“A Primeira Morte de Joana”, com direção e roteiro de Cristiane Oliveira (“Mulher do Pai”), foi lançado em 2021 e já esteve presente em mais de 20 festivais. O longa já ganhou 11 prêmios, entre eles o de Melhor Filme pelo Júri da Crítica em Gramado e Global Vision Award no Festival Cinequest, nos EUA.

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A história se passa em uma comunidade no sul do Brasil e tem Joana (Letícia Kacperski) como protagonista, uma adolescente de 13 anos que acaba de perder a tia-avó, de quem era muito próxima. E, curiosa sobre o motivo da tia nunca ter namorado alguém ao longo de seus 70 anos, a menina começa uma investigação que a faz descobrir segredos das mulheres da família e traz à tona algo escondido dentro de si mesma.
Um dos principais temas abordados pelo filme é o machismo. O enredo está repleto de falas e ações que trazem a ideia de que as mulheres precisam seguir uma determinada conduta enquanto os homens estão livres para fazerem o que quiserem, sem risco de grande repreensão, se houver alguma. Além desse, outro assunto que ganha destaque é a homofobia, este atingindo principalmente a amiga de Joana. Algumas das cenas onde um ou os dois temas estão presentes podem fazer os espectadores se sentirem revoltados.
O longa mostra como os padrões sociais estipulados pela sociedade afetam qualquer garota, independentemente da orientação sexual, idade ou religião. Tudo isso em meio ao paralelo da garota se descobrindo, a mãe conservadora, a avó liberal e sexualmente ativa, a amiga lésbica e a falecida tia-avó sem vida amorosa.
Os ambientes externos são palco da maior parte das cenas do filme, por isso a iluminação natural é predominante. Quando um personagem aparece, a maior parte do enquadramento é feito da cintura para cima, entretanto, nem sempre é possível analisar com detalhes as expressões faciais da pessoa. O motivo para tal é que em muitas partes do enredo, o personagem (sobretudo a protagonista) está de lado ou de costas para a câmera, ocultando parcial ou totalmente o rosto e passando a impressão de que está escondendo algo. A paleta de cores tem tons neutros e frios em prevalência, dando um ar de sobriedade ao drama.
Em relação ao som, todos os efeitos foram bem usados. Porém, o longa possui diversos momentos de silêncio (sem fala dos personagens, apenas o som do ambiente e de suas ações, caso estejam fazendo algo) e alguns deles é desnecessário e entediante. Ter tais cenas retiradas ou encurtadas seria melhor para a fluidez do filme.
“A Primeira Morte de Joana” é um filme sobre os valores machistas e homofóbicos da comunidade e a forma como as pessoas são afetadas e afetam os outros com seus posicionamentos em relação a eles. O longa é distribuído pela Lança Filmes e estreia nos cinemas brasileiros no dia 04 de maio.
Juliana Vilete 4º Período