
Roberto (Rodrigo Lombardi) trabalha com extração de petróleo em uma base que fica em alto mar e passa muito tempo afastado da mulher e dos filhos. Depois de receber uma promoção, ele tem que lidar com as consequências de tentar equilibrar sua vida em terra firme com as novas responsabilidades que o atual cargo exige.
O mais novo filme do diretor Paulo Sacramento aborda as dificuldades em conciliar os efeitos de uma vida dupla, que se divide entre o alto mar e a terra. A câmera é utilizada sempre com a intenção de passar a sensação de isolamento vivida por esses homens que se encontram em situação de tensão constante, pois qualquer movimento em falso pode provocar um acidente grave e manchar a imagem da plataforma de petróleo mais segura que existe.
Nesse contexto, Rodrigo Lombardi que interpreta Roberto, ao lado de Roberto Birindelli, que vive Wagner, tem uma relação de amizade e companheirismo que é mostrada através de pequenos gestos e ações durante o longa e é o ponto alto do filme. No entanto, tudo muda quando após um acidente ocorrido com o personagem de Caco Ciocler, envolto em mistérios, Lombardi é escolhido para assumir o papel de chefe dessa estação.
O Roteiro que é dividido entre Paulo Sacramento e Eduardo Benaim estabelece bem como é viver em uma estação de petróleo, mas por outro lado, não consegue passar a mesma verdade quanto se trata da vida de Roberto em terra firma. A constante crescente do longa instiga o espectador a acompanhar os rumos da trama, mas não consegue entregar outras camadas para a família de Roberto. Muitas ações e relações são apenas verbalizadas, mas não mostradas em tela como por exemplo a relação ruim que existe entre Roberto e seu pai, que é apenas abordada durante alguns diálogos entre ele e sua mãe.
O elenco que conta ainda com nomes como Débora Nascimento, Maria Luísa Mendonça e Luís Melo não da espaço para eles terem seus conflitos mais desenvolvidos, o que acaba deixando o drama vivido pelo personagem de Rodrigo Lombardi menos palpável. A sua atuação é o que melhor consegue expressar esses conflitos internos, sempre muito forte nas cenas, ele entrega todo sentimento do personagem.
O Olho e a Faca se propõe a mostrar a vida de um homem que vai desmoronando, mas as poucas chances que o roteiro oferece de tentar entender como ele pensa é o que mais dificulta o desenvolvimento do filme. As poucas camadas acrescentadas aos outros personagens dão um ar raso, o que também não ajuda no desenvolvimento da trama. No fim, o longa vale a pena ser assistido pela atuação de Rodrigo Lombardi e de Roberto Birindelli que tem uma boa sintonia em tela.
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Lucas Souza – 1º Período | Publicidade