
“O Último Jogo”, novo filme do diretor Roberto Studart, conta a história de uma disputa futebolística entre duas cidades do interior, localizadas na fronteira entre Brasil e Argentina. Belezura, que fica do lado brasileiro, está prestes a perder a principal fábrica do local, que vai se mudar para a parte argentina. No meio disso, uma partida de futebol entre os dois vilarejos passa a ter importância de uma final de copa do mundo para os moradores.
O filme, que é o primeiro trabalho de ficção de Studart (conhecido por dirigir documentários), foca no amor pelo futebol e como o esporte pode representar mais do que uma simples partida. A história, que é uma livre adaptação do livro “O fantasista” de Hernán Rivera Letelier, tem um humor que trabalha com estereótipos bem característicos desse tipo de narrativa. A cidade, Belezura, transmite uma sensação de realismo fantástico que é muito atribuída aos tipos que rodeiam o lugar. O cafajeste, o dona da venda, o estranho que chega como uma salvação. Esses e outros personagens são trabalhados de maneira bem divertida e na medida certa dentro do que o filme se propõe.
O roteiro assinado por Roberto Studart e Ecila Pedroso tem uma estrutura dividida pelos dias da semana, que faltam até a partida final. Essa escolha acaba dando um toque seriado para o longa, como se fosse a divisão de capítulos de um livro. O que acaba dando um ritmo mais arrastado para a obra e prejudica o arco dramático. Fora o fato de que o filme não se aprofunda muito em nenhum personagem, até mesmo o protagonista “Califórnia”, interpretado por Pedro Lamin. Ele é o que mais chega perto de ter um arco narrativo, porém, é pouco desenvolvido.
Assim como o protagonista, o resto do elenco de apoio não tem muita evolução. Porém, os atores conseguem driblar essa dificuldade com carisma e um tempo de comédia bem preciso. “Lola” e “Expedito”, vividos por Juliana Schalch e Bruno Bellarmino, conseguem trabalhar os personagens mesmo com pouco material, principalmente, utilizando trejeitos únicos. O destaque fica para Norberto Presta, que interpreta “Alberto”, o divertido técnico argentino que treina o time brasileiro, tem os melhores momentos cômicos e o ator consegue imprimir muita energia durante as cenas.
“O Último Jogo” tem uma proposta diferente para filmes de esporte. Nada de uma história de superação ou de trabalho em equipe para a conquista de um título. O foco de Roberto Studart está nas situações cômicas que movem a história, mas sem ser algo exagerado ou que vá para um humor pastelão. O diretor consegue falar sobre a paixão e fascínio que o futebol exerce sobre as pessoas de maneira leve e divertida. O roteiro peca um pouco no ritmo e desenvolve pouco os personagens, que mesmo assim, conseguem conquistar o espectador pelo bom trabalho dos atores.
O longa estreia no dia 20 de maio, nas cidades em que os cinemas estão abertos, e no dia 10 de junho nas principais plataformas digitais de aluguel de filmes. Assista ao trailer do filme O Último Jogo:
Lucas Souza – 5° Período – Jornalismo