Ser jornalista no Brasil

Em meio ao aumento da violência aos profissionais, o dia do jornalista evoca o direito à liberdade de imprensa

A construção da pauta e a elaboração da reportagem, os momentos de apuração e entrevista com fontes para os últimos segundos que antecedem a entrada ao vivo, o jornalismo é empenhado em informar 24 horas por dia. Uma tarefa, ao mesmo tempo, apreciada e reprimida, logo, o dia do jornalista, 7 de abril, se direciona para além das homenagens e reforça o respeito, como também, o livre direito da prática da profissão.

Em tempos atuais, não há como não refletir o exercício do jornalismo na sociedade sem apontar os ataques na área. Branca Andrade, repórter do SBT, e Leandro Matozo, repórter cinematográfico da Rede Globo, já sofreram censura e violência ao exercerem o trabalho.

Em 25 de fevereiro, Branca Andrade estava ao vivo no SBT Rio para noticiar a greve no BRT quando foi intimada e coagida por dois homens, que se intitulavam funcionários da prefeitura. Impedida de comunicar o fato, a jornalista descreve o episódio como lamentável e desnecessário. “Não podia desligar a câmera, não podia me permitir ser calada quando estava certa, em um espaço público, defendendo os interesses da população”, conta Branca.

O vídeo viralizou nas redes sociais e o ato foi registrado como fato atípico na justiça. Segundo Branca, ninguém será preso, porém o inquérito seguirá para descobrir se existe alguma associação criminosa após a contratação dos seguranças. “Esse processo de descredibilização da imprensa tem culminado em ataques a jornalistas que “mexem” com interesses e tornam públicos fatos que abalam estruturas sociais escusas. Mas, a imprensa não pode se intimidar, jamais”, acrescenta a repórter.

Branca Andrade comenta sobre o suporte recebido pela comunidade jornalística e civil.


De Rio de Janeiro para São Paulo, o repórter cinematográfico Leandro Matozo foi agredido por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro no momento de descanso, ao esperar a confirmação da entrada ao vivo na GloboNews. Na cobertura do feriado de 12 de Outubro de 2021, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida no interior da cidade, o evento recebeu a visita de Bolsonaro e outras autoridades políticas. O agressor se aproximou e deu uma “cabeçada” no nariz de Matozo, o que resultou em sangramento. “Isso fere a nossa liberdade, porque são marcas que a gente nunca esquece”, declara Leandro.

De acordo com Leandro Matozo, a violência contra os jornalistas aumentaram devido ao fanatismo político de uma parte da população. Sobretudo, o comprometimento do jornalismo é com a notícia, mas percebe-se como o discurso de ódio replicado pela superioridade impacta negativamente no cotidiano. “O dia do jornalista é um dia de reflexão para pensar na importância de quem cobre e faz a notícia”, diz Matozo.

De acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), os casos de violações à liberdade de imprensa e de expressão no Brasil aumentaram em 21,69% em 2021, ou seja, um número maior comparado ao ano de 2020. Michele Vieira, professora do curso de Jornalismo da UVA campus Barra, contextualiza os dados sob o atual momento político. “O governo Bolsonaro adotou não só uma postura de agressão corporal e direta ao jornalista, mas promoveu nas redes sociais um discurso de ódio à imprensa, ele a colocou como inimiga do governo”, explica a docente.

Michele Vieira avalia a posição do jornalismo no Brasil.

No começo da profissão, Michele sofreu assédio moral ao fazer uma reportagem com o objetivo de relatar um rompimento de canos no Maracanã pela CEDAE. Ao representar um veículo, a jornalista percebeu uma desqualificação e o episódio a marcou. “Os jornalistas têm o respaldo de algumas instituições, a proteção da Anistia Internacional e do Ministério Público. Eles podem recorrer aos sindicatos e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo”, comunica Michele.

O dia do jornalista é para relembrar em como o trabalho da imprensa é exclusivamente aos cidadãos. O quarto artigo do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros descreve o que rege cada profissional todos os dias: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação”.

Pedro Amorim – 6º período

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