Mães adaptam suas rotinas para conseguir trabalhar e cuidar dos filhos sem sair de casa

O isolamento social afetou a rotina de todas as pessoas, mas tem um grupo que sempre precisou administrar duas realidades: a profissional e a maternidade. Ser mãe em época de quarentena vem mostrando novos métodos de adaptação: trabalho, casa, família, tudo no mesmo lugar. 

A psicóloga Solange Oliveira diz que houve uma demanda de mães que procuraram por terapia ao longo do isolamento, uma vez que se sentem sobrecarregadas em casa, onde antes era um local de relaxamento. “Elas precisam lidar com as incertezas, inseguranças e angústias geradas pela pandemia. Ao mesmo tempo, o aumento das responsabilidades práticas em casa e no trabalho”. Solange também confirma que é importante que as mães não esqueçam de cuidar delas próprias, porque se estiverem bem, a nova rotina flui com mais facilidade. 

Para a advogada Liana Lutz e mãe de Davi a nova experiência abalou o psicológico. Mesmo com dificuldades no início, Liana diz que tenta se policiar o máximo possível para que tenha consciência que, mesmo que seja um cenário novo, ela tem que saber que está dando o melhor de si. Uma cobrança que toda mãe com dupla carga horária sempre se impôs no dia a dia.

A advogada também conta que o maior desafio como mãe durante a quarentena é conseguir deixar o filho menos entediado possível, principalmente quando o assunto é escola. “Mesmo que a escola faça lives ou mande exercícios, é muito difícil manter uma criança de três anos na frente de um computador ou explicar que é necessário que ele faça as tarefas”. Como solução, Liana usa a parte do dia para brincar e distrair seu filho com atividades diversas que exercite a imaginação e novos aprendizados e, durante a noite, se dedica ao trabalho como advogada.

Confira como Liana Lutz se adaptou à mudança das atividades:

Mãe de primeira viagem durante a quarentena

A experiência maternal começou durante o isolamento para a professora e mãe da recém-nascida Maria Joana, Iris Pessoa. O psicológico da nova mãe foi abalado pelo medo. Além de cuidar da sua própria saúde e se precaver do COVID-19, Iris fica receosa com a saúde da filha. “Eu estou com muito medo de ir na rua. Se estiver com a bebê, sinto mais medo ainda. Tenho inclusive receio de que esse medo se torne patológico”.

Iris também fala que a gravidez, neste momento, foi a maior loucura que viveu em sua vida. Apesar de ter sido um dos melhores momentos, ela foi surpreendia com a suspensão de todo o seu planejamento, principalmente com ajuda que receberia após o nascimento do bebê pela sua mãe. “Apesar de estar com meu marido o tempo todo, me senti um pouco desamparada e perdida no início. Precisei aprender as coisas todas meio que na “marra” e não tinha quem revezar os cuidados da bebê conosco para que pudéssemos descansar”, afirma. 

A quarentena pode trazer união e fortalecer laços. A psicóloga Solange diz que essa experiência é um desafio para todos os integrantes da casa, dando a oportunidade de um apoiar ao outro e, assim, mostrando cuidado ao próximo. “Esse embora seja um momento desafiador contribui significativamente sobre como uma família pode ser mais funcional”.

Mesmo enfrentando todas as dificuldades, as mães também enxergam o lado positivo. Iris afirma que aprendeu os cuidados com o bebê de forma mais rápida e que está criando suas raízes maternais baseado naquilo que acredita ser correto. “Estarmos só nós três em casa nos fez descobrir a família que a gente formou mais rápido e mais intensamente”. Já para Liana, a quarentena possibilitou que ela pudesse ficar mais tempo com Davi, sem culpa de passar uma parcela do dia longe dele. “Além de descobrir que damos conta das nossas obrigações, não tem coisa melhor que passar o dia grudada com o meu filho”, conclui. 

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Isabella Lutz – 7º período / Jornalismo