
“Homem-Aranha: Longe de Casa” é o elo entre a 3ª e a 4ª fase do universo, bem como o desfecho da Saga do Infinito (confirmado pelo produtor Kevin Feige). Nem todas as dúvidas decorrentes dos acontecimentos de Ultimato são sanadas, mas é apresentado o conceito de “Blimp”, no qual de maneira bem-humorada a Marvel ilustra o que aconteceu com a metade da humanidade evaporada por cinco anos após o estalo dos dedos de Thanos.
A trama se desenvolve em torno de um Peter Parker (Tom Holland) incapaz de superar a morte de Tony Stark (Robert Downey Jr.). Para ele, é hora de curtir suas férias pela Europa com os amigos do ensino médio, bem como tentar se aproximar de Mary Jane (Zendaya). É possível argumentar que esta posição de Peter Parker é incondizente com o herói que carrega consigo o lema “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, dito por Tio Ben, mas trata-se um momento de luto e de impotência, onde não assimila seu próprio poder. O Homem-Aranha, porém, não pode tirar férias, e com os outros Vingadores ausentes, é chamado para ajudar Quentin Beck, o Mysterio (Jake Gyllenhall), um homem que se apresenta como um super-herói de uma terra em outra realidade e os elementais, seres formados pelos quatro elementos básicos: fogo, terra, água e ar, que destruíram seu planeta.
“Chris Mckenna” e “Eric Sommens”, roteiristas do filme, se aproveitam da aventura adolescente e adotam um discurso de viés atual com claras referências às fake news e ao poder da mídia. Quando Quentin Beck ganha a confiança de Peter Parker, há uma total reviravolta na condução da narrativa, fato decisivo para os acontecimentos seguintes. Há uma sensação de imposição de roteiro, ou seja, quando uma ação ou motivação é facilitada de modo a conduzir a história com menos obstáculos. “Matthew J. Lloyd”, responsável pela fotografia do filme, enxergou o mundo sob ótica oposta à de Ultimato. Um filme claro, brilhante e pirotécnico, evidenciado por efeitos especiais de altíssimo nível, numa composição visual que conversa com o público nerd e jovem, retratados pelos próprios personagens.
“Longe de Casa” estabelece a transição de maturidade de Peter Parker. Não há mais espaço para ser somente um adolescente atabalhoado e tímido. É hora de carregar o fardo que o heroísmo representa e despertar seu verdadeiro poder. Não há um desenvolvimento tão aprofundado em Quentin Beck, mas o suficiente para caracterizar um vilão interessante para um filme de transição. O elenco demonstra química. Happy Hogan (John Favreau) e May Parker (Marisa Tomei), bem como Ned Leeds (Jacob Batalon) e Betty Brant (Angourie Rice) entregam cenas leves e cômicas.
O diretor “Jon Watts”, com a difícil missão de passar o bastão para a próxima fase, entregou um filme que mantém o alto nível do Universo Cinematográfico Marvel e que usa e abusa da comédia, o que pode ser um problema para os mais sérios. Destaque para as cenas pós-créditos, especialmente a primeira, com a participação mais do que especial de um personagem icônico das revistas do Homem-Aranha que todos irão à loucura. O filme estreia no dia 04 de julho nos cinemas.
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Kadu Zargalio – 3º Período | Produção Audiovisual