo Esportivo. Por outro lado, nem tudo é tão positivo. Lucas conta, com tristeza, como foi cobrir a notícia da tragédia ocorrida com o avião da Chapecoense, em que comentou, ao vivo, sobre a morte do repórter Guilherme Marques, seu amigo.
Lucas possui como referências na área os jornalistas Pedro Bassan, Tino Marcos e Márcio Gomes. Ele conta que sempre se deu muito bem com os colegas da profissão. “O estresse é inevitável e normal, não interfere nas minhas relações profissionais”. O jornalista também trata muito bem seu público e diz que já aconteceu de fãs o pararem, o que é engraçado, pois ele não consegue se enxergar como famoso, mas admite: “É um reconhecimento legal”.
O sonho de trabalhar com o telejornalismo e de poder falar sobre esportes se realizou, mas após uma carreira rica em boas matérias e momentos especiais na TV Band, Lucas começou a se sentir acomodado e sem perspectiva de crescimento. Então, um desejo de experimentar novos desafios surgiu, mas ele conta que não se frustraria se precisasse continuar como estava. Após quase seis anos no Grupo Bandeirantes, Lucas foi demitido. “Eu não saí como queria, mas também não sofri muito com a notícia”.
O resultado de uma carreira feliz e bem sucedida não poderia ser outro, em menos de 24 horas, Lucas assinou um contrato de seis meses como editor de texto com a Fox Sports, por indicação de uma chefe de São Paulo. Com a mudança, sua rotina melhorou um pouco, pois não trabalha diretamente como repórter, mas ainda é incerta e quem está a seu redor precisa entender seus horários. No tempo livre, Lucas gosta de ir à igreja e estar com seus amigos, e conta que seu hobbie é o Futevôlei.
Sua nova fase na Fox Sports está sendo muito boa e Lucas faz o que pode para ser um bom jornalista. Em quase oito anos de carreira, ele mostra, com suas conquistas, que tem feito bem seu papel. Ele é um homem de muita fé, e atualmente conta que, na profissão, seus sonhos são poder ser apresentador e passar um período de pelo menos dois anos como correspondente. “Outro sonho que eu tenho é poder casar e construir uma família”.
Lucas já fez viagens nacionais e algumas internacionais para lugares como Buenos Aires, na Argentina, Vancouver, no Canadá e Nova York, nos Estados Unidos. Tranquilo e comunicativo fora e dentro das empresas em que trabalha, ele valoriza ao máximo as experiências de vida. As conquistas profissionais pelas quais passou até hoje mostram que, apesar de curta, se comparada à de outros jornalistas, sua carreira tem sido brilhante. “Meu conselho para os universitários é que eles suguem a faculdade ao máximo e não se prendam só a ela, que façam cursos e se especializem”. O que virá no futuro, não se sabe, mas Lucas afirma: “Para ser um bom jornalista foram necessárias muita paixão e dedicação”.
Por Nayara Simões
AGRESSÃO CONTRA A MULHER: um mal a ser combatido
“Quase todos os dias pela manhã meu marido me agredia antes de sair para o trabalho. Ele é muito ciumento e dizia que se eu o traísse ou contasse para alguém ele me mataria. Um dia quando levava nossa filha de 6 anos para escolinha, a professora notou meu olho direito inchado e uma mancha vermelha no braço. Ela perguntou: O que foi isso dona Samantha? Mas eu disfarcei e disse que tinha levado um tombo em casa enquanto trabalhava. Da primeira vez ela acreditou. O problema é que não foi só daquela vez que isso aconteceu. Ela sempre me olhava com uma cara de desconfiada. Um dia me chamou para conversar na secretaria e depois de algum tempo, eu contei tudo. Ela me ofereceu apoio e me aconselhou a procurar a defensoria pública para fazer um registro e abrir um inquérito contra meu marido. Levei alguns dias para tomar a decisão, até que houve um dia em que ele passou dos limites. Me espancou a ponto de quebrar um de meus dentes. Aquilo foi a gota d’água. Após sua saída para o trabalho, liguei para a professora de minha filha e ela foi comigo à defensoria pública. Prestei queixa, fiz o exame de corpo delito e meu marido foi apanhado no trabalho para prestar depoimento. Depois foi preso, enquadrado na lei Maria da Penha.”
