Chega aos cinemas no Dia Internacional de Luta Contra a AIDS, 01 de dezembro, o documentário dirigido pela dupla de cineastas Fábio Leal e Gustavo Vinagre, “Deus tem AIDS”. A produção de nome possivelmente chocante — cujo o mesmo é hiper contextualizado dentro de uma das entrevistas que o compõem — abre um espaço para discussão acerca de como a epidemia imposta pelo vírus HIV ainda assombra o Brasil, sem previsão alguma de possível fim. Ganhador dos prêmios de Melhor Filme pelo Júri Oficial e Popular no festival Queer em Porto, “Deus tem AIDS” aproxima o espectador da real situação da sorofobia no país, preconceito contra as pessoas que vivem com HIV.

Foto: Divulgação
Uma conversa com sete artistas e um médico ativista que tenta resumir e aprofundar a vivência de uma pessoa soropositiva no Brasil. Através de entrevistas e manifestações artísticas, o documentário busca investigar o porquê do cenário atual do vírus e doença se assemelham tanto com os dos anos iniciais da epidemia. As narrativas do filme contam histórias que desconstroem o estigma negativo da doença e contribuem para crise de referência positiva de pessoas que vivem com o vírus na arte.
A decisão de usar um encontro harmonioso entre manifestações na música, na poesia e no teatro para a explicação da importância da arte nesse momento, é o que faz o documentário destacar um grande espaço de relevância na cinematografia nacional. A arte como condutora dessas mensagens age em semelhança a um sinal verde para a exploração de toda manifestação chocante, incômoda e dolorosa que o preconceito e o próprio HIV é capaz de causar.
O formato de gravação das entrevistas é um dos responsáveis por deixar o público investido nas histórias que estão sendo contadas. Os convidados foram posicionados para se sentirem o mais cômodo possível, cuidado valioso por parte dos diretores e que vale a pena ser destacado pois é o detalhe que transforma a troca de conhecimento e experiência numa conversa de fala amigável e fácil. A aproximação para com os protagonistas da narrativa é um trabalho de mínimo esforço, dado ao ótimo trabalho de montagem e edição da equipe de produção.
A mensagem da narrativa é deixar a soropositividade relacionada ao que está vivo e vai continuar desse jeito. Diferentemente do comum entre produções da mesma temática, que costumam manter o discurso de alerta e mensagens direcionadas ao cuidado preventivo e cultivar o medo, a produção usa o tempo do documentário para naturalizar os corpos e afetos de pessoas soropositivas. “Deus tem AIDS” é um lançamento da Vitrine Filmes e co-distribuído pela SPcine. O filme estreia nesta quinta-feira 01/12, confira o trailler:
Bruno Barros – 2° período