Agência UVA Barra Assistiu: O Último Ônibus

Protagonizado por Timothy Spall, experiente ator britânico que soma títulos variados com grande repercussão no meio cinematográfico como “Segredos e Mentiras” (1996), “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (2007), “O Discurso do Rei” (2010” e um papel recorrente em mais de um filme da franquia “Harry Potter”. Agora o espectador brasileiro terá oportunidade de acompanhar uma história protagonizada inteiramente pelo veterano intérprete, trata-se de “O Último Ônibus”, dirigido por Gillies MacKinnon, contando a história de um idoso que embarca em uma jornada inusitada.

Foto: Divulgação

Tom (Timothy Spall), é um homem de 90 anos que ao se ver viúvo decide viajar à casa que morava com a esposa cinquenta anos atrás, mas que para isso precisa encarar uma distância elevada, as adversidades no meio do caminho e os agravantes da idade avançada. No trajeto ele terá de enfrentar um mundo como nunca viu e as mudanças constantes provocadas pelos novos impactos culturais ao redor da Grã-Bretanha para honrar os seus princípios e a memória afetiva dele.

A história é dividida entre a recordação e os acontecimentos presentes, isto é, convida sucintamente o espectador a revisitar a vida pregressa de Tom, trazendo o cotidiano dele mais jovem com a esposa, o jardim que simboliza o lar e a união estável do casal, até estabelecer o luto e o acontecimento central da trama: a busca para se reconectar com o passado não importando os riscos e as dificuldades encontradas no meio do percurso. Os estranhos encontrados pelo caminho são incógnitas, se por um lado podem ser curiosos, gentis e hospitaleiros, também podem ser hostis e uma ameaça para integridade física e moral de uma pessoa. São nesses  encontros que os conflitos e o arco de desenvolvimento do personagem são apresentados.

O roteiro concilia um tom agridoce mostrando o drama de um personagem com limitações físicas evidentes e o abatimento emocional de um idoso viúvo, com o desafio universal de atravessar o país por meio de um transporte público. A produção tenta extrair tanto o cômico, a leveza, os dramas e a vulnerabilidade de uma pessoa a qualquer tipo de acontecimento, apesar de apresentar a condição afetiva e física de Tom e situações imprevisíveis. Porém, a trama se enfraquece pela dificuldade de traduzir para o fim da jornada para além do fator da superação e clichês do gênero.

A caracterização de Tom é um trunfo do filme que aliado a um trabalho de maquiagem fidedigno traz a sensação do ator ser de fato mais velho do que ele realmente é. Somado ao figurino funcional que auxilia a composição do fundo dramático idealizado para o personagem. Outro aspecto bem trabalhado pelo projeto são as locações que propiciam um olhar para aspectos climáticos e regionais da Grã-Bretanha e a tensão provocada pelo confinamento e o espaço comprimido dos ônibus e a diversidade de locais nos pontos de espera.

Timothy Spall não apenas é o principal nome do elenco, como o centro do filme e nele consegue transmitir a solidão e a vulnerabilidade,  explorando o repertório corporal expressivo para compor o personagem. Todavia, a estrutura e o ritmo do filme impedem que a interpretação tenha um peso maior.

“O Último Ônibus” é um filme que apesar de não conseguir utilizar de toda potência, propõe uma jornada inesperada e pode gerar interesse por uma história inspiradora e reveladora e protagonizada por um nome de peso da indústria cinematográfica. Com distribuição da Pandora Filmes, a produção estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (01/06). Confira o trailler!


Márcio Weber – 2° período

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