Samantha Gomes (35) é uma das milhares de mulheres brasileiras diariamente vitimadas por seus companheiros. Na grande maioria dos casos registrados, as agressões são motivadas por ciúmes. Um dos casos mais recentes, que repercutiu mundialmente, aconteceu no Uruguai. Adolfina Ortigoza, uma jovem de 21 anos, foi espancada intensamente pelo próprio marido e precisou ser submetida a uma cirurgia de reconstrução facial. Adolfina era agredida cada vez que sua foto, postada na rede social, era curtida ou comentada por pessoas de seu feed. Seu marido, Pedro Galeano, de 32 anos, foi levado à prisão e condenado a cumprir uma pena de 30 anos por agressão e tentativa de homicídio.
No Brasil, até o ano de 2002, ainda constava no Código Cívil, artigo 233, capítulo II, que o homem era o chefe da então chamada “sociedade conjugal”. De acordo com a socióloga Nina Madsen, membro do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), esta herança histórica, impregnada na cultura brasileira, tem sido um dos fatores que, de certa forma, contribui para que comportamentos agressivos por parte dos maridos estejam tão arraigados na estrutura da chamada “família patriarcal”.
Embora o número de mulheres que procuram ajuda junto aos órgãos de defesa tenha aumentado significativamente, percebe-se que ainda há muito o que se fazer para reduzir o índice de agressões a mulheres, que, segundo o 11º anuário do Fórum Brasileiro de Defesa Pública, alcançou o número total de 61.619 mortes intencionais de mulheres em 2016.
Um dos órgãos recentemente criados para dar apoio a mulheres vitimizadas por violência doméstica, o Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem,em recebido diariamente demandas que resultam em assistência jurídica, orientação em Direito, ajuizamento de ações que visem proteger a mulher de forma urgente, por meio da lei Maria da Penha, e encaminhamento para o Núcleo de Proteção e Acolhimento no Estado ou Município em questão. Nestes núcleos, as medidas adotadas vão de ações civis, como um pedido de divórcio ou pensão alimentícia, a ações criminais, que frequentemente se resumem a pedidos de medidas protetivas contra os agressores.
Mas a primeira batalha a ser vencida é junto à própria mulher vítima da agressão. “Na época não tinha consciência de que eu também era vítima de violência doméstica. A gente vê isso acontecendo com outras mulheres, mas nunca imagina que vai acontecer com a gente. Admitir para si mesma é muito difícil”, confessa a costureira Raquel Siqueira (36). Ela é uma das centenas de mulheres atendidas pelo Nudem da Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPGE), que durante os meses de abril a dezembro do ano passado realizou um estudo e traçou o perfil de suas assistidas.
Para entender como a violência contra a mulher se manifesta e conhecer o perfil da assistida e do agressor, a equipe de atendimento psicossocial responsável pelo Nudem aprimorou o formulário de avaliação situacional, com a inclusão de questões que abordam desde os fatores sociais, como renda, escolaridade e status de relacionamento, até os tipos de violência doméstica e o histórico familiar do agressor e da vítima.
“Quando a equipe multidisciplinar passou a desenvolver suas atividades no Núcleo, nós não tínhamos como propósito traçar o perfil das assistidas, mas tínhamos a visualização de que alguns fatores implicam no estopim da violência, como histórico da infância do agressor e da vítima e o uso de drogas e álcool. A partir daí nós fomos aperfeiçoando o questionário, pois isso tudo pode potencializar a violência. É comum ouvirmos relatos de mulheres que afirmam que o companheiro só é ruim quando bebe, por exemplo”, pondera a assistente social Elvira Machado.
O relatório denota que a maior parte dos agressores é de ex-companheiros e ex-maridos, com 42,15% e 24,59%, respectivamente, e que, em 62,24% dos casos, já vivenciaram situação de violência, sobretudo na infância. A violência acontece nos espaços público e doméstico em 61,35% dos casos e os principais fatores que potencializam essa violência são álcool (29,64%), drogas (16,99%) e ciúmes (16,75%). As formas de expressão da violência mais recorrentes são psicológica (32,34%), moral (27,63%), física (24,69%), patrimonial (9,86%) e sexual (5,17%).
E quem são as vítimas? Mulheres como a costureira Raquel, que relata sua história com orgulho de si mesma por ter tido coragem e determinação para sair da realidade de violência. Ela namorou à distância durante oito anos e depois decidiu se mudar para Ubajara para finalmente iniciar a vida a dois, mas nem imaginava que sua vida iria se transformar para sempre: “Depois que eu fui morar com ele, tudo mudou. Eu não reconhecia mais aquela pessoa. Ele apreendeu todos os meus documentos, mantinha sempre todas as portas de casa trancadas para que eu não saísse e não tivesse contato com nenhuma outra pessoa, controlava a forma que eu me vestia e me punia sempre que sentia que estava sendo contrariado, regulando até mesmo o que eu comia e quando íamos sair de casa. Ele me ameaçava e fazia me prometer que ninguém jamais saberia o que estava acontecendo. Eu fui prisioneira dele e a situação piorou cada vez mais depois que oficializamos o casamento civil. Eu vivi um inferno”, relata.
