Para os mais conhecedores da história nacional, o nome para o novo filme de Gabriel Di Giacomo — “Memória Sufocada” — pode não parecer tão estranho assim; isto porque o mesmo não passa de uma analogia provocadora ao livro de memórias de Carlos Alberto Brilhante Ustra, intitulado de “Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”. 

Foto: Divulgação

O documentário provoca o questionamento das verdades acerca da Ditadura Militar e a história da tortura no país através da perspectiva de um novo hoje. Coronel Ustra foi o único militar condenado como torturador durante a Ditadura e na busca pelo verossímil, o documentário reconstrói o passado do Brasil com um recursos que somente o presente é capaz de providenciar: um mergulho profundo em conteúdos de arquivo e de acesso a todos na internet. 

Essa proposta foi essencial para a estruturação da linha narrativa que faz com que todo material de vídeos, entrevistas e fotos possa ser facilmente encontrado por qualquer internauta. A montagem e edição do documentário usa das telas dos nossos eletrônicos para contar a história, uma alternativa que pode facilitar — ou não — o entendimento do público sobre os acontecimentos narrados. 

Absorver e digerir qualquer conteúdo sobre esse momento, não é uma tarefa tão fácil. Numa linguagem e montagem que dialoga muito com o virtual e o moderno, Giacomo impõe uma atmosfera tensa sobre o filme quando decide por compilar depoimentos de ex-presos políticos que detalham minuciosamente as atrocidades que eram feitas dentro dos DOI-CODis (estruturas repressivas voltadas para opositores do regime). Contribuindo para tal, o diretor também introduz muitas das propagandas do governo da época, resgatadas do Arquivo Nacional, que estimulavam o povo brasileiro a seguir apoiando o golpe e o regime. 

“Memória Sufocada” é quase como uma  grande tentativa de fazer com que a sociedade reflita e avalie melhor toda a construção do heroísmo em cima de figuras anti-democráticas,  que foi bastante estimulada durante o último governo. A produção é da Salvatore Filmes e será distribuído pela Embaúba Filmes, chegando aos cinemas no dia 30 de março. 

Bruno Barros – 3° período