Feriado do dia 21 de abril serve para manter a memória do herói e do país viva
No dia 21 de abril de 1792, pela manhã no Rio de Janeiro, aconteceu a execução pública de Joaquim José da Silva Xavier, um homem de 45 anos que passou anos da vida lutando pelo que acreditava, a liberdade e independência democrática do povo brasileiro. Mesmo após 231 anos, Tiradentes, como é conhecido, é homenageado anualmente pelo seu heroísmo e dedicação ao Brasil. Em um calendário de feriados nacionais com apenas oito datas fixas, o feriado do dia 21 existe para manter a história viva.
O Brasil é um país marcado por diversas lutas pela liberdade, por períodos ditatoriais e muito esforço em prol do estado democrático, o que torna a valorização da memória política essencial. Tiradentes é um símbolo eternizado da resistência e da luta contra a opressão, e deve ser lembrado como tal.
“O único jeito de lembrarmos e honrarmos os sacrifícios e as conquistas daqueles que vieram antes de nós é através da história, esse é o principal propósito dela.” é o que afirma o professor de história e colunista político Pedro Henrique Corrêa. “Nas escolas onde eu ensino, meus alunos têm em torno de 13 a 17 anos, acredito que a maioria conhece a história da Inconfidência Mineira, mas sempre procuro reforçar o motivo de ainda falarmos sobre Tiradentes, gosto de pensar que consigo fazê-los refletirem um pouco sobre onde o país estava naquela época, colonial, e onde estamos agora. Tiradentes foi morto lutando e até hoje a luta continua, na esfera social, política, econômica.”
A importância da democracia é uma questão constante na trajetória do Brasil como país, e a luta por ela é uma tarefa que exige vigilância e engajamento de toda a sociedade. A cientista social Júlia Cosme, que atua na área de desenvolvimento social do Estado de Minas Gerais, reafirma a importância desta lembrança para a sociedade. “Tiradentes não só foi morto, ele foi linchado em praça pública, hoje as pessoas são linchadas virtualmente, a cultura de derrubar quem pensa diferente ainda existe, lutar por ideais e pela própria manutenção da democracia ainda é necessário, talvez mais do que deveria ser em 2023, infelizmente”.
Existem algumas formas práticas de preservar a memória política. É preciso um esforço conjunto de toda a sociedade. Instituições públicas, organizações da sociedade civil e os cidadãos em geral podem se dedicar a resgatar, preservar e difundir a memória política do país por meio de iniciativas como museus, centros de documentação, monumentos e comemorações, como está acontecendo com o Palácio Tiradentes.
Em comemoração a data festiva, o Palácio Tiradentes reabriu suas portas para a visitação pública. O espaço passou por uma renovação de cortinas, estátuas, lustres e a mobília de madeira, de quase 100 anos de existência do Palácio, foram recuperados e o Salão Nobre, com seu teto de pinturas em afresco, também foi restaurado.
A visitação é gratuita e oferece uma aula de história do Brasil enquanto os visitantes exploram o local. “Isso é muito legal, a história ser contada com a ajuda de espaços, objetos, museus torna a experiência mais interessante, mais palpável, não são só nomes em livros, mas ali, a cadeira onde essa pessoa sentou, ali, o pijama que Getúlio usou, preservar esses objetos também faz parte”, acrescentou o professor Pedro Henrique Corrêa.
As visitas devem ser agendadas pelo e-mail cultura@alerj.rj.gov.br. Há vagas para 50 visitantes de manhã e 50 à tarde, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Os guias são estagiários dos cursos de História, Ciências Sociais e Relações Internacionais, sendo possível, ainda, realizar a visita guiada em inglês. O tour tem duração de aproximadamente 40 minutos e pode ser em grupo ou individual.
Lia van Boekel – 8° período