A sorte de Raquel foi um descuido do ex companheiro durante a reforma na casa. Como estavam pintando as paredes, as portas estavam abertas. Ele esqueceu de trancar a porta do quarto antes de sair e ela notou que, além dessa, todas as portas da casa estavam abertas. “Percebi naquele instante que essa era a única oportunidade que eu tinha de sair dali. Não pensei duas vezes e fugi. Corri com toda força que pude e a primeira coisa que eu vi na minha frente foi uma associação de agricultores. Eles me acolheram e chamaram a polícia. Eu nunca tive dúvidas de que eu queria denunciá-lo e de que queria justiça. Se eu pudesse dizer alguma coisa para uma mulher que está passando por isso é reaja, não se cale, grite”, emociona-se.
Outra mulher que teve sua vida marcada tão cedo pela violência foi a professora da Educação Básica e estudante universitária do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC), J. B (26), que prefere não revelar seu nome A jovem casou-se muito cedo, com apenas 21 anos, por conta de uma gestação não planejada. Desde o início da gravidez, relata ter sofrido violência por parte do ex-marido, soldado do corpo de Bombeiros Militar: “Desde a gestação eu já sofria agressões. Tudo vinha sem motivo aparente, bastava ser contrariado ou apanhado na mentira que já partia para agressão física, desde empurrões, tapas na cara, difamação, mentiras”, rememora.
O tempo passou, a filha do casal nasceu e hoje, com apenas 4 anos, a menina já presenciou e também já sofreu agressões: “Uma das mais fortes foi quando, aos 2 anos, presenciou o pai me agredir impetuosamente por ter sido contrariado. Ele me enforcou em sua presença, disse que ia me matar olhando para a criança e ainda me sufocou com travesseiro. Pude ver sua carinha de medo, pavor, e então ela disse ‘solta a minha mamãe’, correndo para me abraçar”. Após esse incidente, a vida da família nunca mais foi a mesma. A filha tinha pesadelos durante a noite e ia dormir com os pais na cama. Durante a noite, disparava chutes enquanto dormia, e acabava atingindo seu pai, inconsciente. Para fazê-la parar, ele lhe dava beliscões e ela acordava chorando. “Aguentei por muito tempo, porque ainda o amava, mas chegou um momento em que nem o amor me fez aguentar mais as agressões. Depois de ter me dado um soco durante a noite, no outro dia resolvi dar um basta nessa situação”. Ela se dirigiu à Delegacia de Defesa da Mulher, para fazer um Boletim de Ocorrência, mas, apesar de ter realizado um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, resolveu não solicitar medida protetiva, pois ainda queria manter o casamento. “Depois de alguns meses e de me convencer que essa situação nunca mudaria, resolvi me separar. Desde então, começaram novas ameaças”, descreve a estudante universitária.
Quando o ex-marido parou de pagar a pensão e ameaçou sequestrar a criança, J. B decidiu procurar o serviço da Defensoria Pública: “Me senti completamente amparada pelo Nudem, com atendimento e com o serviço de acompanhamento psicológico para todas as mulheres e seus filhos também vítimas de violência. Nesse momento, meu conselho a todas as mulheres vítimas de violência doméstica é arregaçar as mangas e sair dessa redoma de agressões, independentemente do tipo violência. Nada importa além da sua felicidade e de sua integridade física e mental. Quando nos protegemos, protegemos os nossos filhos também”, sentencia.
Raquel e J. B dividem histórias parecidas com as 531 mulheres atendidas de abril a dezembro de 2016. Elas são em sua grande maioria jovens, com faixa etária de 26 a 35 anos de idade (40,2%), pardas (66,5%), solteiras (52,45%), com ensino médio completo (32,91%), têm trabalho remunerado (40,87%) ou são donas de casa (39,13%). Em média, essas mulheres levam de um a cinco anos (39,9%) para realizar a denúncia e são impedidas de romper o ciclo de violência por dependência afetiva (34,24%), dependência familiar (23,15%), financeira (22,83%) e compartilham a realidade de violência com os filhos (82,88%).
