Agência UVA Barra Assistiu: Paloma

Em uma sociedade que impõe limites e barreiras  para pessoas transgênero, toda pessoa teria o mesmo direito de sonhar? O sétimo longa-metragem do cineasta pernambucano  Marcelo Gomes, “Paloma”, trata desta temática. A obra foi premiada com o segundo melhor filme com temática LGBTQIA+  no Festival Internacional de Chicago (EUA), ganhou o prêmio de melhor filme no Festival do Rio, além de faturar os louros de atriz para Kika Sena e prêmio Felix de melhor filme brasileiro.

Foto: Divulgação

A personagem que dá título ao filme é uma mulher trans que vive um relacionamento estável com o cônjuge Zé e tem de cuidar da filha, além do trabalho fixo na colheita de mamões de uma fazenda de médio porte. Ela parece inserida e respeitada dentro comunidade. Entretanto, nutre um desejo de ter um casamento com cerimônia dentro da igreja. A estabilidade de outrora passa a ser colocada em xeque. Apesar de todas as adversidades que se manifestam,  Paloma parece determinada em realizar o sonho.

O filme lança mão de uma linguagem poética e lírica para momentos singelos como a forma descritiva de se enxergar o altar, momentos românticos na praia, longos passeios de moto e a euforia em tomar um banho de chuva. Todavia estes elementos não renunciam a realidade violenta qual a comunidade vem a implicar sobre pessoas LGBTQIA +. O filme não omite a dificuldade de existência por parte destas pessoas no Brasil.

O diretor, Marcelo Gomes, é um diretor que explora a observação e a dinâmica cultural de espaços geográficos e como os personagens lidam com o meio e as pessoas, sem esquecer das próprias questões individuais de cada um. Isso não é diferente em “Paloma”, o filme aborda temas específicos, entre eles a demonstração da fé, e, para isso, o filme aborda as romarias e como a transfobia e a homofobia se dão nesses espaços, além da influência das outras pessoas e da televisão para a construção social de um indivíduo.

A direção utiliza  planos de estabelecimento, isto é, que permitem um olhar mais aprofundado para a identificação de localidades como a igreja e a fazenda onde a protagonista trabalha,  e os planos detalhes com o intuito de enfatizar certos atributos tais quais momentos de afeto, devoção ou consciência de algo.  O uso metódico de close-ups, permite uma conexão mais ampla com os anseios e as emoções da protagonista.

Kika Sena entrega uma performance comovente e complexa, de uma personagem que vive como qualquer ser humano com os acertos e erros. Sena transmite essa verdade em querer viver de forma digna e respeitosa como qualquer pessoa deve ter os direitos humanos universais e a fé e o amor próprio transparecem na atuação da atriz.

“Paloma” é um filme com potencial para a comoção e reflexões em face de construir uma sociedade mais diversa e respeitosa, mas consciente dos obstáculos, da existência de preconceito e dificuldade de empatizar com o outro.

Paloma estreia nesta quinta-feira, 10 de novembro. Confira o trailler:


Márcio Weber – 1° período

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