A saúde física e mental de quem está vivendo em isolamento social por conta do novo coronavírus
As ruas mais vazias da cidade anunciam a quarentena que se estabelece por conta de uma ameaça real, ainda que invisível a olho nu: o novo coronavírus. Centenas de pessoas se resguardam a fim de manter longe esse vírus com mais de 1 milhão de infectados no mundo e cerca de 70 mil mortes. No Brasil, já são mais de 14 mil infectados até o momento que essa reportagem foi escrita. Junto da quarentena surgiu outra ameaça: a solidão.
Luzinete Melo tem 82 anos, mora sozinha, mas sempre teve a casa cheia. Se arrumava aos domingos para ir à missa e comprar frutas e legumes no sacolão no caminho de volta para casa. Com a chegada do novo coronavírus ao Brasil a rotina teve que se modificar. As missas são assistidas pelo celular ou pela televisão e a saudade da família é resolvida com videochamadas. “A primeira semana foi ruim, a segunda mais ou menos, agora eu me acostumei com a escravidão de ficar presa”.

A psicóloga Mariana Soares, pós graduanda em Psicologia Clínica, alerta para alguns perigos que o isolamento social pode causar nas pessoas. Segundo ela, o bombardeio de notícias, a solidão e a autocobrança podem trazer danos psicológicos. “Acaba sendo recorrente os casos de crises de pânico, picos de ansiedade e o famoso ‘e agora?’ gerado por incertezas”.

É importante, portanto, viver um dia de cada vez, como está fazendo Rose Mary, de 63 anos. “Estou com muito medo, mas confiante que isso vai passar. Eu tento manter minha rotina”, conta. A leitura passou a ser sua companheira e as saídas a passeio foram canceladas. Para Mariana Soares, esse é o caminho certo.

Dentre as coisas que se pode fazer para manter a saúde física e mental, a psicóloga ressalta a realização de atividades prazerosas como ler livros, assistir programas que não estão relacionados ao momento atual e praticar atividades físicas em casa. Para quem precisa de um atendimento desses profissionais, o conselho federal da categoria regulamentou a prestação de serviços psicológicos por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação em tempos de pandemia. “Há profissionais realizando atendimento virtual de forma voluntária, tem profissionais que estão fazendo de forma mais fácil tanto a questão do pagamento quanto de plano de saúde”, ressalta Mariana Soares.
No auge dos seus 82 anos, Luzinete se mantém positiva em meio a pandemia. “É passageiro. Tudo na vida tem um começo e um fim” e ainda faz planos sobre o que fazer depois da quarentena: uma festa.
Rafaela Barbosa – 7º Período | Jornalismo
Ótima reportagem!
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