Histórias de como o ensino superior está além da sala de aula
O Jornal Nacional faz mais uma atualização do número de infectados pela Covid-19 que encerra no “boa noite” vazio do jornalista. Em seguida, a novela “Amor de Mãe” mostra a esperança infinita de uma mãe em busca de um filho perdido. O público do BBB já aguarda ansioso pelas novidades da casa mais vigiada do Brasil. Nos mercados, é possível ver ovos de páscoa reluzentes e caros. O mês de março de 2021 é o retrato de um futuro que repete o passado do ano que se foi.
O cenário descrito poderia ser sobre 2020 ou 2021 sem que causasse estranheza ao leitor. Apesar de separados por mais de 365 dias, o Brasil ainda enfrenta os desafios provocados pela Covid-19. Entretanto, muita coisa mudou de lá pra cá. O brasileiro aprendeu sobre N95, RT-PCR, cepas, distanciamento social e níveis de eficácia da vacina.
O país se prepara para os desafios que tem pela frente. Na educação não poderia ser diferente. Professores e alunos reúnem o que aprenderam ao longo do ano de 2020 para repensar o futuro.
É tudo pra ontem
A educação foi uma área bastante afetada pela pandemia. Milhares de alunos tiveram que se adaptar com a virtualização das aulas. Na Universidade Veiga de Almeida, funcionários se organizaram desde o início para manter as atividades e em quinze dias a sala de aula física abriu espaço para milhares de novas salas, cada um em sua casa, mas sem perder a empatia pelo momento. Beatriz Balena, reitora da UVA, foi uma das responsáveis por isso.

Beatriz se comprometeu em realizar reuniões com os alunos para ouvi-los, entender os problemas e buscar soluções. Uma das medidas adotadas é a assistência psicológica gratuita para funcionários e estudantes através da marcação na área de psicologia e do setor de recursos humanos. O objetivo é minimizar os efeitos negativos da pandemia na saúde mental de quem faz parte do time UVA. A ação beneficia quem precisa de tratamento e ajuda a formar o futuro profissional para o mercado.
Outra novidade é a parceria da Universidade com a plataforma Workalove. A iniciativa foi anunciada na live inaugural do período de 2021.1 com Fernanda Verdolin, CEO da Workalove. Para Beatriz Balena, essa parceria é um marco da sua administração. “É isso que a minha gestão como um todo e a política institucional está comprometida: com o sucesso do nosso estudante”
Ouça o áudio de Beatriz Balena sobre a parceria da UVA + WorkaLove
Entre as lições que ela leva para o futuro, o aprendizado que teve nesses mais de 365 de gerenciamento de crise foi o mais importante. Além de ter que manter a equipe alinhada, ela teve que repensar a forma de gerir, uma vez que planejamentos a longo prazo já não eram viáveis.
“A gente aprendeu muita coisa. Principalmente, a gente aprendeu que planejamento e liderança se faz com pessoas e não para pessoas”
Beatriz Balena
Beatriz teve que liderar a UVA durante a pandemia que ainda segue presente na rotina do brasileiro. Ela não fez isso sozinha, foi preciso manter outros membros da equipe engajados em manter todas as engrenagens funcionando.
Cale o cansaço, refaça o laço
Manter todos os professores e alunos unidos foi uma tarefa que a Diretora Acadêmica do campus Barra, Nara Iwata, teve que enfrentar, mas não foi o único desafio. Nara mantinha um relacionamento próximo com os alunos e o campus, mas teve que reinventar essa relação.
“O campus Barra era praticamente minha primeira casa. Ter que sair de lá, ficar 6 meses sem voltar e agora voltar esporadicamente é muito estranho. É como se eu tivesse sido tirada de casa.”
Nara Iwata
Nara foi testemunha do que as pessoas são capazes de fazer quando usam da empatia. Segundo ela, esse foi o grande ensinamento desse período. “Houve uma empatia entre alunos e professores que nunca se viram presencialmente. A gente se tornou mais próximo dos outros”, disse.

