Baseado na peça homônima de Samuel D. Hunter, “A Baleia” traz o cineasta Darren Aronofsky de volta às disputas na temporada de premiações do cinema em 2023, acumulando indicações e vitórias para o filme que marcou a volta de um dos grandes favoritos de Hollywood nos anos 90, o ator Brendan Fraser. Indicado a três categorias nos Prêmios da Academia, incluindo melhor ator e melhor atriz coadjuvante, o longa transborda emoção num ambiente claustrofóbico e característico do cinema de Aronofsky.

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Brendan Fraser assume o protagonista Charlie, um professor universitário que vive com obesidade mórbida num apartamento recluso em Idaho, nos Estados Unidos. Entre as aulas remotas sem câmera e visitas de checagem de sua enfermeira e amiga Liz (Hong Chau), Charlie faz o possível para conquistar uma última chance de redenção e enfim reescrever sua história com a distante filha adolescente, Ellie (Sadie Sink).
Tudo em “A Baleia” é intimista e pessoal, desde o apartamento onde a trama se desenvolve até às inúmeras camadas dos personagens que neste circulam. Charlie, um protagonista que foge completamente de qualquer perfil convencional, é o fator que comove e motiva o público a compartilhar de tamanha esperança que o mesmo deposita nas relações com quem ainda o rodeia. O que é devastador pois, como uma moeda de extremos opostos, é possível testemunhar como a depressão que devora Charlie não dá chance alguma para que o mesmo crie expectativa de mudança para com o próprio abandono pessoal, lhe mantendo preso com todas as marcas que o excesso de peso trouxe pra sua vida.
A maneira como o filme trata sobre obesidade está longe de ser comparada com uma romantização ao tema ou à gordofobia. As reações do público ao que o protagonista vivencia durante o filme devem ser compreendidas como algo relacionado à complexidade do personagem, necessárias para se contar essa história de amor e empatia. Charlie é um ser humano que, dentre tudo o que escurece a sua vida e o abandona do mundo, ainda é capaz de criar uma resistência para a esperança no próximo e enxergar a bondade a fim de esperar o melhor das pessoas, principalmente às que potencializam e direcionam todo o seu amor.
Fraser como Charlie é um sol irradiando luz durante as quase duas horas de duração de “A Baleia”, com direito a suas luas e satélites orbitando em volta. O ator se manteve afastado de grandes produções após revelar ter sido vítima de assédio sexual pelo presidente da Associação de Imprensa Estrangeira em 2003, Philip Berk. Numa reviravolta mais do que esperada, Brendan Fraser se restabelece na indústria com a entrega de uma atuação potente e memorável, marcada por desafios físicos e emocionais que só provam a incrível expertise para tal. Uma performance digníssima de um forte favoritismo a fisgar a estatueta do Oscar para “Melhor Ator” na 95ª edição da premiação.
“A Baleia” é um filme sobre consciência de escolhas erradas e esperança de empatia no próximo. Não tão fácil de digerir, afinal, é Aronofsky, porém necessário para expandir o público em experiência ao ter contato com essa história. O longa é distribuído no Brasil pela Califórnia Filmes e estreia no dia 23 de fevereiro nos cinemas.
Assista ao trailler:
Bruno Barros – 3° período