Agência UVA Barra assistiu: Mulher-Maravilha 1984

Foto: Divulgação

“Mulher-Maravilha 1984” apresenta a super-heroína amazona anos depois dos eventos do primeiro filme. Na trama, Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot), vive sozinha nos Estados Unidos, dividindo seu tempo entre o trabalho, em um museu de antiguidades e o combate ao crime. Porém, tudo muda quando um artefato misterioso, que concede desejos às pessoas, é roubado pelo empresário de petróleo, Maxwell Lord (Pedro Pascal), que pretende usar o objeto para se tornar o homem mais poderoso do mundo.

A diretora, Patty Jenkins, que também dirigiu o primeiro filme, sempre disse em entrevistas que era fã da série clássica da Mulher-Maravilha. Por essa razão, é fácil entender a escolha de ambientar essa nova aventura nos anos oitenta. A nostalgia está presente em vários elementos, tanto nos aspectos visuais quanto narrativos.

O humor desbocado, o vilão caricato, o amor impossível, essas características que poderiam ser pontos negativos, aqui fazem parte da proposta e são mais uma forma de homenagear a década de oitenta. A recriação de época é perfeita, o espectador é transportado para aquele período. O figurino, os penteados, os carros, a tecnologia está tudo presente, com um toque bem realista e bastante colorido.

O diretor de fotografia, Matthew Jensen, consegue compor as cenas de uma maneira muito vibrante, abusando dos tons mais quentes, deixando as cenas leves e bem próximas dos quadrinhos.

Um ponto negativo é que em determinado ponto, principalmente no clímax, a direção e o roteiro abandonam esses elementos e acabam apresentando algo mais tradicional de filmes do gênero de heróis. Com cenas bem escuras e lutas pouco inspiradas, o brilho do início da história acaba se perdendo nesse trecho.

O elenco encarna o espírito oitentista da obra. Pedro Pascal como Maxwell Lord é engraçado e canastrão ao mesmo tempo. Chris Pine, que volta como Steve Trevor, também gera boas cenas de humor. O destaque fica mesmo com Gal Gadot interpretando Diana Prince/Mulher-Maravilha e Kristen Wiig como Barbara Minerva/Mulher-Leopardo. As atrizes conseguem transmitir bem as diferentes faces das suas personagens e como uma virá a antítese da outra.

Porém, apesar disso o maior problema de “Mulher-Maravilha 1984” está justamente naquilo em que o longa deveria ter como base, o empoderamento femino. O roteiro escrito pela diretora Patty Jenkins, em parceria com Geoff Johns e David Callaham, em diversos momentos chaves coloca a protagonista como dependente do seu amor por Steve Trevor (Chris Pine). De forma parecida a personagem de Kristen Wiig depende da ajuda de Maxwell Lord (Pedro Pascal), para conseguir seus poderes e se reafirmar.

Existem também algumas cenas que reforçam estereótipos. Por exemplo, uma mulher só se sentir bonita usando salto alto ou que para ser feliz ela precisa estar com um par romântico. São pequenas coisas que podem passar despercebidas, por uma parte do público, mas que deveriam ter sido melhor trabalhadas, principalmente, levando em conta a figura que a Mulher-Maravilha representa e o papel que ela tem para uma geração inteira de mulheres.

Em contrapartida, a narrativa consegue passar uma mensagem muito importante na figura do artefato que realiza a vontade das pessoas. Os maiores desejos podem gerar muitas dores e arrependimentos. E às vezes é preciso abrir mão das coisas que se quer para poder amadurecer.

“Mulher-Maravilha 1984” é um longa que entrega cenas divertidas e engraçadas. A diretora, Patty Jenkins, se apoia na nostalgia dos anos oitenta para entregar uma aventura leve e descompromissada. Entretanto, o filme não consegue equilibrar esses bons momentos com a representatividade que a maior super-heroína dos quadrinhos precisa ter.

Lucas Souza – 4º período

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s