Agência UVA Barra Assistiu: Bem-Vinda, Violeta

“Bem-Vinda, Violeta!” é o segundo longa-metragem de Fernando Fraiha. O filme, inspirado no romance “Cordilheira” de Daniel Galera, teve uma grande circulação em festivais de cinema, como o troféu Redentor de melhor ator para Darío Grandinetti no Festival do Rio, o prêmio de melhor filme pelo Austin Film Festival e o longa-metragem de ficção do Brooklyn Flim Festival. A ficção retrata as consequências de um método criativo na vida de uma romancista que se isola de toda vida pessoal.

Foto: Divulgação

A jovem escritora Ana (Débora Falabella), quer desenvolver um novo livro de ficção e para isso ela ingressa em um laboratório literário na Cordilheira dos Andes. O local tem a tutela de Holden (Darío Grandinetti), um autor de alguns sucessos. Agora ele se encarrega apenas de desenvolver metodologias particulares para estimular a escrita de novos autores. Ana seguirá o método e se envolve cada vez mais como se fosse a protagonista da sua história até que a falta de distinção entre a persona dela e a própria personagem seja levada à consequências incontornáveis.

O roteiro do filme, assinado por Fraiha e Inés Bortagaray, tem capítulos com tensão, suspense e uma sensação de mistério para o espectador que acompanha a trajetória de Ana, uma personagem dedicada e amável, mas reativa e instável, sendo afetada pelo meio. Holden age metódica e obsessivamente, o que o coloca como uma ameaça e um enigma. O projeto se estrutura entre expor a protagonista em um ambiente novo e se vê à mercê de alguém que aparenta ter intenções e motivações ambíguas.

A interação entre o impacto psicológico do método e as mudanças comportamentais da personagem de Débora Falabella, que renuncia à vida afetiva e às inseguranças pessoais para viver, como Violeta, uma personagem que parece ser a antítese de quem Ana prega ser, é o elemento que determina o rumo da história. A dificuldade de distinguir os comportamentos e personalidades de um intérprete/autor e os personagens ficcionais não é um tema pouco explorado no cinema, sendo abordado por filmes de hollywood, como “Crepúsculo dos Deuses” (1950), “O Que Terá Acontecido a Baby Jane” (1962), e recentes produções do cinema brasileiro, como “Gata Velha Ainda Mia”, mas Fraiha mantém um frescor para o longa-metragem ao criar relações genuínas de tensão e planos viscerais, em especial no último ato da produção, onde essas imagens ganham um contorno ainda mais evidente.

A direção investe na geografia do local, em que os lagos, as cordilheiras e a vegetação contrastem com a parte interna da residência, pouco acolhedora e mais uniforme na distribuição dos elementos cênicos. O diretor investe em situações conflitantes e close-ups pontuais que mostram as expressões e tônicas que estabelecem tensões e conflitos que colocam a integridade emocional dos personagens em cheque e propiciam uma sensação de que algo está por vir.

Outro elemento importante para a atmosfera do filme é a música que por meio de uma composição calculada, crescente e minimalista pontua tensões em composições ruidosas e criam sensações de tensão constante ao serem colocadas em momentos de desconforto criados ou vividos por Ana e Holden. O som do filme é importante para mostrar o desgaste físico e psicológico, como nos sons de teclar no computador ou de corridas que sintetizam o percurso acidentado de uma protagonista que passa a perder as referências de quem ela é.

Débora Falabella e Grandinetti são os principais destaques do elenco e ambos compõem personagens complexos com muitas nuances e particularidades. Enquanto Falabella traz uma personagem vulnerável e obsessiva tanto nos olhares, nas falas e no comprometimento físico. O ator argentino aproveita a imponência física e as expressões físicas para compor difícil de antecipar e que mesmo gerando medo, também tem um elemento intrigante.

“Bem-vinda,Violeta!”é um filme, com o potencial de inquietar e gerar com uma atmosfera e uma ambientação não usual no cinema brasileiro e ótimas atuações. O filme chega às salas de cinema nesta quinta (04/05) nas salas de cinema. Assista ao trailler!


Márcio Weber – 2° período

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