Fotos e vídeos estão em exibição para representar os pontos de vista de diferentes alunos de classes sociais

A arte vai além dos muros de uma escola e pode representar tudo sobre a vida de uma pessoa. A Cidade das Artes, Barra da Tijuca, exibe entre os dias 16/09 e 26/11, duas instalações do artística plástico Hélio Rodrigues com o olhar de crianças e adolescentes sobre a comunidade. Com o objetivo de valorizar a identidade local por meio da fotografia e a arte, o projeto busca sobrepor os problemas políticos e sociais, além de exemplificar a rotina dos moradores que vivem na sociedade.

Na comunidade do Jacarezinho, região onde estudantes participam do programa Eu Sou, os conflitos marcados pela violência uso de armas e drogas afetam a conduta dos jovens na escola e na participação de atividades sociais.  Para oferecer uma nova perspectiva a esse público infanto-juvenil, Hélio, que além de coordenador e arte-educador, idealizou uma dupla exposição: No Espaço Entre Nós e O Muro, que envolveu meninos e meninas de duas instituições de ensino.

No Espaço Entre Nós, a proposta de criar uma tela compartilhada, sem o contato dos participantes até que o desenho estivesse pronto, resultou em trinta e seis mandalas repleta de cores e formas expressas por meio da arte. E o amadurecimento desse fruto, teve a colaboração de um aluno do CEAT – Centro Educacional Anísio Teixeira em Santa Teresa e outro da escola Municipal Delfim Moreira no Jacaré, com idades entre 12 a 15 anos, para preencher o grande espaço vazio entre esses dois lados que apesar das diferenças, são iguais perante a arte.

Outra importante exposição de Hélio intitulada “O Muro”, que já passou em Belo Horizonte e Curitiba, do projeto Eu Sou, que começou em 2006 no Jacaré, contou com a participação de mais de oitenta crianças e jovens de 8 a 17 anos. Eles registraram cerca de 80 fotos que representam a estética da comunidade do Rio e aprenderam a transformar em arte a realidade vivenciada dentro da comunidade. O Muro representa o olhar das crianças que é massificado pela mídia e marcado pelo tráfico, a oportunidade de desconstruir o preconceito e oferecer uma nova perspectiva está em parte nos planos da organização social.

Quem também apoia essa iniciativa é a assistente de produção Andrea Barcellar, 45 anos. “Estou envolvida há 11 anos nesse projeto, então ele representa a minha vida”. Por ter acompanhado a construção do Muro, pois levou quase um ano para ficar pronto, ela revela que o momento atual requer esforços para levar a proposta a outras pessoas e fidelizar quem já faz parte. Para a monitora da exposição, Talita Milanez, 26 anos, a colaboração da prefeitura é de suma importância para apoiar e divulgar essa ideia. O objetivo é oferecer oportunidades aos menos favorecidos uma vez que têm dificuldades de acesso à cultura.

Com um total de 150 a 180 alunos, o projeto social Eu Sou também atua no bairro da Gardênia Azul. No Jacaré, ponto central, 90% dos participantes e 1/3 da equipe habita na região de acordo com a coordenadora Andrea. “Os professores eram alunos, se tornaram monitores e hoje repassam o conhecimento nas oficinas”, declarou ela. A realização dessas atividades ocorre nas laterais de um fábrica de medicamento, que é patrocinadora e cedeu um espaço. Todos possuem o direito de fazer a arte, para obter mais conhecimento ou até mesmo ampliar os horizontes, outros já enxergam esse momento como uma sensação que não precisa fazer sentido, mas que é necessário senti-la e cada um tem à sua maneira de vislumbrar os processos dessa arte.

Karina Figueiredo, 3º período.