Ouça o áudio de Nara sobre a aproximação que ocorreu na virtualização.
Do sentimento de sair de casa, a Diretora Acadêmica do campus Barra se viu diante de um fenômeno que aconteceu diante das telas de computador e smartphones que pode ser resumido em uma palavra: ubuntu, vocábulo de origem Zulu que significa “sou o que sou pelo que nós somos”.
Partir, voltar e repartir
A pandemia trouxe a empatia e a solidariedade como pautas cotidianas. Alunos e professores utilizaram desses sentimentos aflorados para manter projetos em andamento e reformular a atuação.
A professora Carla Moura, do curso de Direito do Campus Barra, coordena um projeto que tinha como missão fazer valer a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU que visa o acesso à água limpa e saneamento. Além disso, ela lidera NUPPS – núcleo de pesquisas e práticas sustentáveis da UVA Barra e comanda uma ação coletiva chamada “Multiplicando Amor” que atua no amparo de vulneráveis
Nenhuma atividade foi paralisada. O projeto da ODS 6 virtualizou todas as ações e conseguiu manter a comunidade do Terreirão, onde atua, engajada. O “Multiplicando Amor” segue com ações pela cidade e já conseguiu enviar ajuda para outros lugares do Brasil. O NUPPS se atualizou e propôs eventos e debates multidisciplinares sobre sustentabilidade. Em cada projeto, havia a vontade de Carla e dos estudantes de manter as atividades, apesar de tudo.
“Esse apoio grupal e as possibilidades que a tecnologia nos oferece foram fundamentais para que pudéssemos continuar fazendo tudo o que acreditamos que pode transformar o mundo através da empatia e da solidariedade”
Carla Moura
Paulo Marcio, é um desses alunos de Carla. Ele fez parte do NUPPS e ajudou na continuação do projeto virtualizado. Para Paulo, as lições que 2020 deixou serão colocadas em prática a partir de agora.
“Fazer com que as coisas realmente valham a pena, é o que eu espero na minha vida como um todo. Poder pegar todas essas lições, tudo que eu aprendi com todos esses desafios que foram enfrentados em 2020 e poder colocar tudo isso em prática e fazer valer a pena”
Paulo Marcio
Paulo faz parte de um grupo de alunos que comprou a ideia de tornar o mundo um lugar melhor. Juliana Severo Lopes Prado, aluna egressa do curso de psicologia, fez parte da Comissão Organizadora da V Feira de Práticas Sustentáveis. Durante a Feira, ela ainda era aluna e viveu na prática os desafios de ter que repensar um evento virtualmente.
“Foi uma experiência muito boa! Tivemos que nos adaptar e nos reinventar, encontrar a força e a coragem na dor e seguir em frente. Essa lição ninguém ensina, além da vida”
Juliana Severo.
A V Feira de Práticas Sustentáveis foi organizada pela professora Lurdes Domingos. A feira teve como tema “2020, o ano do distanciamento social: Lições, Reflexões e Ações”, trazendo o contexto pandêmico para o centro dos debates. Ela já planeja a próxima edição que vai trazer um debate sobre o futuro a partir de uma perspectiva de pandemia.
Ouça o áudio de Lurdes Domingos sobre as expectativas para a próxima Feira de Práticas Sustentáveis
Olhar para o amanhã não é tarefa fácil. A reflexão sobre os dias e ensinamentos se faz necessária para que não se cometam os mesmos erros. De olho no futuro, alunos, professores, coordenadores e a reitoria se preparam para levar para os próximos anos tudo o que aprenderam nesse um ano de pandemia no Brasil.
Sujeito de sorte
A música de Belchior chamada “Sujeito de sorte” traz a narrativa de alguém que sofreu, mas é grato por seguir vivo. Um dos versos voltou a ser compartilhado por conta de uma releitura do rapper Emicida, a música diz “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. No ano de 2021, o verso de Belchior extrapola a licença poética para uma realidade brutal. O Brasil vive um momento crítico e talvez o pior momento na pandemia. Ainda assim, funcionários e estudantes seguem as atividades. A reitora Beatriz Balena acredita que o cenário atual faz com que a universidade seja também um local de formação de humanidade.
Assista ao vídeo de Beatriz Balena sobre a Universidade como local de experiências
Dificilmente alguém poderia imaginar que de março de 2020 a março de 2021 o país enfrentasse tantos desafios. Os pequenos prazeres que Beatriz ressalta foram capazes de manter a vida possível para algumas pessoas. Desvendar que março de 2022 pode trazer é tarefa fadada ao fracasso. Enquanto isso não acontece, alunos e professores seguem as atividades na esperança de construir hoje as mudanças que querem para o futuro.
Rafaela Barbosa – 8º período










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