“A Porta ao Lado” é o novo filme da cineasta Júlia Rezende. O longa contribui como uma peça importante na discussão sobre a contemporaneidade e suas novas maneiras de amar e se relacionar. O drama romântico estreou na semana do Dia Internacional da Mulher e a narrativa é construída e moldada em todos os detalhes por esse olhar feminino de Júlia.

Foto: Desiree do Valle
Na história, dois casais traçam direcionamentos distintos para o amor. Enquanto Mari (Leticia Colin) e Rafa (Dan Ferreira) representam um casal tradicional, pouco interessados às idealizações da poligamia, o extremo oposto é apresentado no casamento de seus novos vizinhos de porta: Isis (Bárbara Paz) e Fred (Túlio Starling), que vivem um relacionamento aberto e distante dos princípios de uma parceria monogâmica. Esse encontro acaba por intensificar questões em Mari, que se vê provocada por esta nova forma de se relacionar e começa a questionar as suas próprias escolhas.
A casualidade nos acontecimentos em “A Porta ao Lado” é o elemento hipnotizador dessa história. É difícil não se manter interessado por esses personagens, que são cuidadosamente criados para provocar no público um sentimento de identificação com os protagonistas, estando estes envolvidos em situações completamente não convencionais sobre assuntos tão tradicionais, como o amor. Identificação essa, a responsável por gerar inúmeras reflexões em quem recebe a mensagem do filme e acaba por entender que, hoje em dia, são variadas as possibilidades de como amar e se relacionar com alguém.
A complexidade dos assuntos retratados no filme é explorada em diferentes tons. Os personagens centrais possuem suas próprias peculiaridades e personalidades, que aumentam o leque de perspectivas sobre limitações em temas como traição, desejo e lealdade. “Eu acho que o ser humano gosta de novidade, é um fator importante, né? Eles são encantadores e perturbadores, nesse sentido do novo, do perigoso e do envolvente”, comenta a atriz Letícia Colin durante o debate que ocorreu na Pré-Estreia, na última terça-feira (07/03) no Estação Net Rio, em Botafogo.
Por mais que dinâmico, o roteiro assinado por Patrícia Corso e L.G. Bayão acaba encontrando problemas quanto à fluidez. Depois de um primeiro ato consistente, a sequência acaba por amenizar a trama e introduzir alguns diálogos promissores sobre temas como opressão contra a mulher, mas que acabam acontecendo com certa superficialidade, voltando a se fortalecer somente com a chegada do clímax, no ato final.
A mediação do debate que usou do filme como norteador para uma conversa sobre intimidade e relacionamento ficou por conta da psicanalista e escritora Regina Navarro, que apontou a importância de consumir e aprender sobre como as pessoas estão amando hoje em dia: “É necessário refletir sobre as nossas crenças aprendidas, para se livrar do moralismo dos preconceitos e para viver bem”.
“A Porta ao Lado escolhe por não repudiar ninguém. Tudo o que é apresentado faz parte do plano da produção em ser um filme para provocar questionamento e reflexão, uma identificação e uma visão expandida acerca de como o contemporâneo se reinventa a todo momento. O que pode parecer intimidante para alguns, com certeza, vai servir como libertador para muitos outros. O filme é distribuído pela Manequim Filmes e está disponível nos cinemas de todo o Brasil. Assista ao trailler!:
Bruno Barros – 3° período