Os impactos das notícias falsas sobre novo coronavírus durante a crise sanitária brasileira
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Chás milagrosos, shots de imunidade, remédios e vacinas envolvidos em teorias da conspiração sobre a Covid-19. É provável que você tenha recebido ou conheça alguém que recebeu alguma dessas notícias falsas em aplicativos de mensagens e redes sociais. A pandemia que se instala em diversos países trouxe consigo o debate sobre os impactos das fake news na saúde pública porque, agora, informação está ligada diretamente à vida.
Na casa de Gabriel Frauches, de 24 anos, o consumo de notícias falaciosas já acontecia antes, mas a chegada do novo coronavírus tornou essa prática mais perigosa. “Sou bastante afetado pelas notícias falsas porque meu pai cai sucessivas vezes nessas notícias. Em relação ao coronavírus, ele não levou nem um pouco a sério os cuidados, o que causou muito problema aqui em casa”, conta Gabriel. O pai, que vai permanecer sem ser identificado por questões de privacidade, faz parte do grupo de risco da Covid-19.
O compartilhamento de informações falsas ganhou novas proporções durante a crise sanitária que se instala no país. Para Michele Cruz Vieira, doutora em comunicação e professora da UVA, o confinamento destacou a valorização da informação, mas sem necessariamente se preocupar com a qualidade. “Eu acredito que esse compartilhamento nesse momento é em virtude da ânsia das pessoas de obterem esse controle da pandemia e de gerarem uma rede de informações de algo tão desconhecido”, explica.
“Existe um caminho que está sendo percorrido de forma acelerada em direção a essa cura”
– Mildred Medeiros
No aspecto científico é preciso comprovação, entretanto, as notícias falsas ignoram esse procedimento. Até agora, ainda não existe cura para a Covid-19, tampouco vacina ou medicamento específico para o tratamento. A doutora em ciências médicas e professora Mildred Medeiros, destaca que, apesar dos esforços, os estudos sobre essa nova doença ainda estão em fase inicial. “Como os primeiros dados são recentes, os estudos científicos que buscam identificar as possíveis formas de tratar e curar essa infecção viral são também muito recentes. O que nós precisamos, certamente, é ficar consciente de que existe um caminho que está sendo percorrido de forma acelerada em direção a essa cura e, mais importante que a cura, existe um caminho que está sendo percorrido para a vacina”, esclarece.
As vacinas, que voltaram a ser pauta de fake news recentemente, são as protagonistas dessa jornada pois imunizaram amplamente as pessoas, tornando mais difícil a disseminação da doença. Enquanto não existe vacina, é válido manter o corpo saudável para um possível embate com o vírus. Apesar de não existir alimentos que aumentem imunidade ou possibilitem a cura, a nutrição pode, e deve, ser aliada nesse momento.
Gustavo Chicaybam, professor e doutor em Bioquímica, explica que alguns alimentos podem auxiliar o funcionamento corporal. Segundo ele, manter uma ingestão calórica e nutricional balanceada é fundamental, mas explica que o sistema imunológico é complexo esses alimentos não têm o poder de proteção viral. “Existem alimentos que contribuem para a nutrição dessas células do sistema imune com por exemplo o gengibre, a cúrcuma, o alho, o chá-verde, o própolis. Na verdade, esses alimentos atuam como coadjuvantes na imunidade”, conta.
É importante ressaltar que a alimentação não impede que o indivíduo exposto ao vírus se contamine. Por isso, as medidas de isolamento social, higienização das mãos e o uso de máscaras permanecem sendo as ações mais eficazes na contenção da Covid-19.
Rafaela Barbosa – 7° Período | Jornalismo