A defensora pública supervisora do Nudem, Jeritza Braga, enfatiza que conhecer o perfil da assistida é de extrema importância, porque isso determina os encaminhamentos que serão direcionados a cada caso e permite aperfeiçoar o serviço. “Por exemplo, muitas vezes, essa assistida precisa da autonomia financeira para cuidar dos filhos. Em situações assim, ela é encaminhada ao Nudem para dar prosseguimento à ação de alimentos ou de execução de alimentos, quando a outra parte tem determinação judicial para pagamento da pensão e não está cumprindo”, explica.
Ainda neste primeiro semestre, o Nudem e o Juizado da Violência Doméstica passarão a funcionar na Casa da Mulher Brasileira. Isso promete ser um avanço nas políticas de enfrentamento à violência de gênero e vai dar celeridade na atuação da Defensoria Pública: “A questão das políticas públicas para as mulheres é uma eterna luta na qual nós estamos sempre buscando mais espaço. Estamos em vias de inaugurar a Casa da Mulher Brasileira. Essa é uma obra do governo federal que visa contemplar todos os equipamentos da rede de proteção da mulher em um único local. Então teremos a Defensoria Pública, o Juizado da Violência Doméstica, Núcleo do Ministério Público, Delegacia de Defesa da Mulher, Centro de Referência, Casa de Passagem. Ou seja, essa mulher terá um atendimento multidirecionado em um único lugar, diferente do que acontece hoje, em que ela vai peregrinando por todos esses órgãos e em cada atendimento ela vai contando novamente a mesma história, o que chamamos de ‘revitimização da vítima’, enfatiza.
Apesar do lugar de vítima, de ter vivenciado uma situação de violência, a mulher não deve se colocar como vítima e deve ter um posicionamento frente a isso, independentemente do que tenha acontecido a ela. Esse é o conselho da psicóloga Leissa Feitosa, do Nudem. “Buscar autonomia, apoio e ajuda é necessário, seja dos serviços de proteção à mulher, da família, enfim, de quem possa ajudá-la nesse momento. Essa ideia de ‘briga de marido e mulher não se mete a colher’, até certo ponto é equivocada. Cada um sabe da vida que vive, cada um sabe o que enfrenta, mas ninguém está sozinho e não deve se colocar como incapaz. Essa mulher tem as próprias pernas, os próprios braços e a própria cabeça, a própria consciência. Ela pode ter uma vida, além da vida imposta, mas a vida que ela realmente quer”, conclui a psicóloga.
Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem)
O Nudem recebe demandas diárias que envolvem mulheres. A atuação nesta área envolve a defesa dos direitos das mulheres que se encontram em situação de violência doméstica e familiar, prestando toda a assistência, como educação em direitos, orientação jurídica, ajuizamento de ações necessárias de acordo com o caso, requerimento das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha e encaminhamento para a rede de proteção existente no Estado e no Município. No núcleo, são comuns casos de ações cíveis, tais como divórcio, pensão alimentícia, guarda e reconhecimento de paternidade. Já no âmbito de questões criminais, a incidência maior é de pedido de medidas protetivas contra agressores.
Por Raquel Aguiar
Tecnologia em excesso tem gerado problemas no desenvolvimento infantil
Quando se trata do uso da tecnologia na infância, existem opiniões favoráveis e desfavoráveis, contudo há um consenso de que o seu uso em excesso é prejudicial às crianças. Existem malefícios e benefícios que seguem a evolução digital. O uso de celulares, tablets e computadores acontece em idades cada vez mais precoces e em diversos lugares. Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou um manual sobre a saúde de crianças e adolescentes na era digital, com o objetivo de orientar pais e educadores sobre o uso em excesso das tecnologias.
O documento, inédito no Brasil, teve como inspiração estudos e recomendações internacionais que foram adaptadas à realidade brasileira. Hoje, há uma necessidade de oferecer limites e orientações sobre esse tema, pois a tecnologia influencia comportamentos muitas vezes inadequados nos primeiros anos da infância. O uso digital em excesso por crianças e adolescentes traz consequências como o aumento da ansiedade, a dificuldade de estabelecer relações em sociedade e também o baixo rendimento escolar.
E isso tudo gera efeitos prejudiciais na saúde individual e coletiva e produz preocupantes reflexos no ambiente familiar e escolar. É difícil dosar até que ponto o uso da tecnologia atrapalha ou não os estudos ou como estabelecer um limite dentro de casa. É verdade que alguns jogos são bons e até mesmo pedagógicos, ajudam a estimular e também atuam na aprendizagem, mas é necessário que pais, professores e profissionais fiquem atentos para perceber quando o uso se torna nocivo se utilizado em excesso.
