Mesa redonda sobre o documentário “A Epidemia das Cores”

No terceiro dia da XXI Semana de Psicologia da UVA, foi apresentado o documentário “Epidemia de Cores”. Dirigido, roteirizado e filmado por Mário Eugênio Saretta, o longa se passa dentro do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e mostra como a inserção de atividades artísticas na rotina dos pacientes ajuda no tratamento e na desconstrução da ideia de manicômio. Depois da exibição, a professora da UVA Aline Drummond, Doutoranda em Psicanálise, Saúde e Sociedade, a Psicanalista, Doutora em Psicologia pela UFRJ e Coordenadora e Professora do Curso de Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade da UVA, Glória Sadala e a coordenadora de mesa Taissa Santos participaram de uma mesa redonda para debater sobre o tema.
No documentário, é mostrado como as trancas deram lugar às tintas, cores e desenhos. De acordo com a professora Glória Sadala, “Trocar os cadeados pela arte em um tratamento no ramo da saúde mental é fazer emergir lírios de uma terra inóspita. É possibilitar uma construção a partir de ruínas. É exatamente curar sem trancar”. Dessa forma, as oficinas se tornariam uma válvula de escape, um lugar de relaxamento e o hospital se transformaria em um lugar apenas de passagem, onde ninguém é obrigado a permanecer – desconstruindo ainda mais os estereótipos de manicômio e clausura. Com esse projeto, o objetivo é estimular a autonomia dos pacientes, para construir uma possível saída.
É nisso que acredita a professora da UVA Aline Drummond. Segundo ela, estimular a criatividade e dons artísticos também é uma forma de cura. “Os anos da reforma psiquiátrica brasileira demonstraram para nós que é possível a reinserção dos pacientes psiquiátricos na sociedade e a arte possibilita isso”. A aluna do quinto período de Psicologia Nayla Manhães, tem a mesma linha de raciocínio. “Temos que olhar a pessoa como um sujeito que também é capaz e a arte ajuda a desenvolver isso. Não podemos prender a pessoa em um espaço só por ela ter uma doença”.
Além de abordar a questão da arte como ajuda para as pessoas com doença mental, Glória Sadala ainda acrescentou durante a mesa redonda que uma parte muito interessante do documentário foi quando apareceu a imagem de uma formiga trabalhando e carregando uma folha. Segundo ela, um dos pensamentos de Freud dizia que um indivíduo só está curado do tratamento quando já é capaz de trabalhar e amar novamente. Por isso, a arte é importante no processo, pois ajuda a trabalhar com a dor, afinal, a dor faz p(arte).
Lizandra Rios, 6º período.