Na última terça-feira (02/05) aconteceu a Pré-Estreia do documentário “O Outro Mundo de Sofia”, com direção do cineasta Rapha Erichsen. O filme foi exibido em duas salas de cinema lotadas de convidados e do público, que teve a oportunidade de conhecer pela grande tela, a realidade por trás de um momento que entrou para a história do país: em 2013, a família de Sofia conseguia a primeira autorização da justiça brasileira para o cultivo de maconha como medicamento para uma síndrome rara. 

Foto: Divulgação

Sofia é uma jovem adolescente de 13 anos que sobrevive com uma condição rara de saúde desde o nascimento. Os pais da menina, Guete Brito e Marcos Lins Langenbach, iniciaram uma batalha judicial para manter e ampliar o cultivo da planta, que descobriram ser uma forte alternativa beneficiadora do tratamento da filha. O longa documenta a batalha dos pais que se colocaram bem no centro de um debate contra a descriminalização da droga, lutando pelo incentivo à pesquisa e estudos científicos em cima da planta e pela desconstrução de inúmeros argumentos proibicionistas. O longa é delicado e didático, e apresenta a realidade desses personagens que, hoje, conseguem ajudar mais de 6 mil famílias por meio da produção de remédios à base de canabidiol em uma fazenda no interior da cidade do Rio de Janeiro, batizada com o nome da filha. 

O documentário conta com a presença de diversos especialistas que ajudam a desmistificar algumas falsas afirmações a respeito da maconha, além de contribuir para a desconstrução do proibicionismo sob diferentes pontos de vista. O pastor e deputado federal Henrique Vieira, o neurocientista e biólogo Sidarta Ribeiro, a socióloga Julita Lemgruber e o filósofo Francisco Bosco são alguns exemplos dos profissionais que ajudaram na defesa da pauta, com os argumentos dados por cada experiência e área de estudo. 

O diretor Rapha Erichsen já havia introduzido a história de Guete e a familia em projetos anteriores, durante o filme “Ilegal: A Vida Não Espera”, que explorava a vida de várias mães que desafiavam a lei para conseguir remédios à base da planta para os filhos. Alguns anos mais tarde, decidiu por retornar à história e contá-la sob uma perspectiva completamente diferente. “Minha ideia original era fazer um curta metragem para explorar mais sobre como seria essa história pelo ponto de vista da Sofia”, diz durante a apresentação do filme antes do início da sessão. 

Essa ideia é a responsável por transformar todo o projeto numa das peças mais importantes para todo o debate que ainda é tão relutante por preencher as pautas de discussão entre as pessoas. A liberdade do roteiro para imaginar o que circula por entre os pensamentos de Sofia – que por conta de sua situação, não consegue se comunicar — traz toda a sensibilidade do caso para o documentário. A aproximação para com esses personagens facilita toda a didática sobre o assunto, algo que o filme produz de maneira enriquecedora. A irmã mais nova de Sofia, Beatriz Langenbach, narra o que seriam as mais profundas contemplações da jovem, um texto emocionante e delicado que não encontra dificuldade em sensibilizar todo o público espectador. 

O filme cresce para abordar outras pautas relevantes relacionadas à temática principal, como a discussão sobre como a guerra contra as drogas ainda é utilizada como álibi para a violência contra a população negra e pobre do Brasil, que a todo momento faz uma nova vítima fatal para as estatísticas. 

Durante a pré-estreia do documentário, Guete Brito comenta sobre a principal contribuição do filme para a sociedade. Confira no vídeo abaixo:

Utilizando uma das analogias do próprio filme, “O Outro Mundo de Sofia” é um mergulho profundo num tanque de água que esconde toda a complexidade e diversidade dos benefícios que o cultivo da Cannabis é capaz de oferecer à saúde de toda uma sociedade. O filme estreia no dia 08 de maio, no canal GNT e ficará disponível para os assinantes do streaming Globoplay +Canais. Assista ao trailler!

Bruno Barros – 3° período