Para a psicóloga Anna Carolina Medeiros, a sociedade está vivendo em uma era extremamente tecnológica, influenciando principalmente o desenvolvimento das crianças. O universo infantil tem feito contato com os meios eletrônicos cada vez mais cedo. “O uso prematuro e excessivo da tecnologia pode prejudicar o desenvolvimento da criança, dependendo da maneira como estes recursos são utilizados e da quantidade de tempo dedicado a esse hábito”.
É muito comum chegarem à clínica psicológica familiares buscando tratamento devido à mudança de comportamento e de rotina na vida dos filhos, à dependência em jogos eletrônicos e em redes sociais virtuais. Os aparatos eletrônicos devem ser introduzidos com a intenção de agregar aprendizado. “É necessário que pais e educadores orientem e estimulem essa experiência tecnológica para que proporcione ganhos”, adiciona Anna Carolina.
Por isso, para a dona de casa Elisângela Santos, mãe de dois filhos, Danilo, de 13, e Ângelo, de 5 anos, a tecnologia pode e deve sim ser controlada na vida das crianças. “É importante esse equilíbrio. Eu sempre incentivei que meus filhos não ficassem fixados em celulares, computadores e jogos eletrônicos. Acho que a interação com outras crianças é importante, que esse contato seja diário”.
Ela inclusive utiliza técnicas como entregar o celular com pouca bateria para Ângelo jogar. Já Danilo ela deixa um pouco mais de tempo. Ele começou a usar redes sociais recentemente, mas sempre monitorado pela mãe. “Eles têm um limite diário para fazer uso desses meios digitais. Gosto muito também de estimular jogos eletrônicos que sejam educativos. Se eles estão bem na escola, deixo que utilizem um pouco mais. Tem essa negociação e eles já entendem isso”.
É difícil identificar a idade exata para o uso de eletrônicos. Para a professora e pedagoga Gabriella Lourenço, a infância acompanha a época e, consequentemente, as crianças são inseridas cada vez mais cedo no mundo tecnológico. “Os excessos atrapalham e prejudicam o desenvolvimento e interações sociais dos pequenos”. A tecnologia é um objeto de pesquisa e conhecimento, mas também há uma influência maliciosa, como fácil acesso a redes de pedofilias. “Os pais devem supervisionar e orientar as crianças para que elas possam aproveitar da melhor forma os benefícios sem riscos”.
Uma questão também explorada é oferecer ou não a tecnologia nas escolas. O uso desse recurso pode sim ser um aliado da alfabetização. “Os jogos educativos auxiliam nesse processo, desenvolvendo as habilidades necessárias, tais como a identificação, linguagem, sequenciamento e interpretação”. Por meio das tecnologias, é possível trabalhar cidadania, empoderamentos comunitários, heranças culturais, saúde, entre outros assuntos. “Acredito que não haja uma idade apropriada para a interação com as tecnologias, mas sim uma adequação, um cuidado e critérios da parte dos adultos responsáveis pelas crianças”, conclui Gabriella.
É o que também garante a psicóloga Anna Carolina, pois, atualmente, é comum encontrar nas instituições de ensino a oferta de atividades e outros recursos virtuais com a intenção de auxiliar no processo de aprendizagem e como estratégia institucional e pedagógica para despertar o interesse e a atenção de pais e alunos. “A tecnologia pode ser uma grande aliada ao processo de ensino/aprendizagem das crianças, mas este uso deve ser fiscalizado e programado para que evite influências negativas para o desenvolvimento infantil”. O uso indiscriminado da tecnologia na infância tem gerado graves consequências no avanço físico, mental e social.
Os benefícios da tecnologia são variados, porém os excessos podem trazer prejuízos ao desenvolvimento infantil, como hiperestimulação mental, gerando adoecimento e afetando aspectos como o comportamento, a afetividade e a sociabilidade, além de alterações nos aspectos físicos, como sono e apetite. “Percebo ter aumentado o adoecimento emocional entre crianças e adolescentes, apresentando transtornos de ansiedade relacionados ao uso descontrolado da internet”. A comunicação virtual torna o contato físico cada vez mais restrito e as relações afetivas e interpessoais estão sendo desperdiçadas. “É necessário estimular a criança para que ela tenha interesse por outras brincadeiras e afazeres além da internet”, acrescenta a psicóloga.
