Unidade de conservação ambiental completa 61 anos em 2022
Em 6 de julho de 1961, era fundado o Parque Nacional do Rio de Janeiro, que anos mais tarde passou a ser chamado de Parque Nacional da Tijuca (PNT). Hoje um dos maiores cartões-postais da cidade, a área de 39,5 km² conta com pontos turísticos como a Pedra da Gávea, Cristo Redentor e Vista Chinesa. Além disso, o PNT também guarda um importante exemplo de recuperação ambiental: a Floresta da Tijuca. No aniversário do PNT, a Agência UVA Barra relembra esse importante capítulo da história.
Segundo pesquisadores, com a chegada dos portugueses no Brasil e a implementação da cultura do café no final do século XIIX, a região da Floresta da Tijuca foi rapidamente devastada e, já no início do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro enfrentava problemas de abastecimento de água por conta do secamento das nascentes. “Com a devastação, que atingiu entre 40% e 60% da mata da Floresta, os mananciais que abasteciam a cidade secaram. Na época, até 1850, por dia, a cidade precisava de 40 milhões de litros d’água, mas só conseguiam captar 6 milhões”, conta o historiador Milton Teixeira.
Confira a reportagem sobre o processo histórico do Parque Nacional da Tijuca:
Por conta disso, em 1861, o Imperador Dom Pedro II, após adotar algumas medidas para conter o desmatamento da Floresta, nomeia o Major Manoel Gomes Archer como o administrador responsável pelo reflorestamento da mata naquela região. De acordo com o Parque Nacional da Tijuca, em apenas 13 anos, mais de 100 mil árvores foram plantadas, principalmente espécies da Mata Atlântica. Depois da saída de Archer do cargo, outros administradores assumiram a função, plantaram novas mudas, e transformaram a Floresta da Tijuca em um ambiente de lazer e visitação.
Hoje recuperada, a Floresta da Tijuca, além de compor um cenário encantador para o Rio de Janeiro, presta uma série de serviços ecossistêmicos, de preservação ambiental, regulação climática, e ainda impacta geograficamente a cidade, dividindo as zonas Norte e Sul. Porém, mesmo o PNT sendo o parque nacional mais visitado do Brasil, com 1,2 milhões de registros em 2020, muitas pessoas passam a frequentá-lo sem nem mesmo conhecer uma parte da história.
É o caso do Matheus Roque, 24 anos, estudante de Letras da UNIRIO que passou a frequentar o setor Floresta do Parque em 2020, como uma forma de encontrar lazer fora de casa durante a pandemia. “Eu não sabia da história da Floresta quando comecei a ir lá. Conheci depois, por conta de um amigo. Hoje acho o Parque muito importante, já que consegue aproximar as pessoas desse ambiente da natureza e falar sobre a importância da preservação”, diz.
Para Hugo Amaral, 45 anos, empreendedor e fotógrafo, a Floresta da Tijuca faz parte de uma importante história da cidade, e serve como um exemplo de que precisamos ser mais conscientes sobre a forma como lidamos com o meio ambiente. Ele diz que enxerga o reflorestamento como “uma forma de refazer um caminho que foi feito de maneira errada na ocupação dos espaços pelo homem na natureza. Quando falamos sobre isso, acredito que podemos fazer o caminho inverso e mudar as coisas”.
De acordo com Cláudio Santana, engenheiro florestal, a história da Floresta da Tijuca ainda representa o maior exemplo de recuperação ambiental realizado no hemisfério sul. Cláudio afirma, que essa foi a primeira, e a grande experiência de restauração ecológica. Entretanto, o especialista e atual Diretor de Arborização da Fundação Parques e Jardins diz que não podemos deixar esse exemplo cair no esquecimento: “Há 200 anos, ficamos sem água por conta da destruição da vegetação nas nascentes da Floresta da Tijuca. Hoje estamos vendo isso se replicar em escala continental, pois estamos perdendo a Floresta Amazônica. Estamos esquecendo esse exemplo micro, e não conseguimos aplicar isso no macro.”
Veja abaixo a entrevista realizada com o historiador Milton Teixeira sobre a história da Floresta da Tijuca:
Gabriel Torres – 8º período