Agência UVA Barra assistiu: “O homem ideal”

Foto: Divulgação – Fênix Filmes

Ao pesquisar um pouco mais sobre o Diretor, Roteirista e protagonista do filme “O Homem Ideal?” (M’esperarás?), Carles Alberola, espanhol de 55 anos, é possível entender porque o filme ter várias semelhanças com uma peça teatral, bem como as inúmeras referências a autores do período clássico. O filme é baseado numa peça de teatro de mesmo nome, também escrita por Alberola e vencedora do “Prêmio Palanca e Roca de Teatro” no Prêmio Literário Ciutat Alzira de 2013 e tem em seu elenco o mesmo grupo de atores.

Alberola confessa ter como referência as adaptações cinematográficas das comédias do escritor “Neil Simon”, detentor de muitos sucessos na Broadway, mas é perceptível que, cinematograficamente falando, há uma proximidade muito grande com a linguagem narrativa de Woody Allen.

Rubén, protagonista do filme, é uma persona construída sob os mesmos moldes utilizados pelo renomado cineasta americano: um escritor e professor neurótico (olha a referência!), inseguro, sem confiança em si mesmo, que sofre de crise de ansiedade e depressão e com claros problemas de autoestima, o que cria muitos obstáculos para começar e manter um relacionamento. Em compensação, é romântico, sensível e com uma certa dose de bom humor.

Foto: Divulgação – Fênix Filmes

Trata-se de uma comédia verborrágica de quase 90 minutos ininterruptos de diálogos construídos respeitando cada característica dos personagens, bem como evoca questões e dilemas morais e existenciais com base em frases, ditados e livros de autores épicos da história da literatura mundial. O filme brinca com a metalinguagem e, por algumas vezes, afirma que a ficção é a solução para as aflições humanas. Tal como grande parte das peças de teatro, o filme se passa 90% do tempo num só ambiente, o apartamento de Rubén.

O conflito principal, que rege toda a narrativa e subtramas do filme, se dá quando após uma rápida apresentação ao espectador do protagonista Rúben, um casal de amigos, Raquel (Cristina García) e Jaume (Alfred Picó), com um relacionamento aparentemente bem estruturado, resolve convidar uma amiga em comum para conhecê-lo, mas a tarefa mostra-se mais complicada do que parece. A única disponível era Pilar (Rebeca Valls) e, para não cometer spoilers não entrarei em detalhes da personagem.

Em sua direção, Carles Alberola fez questão de apresentar um olhar construído a partir da ótica teatral, onde planos com amplo espaço do cenário e presença dos personagens de corpo todo são montados e um pouco mais demorados, contrastando com a visão cinematográfica de detalhes de objetos e ações, com cortes secos e mais acelerados. Quando um personagem sai de cena não há necessidade de acompanhá-lo, destacando de maneira presente o trabalho do extracampo. As ações continuam, mesmo quando não evidenciadas pelo olhar da câmera.

Com orçamento de filme B, 400 mil euros, apenas um cenário, pequenas cenas e inserções de locações da cidade de Valência, e quatro atores, o cineasta mostrou ser possível construir uma divertida e melancólica narrativa melodramática pautada na força do diálogo e da psiquê humana e suas questões morais e sociais. O filme estreia dia 05 de setembro nos cinemas.

Kadu Zargalio – 4º Período | Produção Audiovisual

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