O excesso atrapalha. Cristiane Marmelo, mãe de Gabriel, de 4 anos, acredita nisso. Apesar do contato prematuro dele com a tecnologia, o filho tem limites. “Ele começou a interagir cedo com esse mundo, com apenas um ano. Acho um pouco difícil impedir esse contato. De um modo geral, a tecnologia é uma boa influência, mas com controle. O excesso atrapalha muito e os pais devem estar sempre por perto, orientando os filhos. Eu procuro fazer isso com o Gabriel”. Cristiane considera que para um bom desenvolvimento social é necessário que ele esteja em contato com outras crianças, não apenas no mundo virtual.
Os pontos positivos no desenvolvimento cognitivo no âmbito escolar já são comprovados, porém é importante a família acompanhar e participar junto com os filhos das suas experiências virtuais. “É interessante que a criança tenha acesso e oportunidade de manusear essa ferramenta, mas na primeira infância os estímulos psicomotores são fundamentais, para que também sejam estimuladas a escrita e a coordenação motora, como segurar um lápis, fazer um recorte, explorar o espaço do papel entre outros estímulos”, finaliza Anna Carolina.
Para a estudante de Arquitetura Elizabeth Cruz, a tecnologia influencia muito no desenvolvimento da sua filha, Melissa, de 12 anos. Com o uso digital, é possível ampliar o conhecimento de mundo, permitir a interação e o entretenimento pelas redes sociais e ainda viabilizar recursos para estudos. “Com certeza tudo em excesso atrapalha, é necessário um controle inteligente para que seja eficiente. O melhor resultado não virá pela tecnologia, mas pela compreensão do que se espera dela”. A tecnologia é parte da educação, mas não é tudo. Usar a tecnologia em salas de aula ou em qualquer lugar deve fazer parte do cotidiano de todos, integrando a tecnologia à educação.
Os pais devem demonstrar interesse, conhecer o que seu filho usa, saber a importância de impor regras, estimular a convivência em família e evitar o sedentarismo, estimulando as atividades físicas e brincadeiras ao ar livre. “Eu sempre ensinei a minha filha dessa forma, acho importante conhecer quais as redes sociais ela costuma utilizar e conversar sobre o que deve ou não ser visto e principalmente compartilhado”. Para Elizabeth, a tecnologia é sem dúvida um auxílio no processo de aprendizagem da Melissa. “Ela começou a usar com 4 anos na escola, isso proporciona a ela uma quantidade maior de conhecimento e auxilia na informação adquirida em sala de aula, ajudando-a a concluir seus pensamentos e ideias”.
Definitivamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Sem sombra de dúvida, a tecnologia modificou o cotidiano no mundo das crianças que têm acesso a ela. As consequências desta exposição precoce são diversas. “Por um lado, as crianças possuem uma enorme facilidade e um rápido aprendizado quanto ao uso das tecnologias, mas percebo o prejuízo na escrita correta das palavras e algumas vezes na concentração e coordenação motora”, analisa a professora Lylian Azevedo.
Existem muitos estudos sendo feitos ultimamente sobre a influência positiva ou negativa da tecnologia no aprendizado escolar. “O equilíbrio é a medida certa a ser usada nesta questão. Se bem direcionada e planejada, com objetivos educacionais claros, ela se torna uma aliada do professor no processo de ensino – aprendizagem”. Os pais podem ajudar muito neste sucesso quando educam seus filhos a obedecer às regras escolares quanto ao uso dos aparelhos eletrônicos nesse ambiente.
Lylian, que também é mãe de duas crianças, Larissa, de 12, e Matheus, de 3 anos, pensa na tecnologia como veneno, se tomada em doses exageradas. “Me deparo com essas questões frequentemente com meus filhos. Observo que o uso de tablets e smartphones precisa ser racionado e monitorado, na tentativa de evitar excessos que possam levar à dependência e a prejuízos na saúde física e mental”. Evitar o contato de crianças menores de 5 anos com conteúdo violentos ou pornográficos será ideal para haver uma convivência tranquila com a tecnologia que cada vez rodeia o indivíduo, seja de que idade for.
Para tornar essa realidade menos dura, não dá para esperar que as crianças resolvam soltar os aparelhos. Os adultos precisam ser exemplo. Afinal, o uso saudável é para todos. É indispensável que pais, educadores e profissionais da área trabalhem em conjunto. A imposição de regras não irá funcionar se os próprios adultos excedem. O mais importante é manter um diálogo com os menores e informar quais os possíveis prejuízos do uso excessivo. O conselho é estar sempre de mãos dadas com os filhos. No mundo real e no digital.
