“Entre Rosas”, dirigido por Pierre Pinaud, é um exemplo de como a comédia francesa é extremamente característica pelos próprios conceitos, o que pode acabar como uma ótima surpresa para quem não é muito fã do gênero. A dosagem de um humor sutil com subtramas dramáticas, dá resultado a uma produção calorosa e aconchegante, perfeita para aqueles dias frios que pedem um bom filme e pipoca.
O longa conta a história de Eve, uma designer de rosas e dona do próprio negócio, florista habilidosa que cultiva uma verdadeira paixão pelo que faz, mesmo à beira da falência. Cansada de enfrentar dificuldades e evitar a venda da empresa à uma forte concorrente do mercado, Eve recepciona três funcionários em ressocialização e sem qualquer preparo em horticultura que a ajudam num plano mirabolante que pretende salvar o destino do legado deixado pela família. Uma aventura atrás de uma rosa rara, que para Eve, acaba por representar uma última esperança de preservar seu negócio e continuar a fazer o que mais ama.

Diferente do que costumam associar ao cinema francês, aqui temos um filme que se mantém em constante movimento. A preocupação em manter a trama acontecendo é uma atenção de Pinaud, que possivelmente, queria fazer um contraste com o ambiente estático que um campo de flores oferece à produção. O resultado é um roteiro bem construído que não deixa o convencional de campo diminuir o ritmo de um longa que ainda precisa ser uma comédia.
É interessante assistir à faceta de uma cultura não tão consumida. A representação de uma vivência na França tão pouco conhecida por aqui, como a rotina de criação e design de rosas, é um perfeito atiçador da curiosidade no espectador e que faz com que seja fácil continuar acompanhando a trama sem qualquer esforço para chegar até o final.
O cenário de “Entre Rosas” conta com uma beleza que, com certeza, foi pensada cuidadosamente para incluir os pontos que fazem a experiência com o filme ser tão positiva. Uma França rural, de céu azul limpo e vastos campos de rosas perfeitamente filmados, um aproveitamento de um ambiente delicado e apaixonante. As imagens exalam uma sinestesia, é quase como se conseguíssemos sentir exatamente o aroma tão específico de cada tipo diferente de rosa.
Não é um filme com destaques nas atuações, mas é um detalhe que ficou longe de atrapalhar a fluidez do roteiro, que por sinal, poderia ter se aprofundado melhor no desenvolvimento dos personagens que acompanham a protagonista. Eles acabam por ocupar grande parte das cenas e, mesmo assim, a sensação do desconhecido por essas peças importantes para a trama é a que permanece. A trilha sonora conta com instrumentais de piano que combinaram com tudo o que estava sendo exibido, um verdadeiro transformador da experiência sensorial com o longa.
“Entre Rosas” é sensível, emocionante e leve. Uma produção que exala toda a ternura do cinema francês, ótima opção para quem busca ter o primeiro contato com o mesmo. O longa estreia no dia 1° de setembro.
Assista ao trailer:
Bruno Barros – 2º período