Palestra de Educação Inclusiva  no Rio2C

 O anticapacitismo foi tema de debate 

O anticapacitismo, que é a luta contra uma postura preconceituosa que separa as pessoas em grupos de acordo com um pré-julgamento sobre suas capacidades mentais e corpóreas, muitas vezes está presente  nos espaço públicos e nas escolas, já que essas pessoas são – na maioria das vezes – consideradas como super-heróis ou fracassados  pela sociedade. Entretanto, o devido reconhecimento e respeito, tanto pelos órgãos públicos e pela população, são os posicionamentos esperados por todo cidadão, inclusive o cidadão com deficiência.  

Muitas vezes a sociedade não entende as necessidades de uma pessoa com deficiência – que não são apenas a acessibilidade física para a entrada em lugares e livre locomoção, que também não costumam ser respeitadas – ainda mais a necessidade de ser vista e receber atenção e afeto. Mesmo que hoje haja políticas que prezem pelos direitos da pessoa com deficiência, na teoria essas pessoas são vistas, acolhidas e atendidas de todas as formas que precisam, mas na prática não acontece da mesma maneira. 

O professor e pesquisador da área da tecnologia e inclusão, Doug Alvoroçado, diz que quando era estudante não aprendeu a conviver com as pessoas com deficiência, já que elas eram segregadas nos espaços. “Isso foi negado para pessoas com deficiência, mas também foi negado para pessoas sem deficiência”, disse ele sobre o convívio comum entre pessoas com e sem deficiência. Segundo o professor, apenas no ano de 2007 que começou a universalização do ensino para PCDs, em massa entrando nas escolas.

Doug ainda comentou sobre as próximas gerações que vão ter uma convivência melhor por conta da Lei Brasileira de Inclusão, pensando esse tema desde muito jovens, porque convivem com pessoas que apresentam algum tipo de deficiência na escola, por exemplo. “Então, agora, os meus filhos, a próxima geração tem convivido mais com pessoas com deficiência e isso tem sido melhor. Mas entendo que a gente precisa de mais políticas públicas, precisa de mais pessoas neurotípicas e atípicas em espaços de voz, podendo falar por si mesmas. Porque uma coisa é eu falar por uma pessoa com deficiência, outra coisa é empoderar uma pessoa com deficiência pra dizer, para a gente tem que ser dessa maneira, nós precisamos disso, porque eu sou uma pessoa que entendo, que milito pela deficiência, mas eu não sou deficiente”.

O educador ressalta também, a questão da falta de formação inicial para os educadores que trabalham em escolas e universidades com pessoas com deficiência, para que os mesmos consigam entender como trabalhar com a diversidade para não terem atitudes capacitistas e assim trazer o aluno com deficiência para a realidade de seu potencial e cobranças do período educacional cursado.

Wanda Silva é estudante de Psicologia e tem deficiência visual. Ela questiona a falta do afeto de acolher as pessoas com deficiência e afirma que a solidão delas é muito visível, ela diz precisar de uma intimidade acessibilizadora. “Eu acredito que quando eu trago a questão do afeto, pessoas podem pensar: afeto por quê? Porque essa pessoa quer ser infantilizada? Mas a questão do afeto está relacionada ao cuidado mesmo, do acolhimento, do companheirismo, porque é isso que nos afeta, não no sentido de vitimização, mas no sentido de coletivo. O sentimento de coletivo, de fazer parte, vai fazer com que as estruturas mudem, essa questão da solidão das pessoas com deficiência é muito preocupante, porque estamos incluídos na sociedade, mas até que ponto?

Confira o áudio da palestrante e estudante de Psicologia, pessoa com deficiência visual, Wanda Silva, falando sobre como a intimidade acessibilizadora é importante para a adaptação e vida da pessoa com deficiência, com estruturas diferentes e que realmente acolhem o outro.   

Vinicius Zakhm – 7° período

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