Algumas consequências do excesso de tempo em frente às telas:
- Sedentarismo e ganho de peso
- Dificuldade de aprendizado
- Atrasos no desenvolvimento cognitivo
- Problemas de concentração
- Sono prejudicado
- Ansiedade e hiperatividade
- Falta de noção de espaço
- Irritabilidade
Fonte: Psicóloga Anna Carolina Medeiros
Por Thamires Cerqueira
Cantor Hugo Leonardo cresce no cenário musical

Com um estilo próprio de cantar e muita paixão pela profissão, Hugo Leonardo é o mais novo talento do samba. Ele tem se destacado nesse cenário e já acumula alguns feitos nesse meio. O samba é um gênero do qual ele é fã desde criança, quando começou a cantar, influenciado pelo pai, que sempre ouviu e incentivou. Hugo ganhou vários CDs na infância, que estimularam sua paixão pela música. Admirador de grupos e cantores como Sorriso Maroto, Exalta Samba, Imagina Samba e Belo, estes representando o pagode, no samba, Zeca Pagodinho e Fundo de Quintal servem de inspiração para a carreira do cantor.
O carioca de apenas 22 anos já tem uma trajetória digna de respeito. Estudioso e esforçado, Hugo nasceu para a música. Com um sorriso que expressa sinceridade, o rapaz não mede palavras para falar de seu amor pela música. “Eu realmente vivo para música, é uma vida com que eu sempre sonhei”. A influência da família, que tem muitos músicos e pessoas que trabalham com isso, sempre foi muito importante. “Minha família sempre teve um lado muito artístico. Nunca houve preconceito com essa carreira”. Desde pequeno, ele foi incentivado a dançar e cantar.
Sempre em busca da sua melhor performance na profissão, o cantor também é compositor e toca diversos instrumentos de percussão relacionados ao samba, entre eles, violão, pandeiro e surdo. Hugo tem aula de canto toda semana para aprimorar sua voz. Ele começou a carreira com 15 anos, sempre postava vídeos caseiros em seu canal do YouTube, alguns com mais de 60 mil acessos, quando o produtor Wilson Prateado, um dos maiores nomes do mercado, o encontrou e lançou em 2016 seu primeiro CD, “Amando Te Amar”. O CD traz composições de diversos cantores do meio, e é possível encontrar as músicas em diversas plataformas digitais como Spotify, iTunes e Google Play.
Morador da Zona Norte, o cantor cursou Biomedicina até o terceiro período, na universidade Estácio de Sá, mas resolveu trancar. “A música não deu brecha para eu tentar fazer outra coisa porque estava ocupando muito meu tempo”. Mesmo amando música, Hugo nunca pensou em fazer nenhuma faculdade relacionada a isso. Ele acreditava que antes de gravar o CD, não tinha nenhuma base para ter futuro com a música. A princípio sua ideia pela área da Biomedicina foi devido à carreira de seu pai, que tem um laboratório de Análises Clinicas, então ele já teria um emprego fixo.
Fenômeno nas redes sociais, Hugo é sempre atencioso com os fãs, e busca uma maneira de atender todos aqueles que prestigiam seu trabalho. O destaque na carreira possibilita que ele viva apenas como músico. Apesar da agenda lotada – Hugo já chegou a fazer 27 shows em 31 dias – ele busca sempre tempo para família. Já se apresentou com Mumuzinho diversas vezes, fez a abertura do show do Sorriso Maroto, ganhou prêmios como melhor cantor de pagode da Zona Norte e também revelação 2016 no Samba. Além disso, se apresentou em Salvador, pelo SBT folia, no carnaval.
O vídeo que gravou com o grupo Fit Dance, em Salvador, tem mais de 160 mil acessos e uma coreografia com mais de 280 mil acessos. Com carreira solo, hoje Hugo tem uma banda completa e uma equipe de 12 a 15 pessoas. Já fez shows para mais de oito mil pessoas e tem o aval de muitos artistas consagrados no meio, que ajudam na sua carreira. Mas o cantor já passou por muitas situações difíceis. Houve momentos em que não recebeu cachê ou teve que tirar do próprio bolso para pagar os músicos, problemas muito recorrentes com os donos de evento. “Hoje em dia isso é mais difícil”.
Torcedor do Flamengo, ele tem como um de seus principais hobbies ir ao Maracanã. Com semanas nas quais em geral tem shows de quinta a domingo, o sambista prefere fazer algo diferente dessa parte musical quando não está no palco. Jogar futebol toda segunda e terça feira para ele é quase lei. Sair para jantar, conhecer restaurantes novos e viajar são outras paixões. “Quando eu tenho bastante tempo à disposição, eu gosto de viajar para algum lugar do Nordeste do Brasil”. Hugo já conheceu praticamente todos os lugares do país, muito graças ao trabalho também. A única viagem internacional que fez foi para Flórida.
