
Coringa apresenta uma nova forma de fazer filmes baseados em quadrinhos. O longa aborda os sérios problemas psicológicos de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), que insiste em ser comediante de stand-up, mesmo sabendo que ninguém ri das suas piadas. O comediante falido toma medidas para escapar dos preconceitos, dos abusos e do descaso do governo da cidade fictícia Gotham. Como consequência disso ele se torna o Coringa, o maior arqui-inimigo do super-herói Batman, da DC Comics. Seus atos acabam desencadeando motins contra a elite, e principalmente contra o futuro candidato e magnata Thomas Wayne (Brett Cullen).
Antes mesmo de estrear mundialmente, o filme recebeu críticas sobre a influência que o longa pode gerar nos telespectadores. Há este risco se levarmos em conta que a obra cinematográfica foi produzida toda na visão do Coringa. Porém, esta perspectiva de Arthur Fleck é rebatida no longa, deixando claro que o que o vilão faz é errado e não deve ser seguido. Contudo é preciso alertar que o filme pode ser usado como gatilho por pessoas que possui conturbações mentais.
O roteiro de Todd Phillips, que também dirige a obra, é completo e vai muito além de um filme inspirado em quadrinhos. Diferente das produções realizadas pela DC Comics e pela Marvel nos últimos anos, o longa não comete os mesmos erros e trabalha de maneira distinta a origem do vilão. Com isso, Todd abre uma nova era de obras do gênero, pois deixa de lado os alívios cômicos que geralmente são direcionados ao público infanto-juvenil e traz uma narrativa mais séria que relembra a produção de Batman: O Cavaleiro das Trevas. Todd, que ficou conhecido pela comédia Se Beber, Não Case!, abandona pela primeira vez o gênero ao escrever e dirigir Coringa.
A história criada por Todd Phillips e Scott Silver constrói o personagem principal de forma que dá respostas para algumas dúvidas sobre o Coringa que sempre existiram nos quadrinhos. O coringa, por ser dono de todas as cenas, exigiu muito da atuação Joaquin Phoenix, mas ele conseguiu sustentar bem a obra cinematográfica e entregar uma atuação impecável. Com uma linguagem mais humana e realista, o telespectador não só vê o maluco Coringa dos quadrinhos, mas também a representação fiel de alguém com sérios distúrbios mentais.
No longa, o público entra na mente do grande vilão e o rumo do filme é tortuoso como o próprio personagem. A obra entrega momentos tensos o tempo todo e quem assiste acredita que tudo na verdade faz parte de uma grande apresentação. Isto acerta em cheio a proposta do personagem dos quadrinhos. A trilha sonora de Hildur Guðnadóttir complementa as cenas e reforça o pensamento de estarmos dentro da cabeça do Coringa. O filme em setembro de 2019 ganhou o Leão de Ouro de melhor filme do festival de Veneza e está fortemente cotado para nomeações ao Oscar como de Melhor Ator e de Melhor Filme.
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Ana Carolina Fernandes – 4º Período | Jornalismo