Devoto de Nossa Senhora Aparecida, Hugo é católico e um de seus costumes é ir à missa toda semana. Inclusive, a única tatuagem que ele possui, no braço direito, é uma imagem da Nossa Senhora. Disciplinado, ele sempre faz uma oração com a banda toda antes de shows importantes. Ou sozinho, no seu canto, quando é um show menor, em sua roda de samba semanal, que acontece toda sexta-feira. Mas a oração não pode faltar. Outro ritual é colocar um terço no bolso esquerdo de trás da calça. Sempre no esquerdo. São rituais que não podem faltar antes dos shows.
O sonho de trabalhar como músico se realiza um pouco mais a cada show. A determinação e a dedicação de Hugo possibilitam sonhos cada vez maiores. Ele estuda música profundamente e seu professor de canto é um dos melhores do Rio. O rapaz tenta fazer tudo o mais corretamente possível quando o assunto é música, tudo isso para não sofrer com possíveis erros. “Quando eu tiver com 35 anos e olhar para trás não quero dizer ‘ah, com 20 eu gravei alguma coisa de que não gostei’”. Tudo o que ele quer é extrair o melhor de si. E aprender mais música. Afinal, para ele, é como um estudo convencional. Se você para de estudar, esquece tudo.
O ponto primordial para ele é esse. “Eu tento me dedicar ao máximo para não me arrepender dos produtos que eu fizer”. O cuidado em tomar conta da voz é perceptível. O cantor parou de beber por acreditar que atrapalha. “Quando existe um sonho, é preciso acreditar”. Ser cantor sempre foi um sonho para ele, que se esforça para tornar isso cada vez mais real. São muitos sonhos realizados, e Hugo ainda quer muito mais. Quer gravar um DVD no Maracanã e cantar no Quilômetros de Vantagem Hall, antigo City Bank Hall, além de ter sua música como a mais tocada nas rádios.
Além disso, cantar com Thiaguinho, Ferrugem e Imagina Samba são outras conquistas que ele busca. Dividir palco com o Imagina Samba, inclusive, já realizou. Hugo viajou a Minas Gerais, para o maior festival de Samba local, o “Samba Prime”, no qual dividiu o palco com seus ídolos. Embora a agenda esteja sempre lotada, seja com shows ou com viagens, o sambista sempre procura um tempo para família. “Minha família e amigos são o primordial”. Ele sempre tenta manter a vida pessoal bem normal.
Apesar disso, a vida agitada trouxe muitas mudanças. A falta de tempo foi a principal delas. O trabalho que tinha no laboratório do pai teve que se deixado de lado. E a rotina, como trocar o dia pela noite, foi o principal ponto. Mas para Hugo, com tudo isso, vieram as mudanças boas também. “Minha vida social melhorou muito, conheci mais gente e tenho mais amizades hoje”. Para ele, é complicado conciliar tudo, mas é um esforço muito válido. “Hoje em dia considero que eu não trabalho, porque eu prefiro estar no palco em vez de estar em casa descansando”.
Embora o samba seja hoje um gênero muito difícil de ter sucesso, devido ao seu desgaste na década de 90, ele é também muito válido para cultura do Brasil, pois existe apenas aqui. E quando Hugo fala dessa importância com um sorriso na voz, é possível ver todo seu amor dentro da música. Na Zona Norte, seu nome é bastante conhecido e a ideia é expandir para a grande mídia. “É difícil, mas não tem emoção igual”. E para o libriano, cantar em lugares mais carentes de arte é uma de suas preferências, pois o público sente mais a música e “aproveita melhor o show”.
O plano é, sem dúvida, gravar seu próximo CD/DVD. O projeto que já está montado tem produção do cantor Suel, do Imagina Samba, que inclusive fará uma participação no DVD, chamado de “Hugo em Casa”. A ideia é gravar músicas conhecidas e inéditas, fazer a próxima turnê de uma “maneira bem legal” e ter um registro de tudo. “A previsão é que nos próximos meses a gente consiga colocar tudo isso para ser rodado”. E Hugo espera que desse projeto saia mais um sucesso como “Jeito Indecente”, música mais tocada do cantor. Hoje, ele deseja ser cada vez mais reconhecido por seu trabalho.
Por Thamires Cerqueira