Agência UVA Barra Assistiu: Serial Kelly

O retrato da figura de assassinos em série, não é fato inédito, variados exemplares em diferentes abordagens podem ser citados. Filmes como “Psicose” (1960), “Mamãe É de Morte” (1994), “Psicopata Americano” (2000), são amostras de obras cinematográficas centradas no imaginário do procedente de um serial killer. Outro exemplo é a repercussão da série recente “Dahmer: Um Canibal Americano” (2022), que de acordo com a plataforma Netflix,  foi assistida por 827 milhões de pessoas nos primeiros 25 dias de lançamento.



Foto: Divulgação

O Brasil também possui obras que utilizam o mote de homicidas seriais como elemento central da narrativa, entre eles, “O Nome da Morte” (2017),“O Segredo de Davi” (2018). É com esta referência  temática em que chega o longa-metragem dirigido por René Guerra e estrelado por Gaby Amarantos, “Serial Kelly” (2020), o filme do diretor alagoano propõe perspectivas distintas para este tipo de narrativa.

Kelly é uma cantora de forró eletrônico que concilia a agenda de apresentações por inferninhos e boates pequenas, entretanto,  ela passa a ser suspeita principal de assassinatos. Ela começa a ser investigada pela polícia local e tem nas turnês uma espécie de fuga a tudo e a todos.

O roteiro do filme constrói uma protagonista à margem da sociedade, alguém que vive oprimida e podada, e é inserida em um meio onde o sistema cultural onde o homem exerce dominância e goza de privilégios em relação a outras esferas da sociedade. Por outro lado, a personagem de Gaby Amarantos, não se conforma com o meio em que vive e reproduz o que sente na pele. A dicotomia entre a opressão e reação, são intensificadas ao passo em que a trama é desenvolvida.

As passagens e transições abruptas entre as cenas, a inconstância das transições de planos e em consequência a falta de balanço entre o humor e o drama criam um descompasso narrativo que pode vir a prejudicar a experiência do espectador.

A música é um elemento preponderante do filme e conta com interpretações de músicas firmada no brega como “Vá com Deus” de Roberta Sá, uma regravação aportuguesada, à forró de “Psycho Killer” da banda Talking Heads e músicas de Amarantos como “Selfie” e “Mestiça” essa em parceria com Dona Onete.

Entre o núcleo do elenco, além da protagonista que é principal destaque em termos de atuação ao entregar uma personagem complexa e errante, mas humana. Também se destaca Paula Cohen, que interpreta uma delegada que é transferida e vigia os passos de Kelly.

“Serial Kelly” é mais um projeto que mostra o potencial assertivo e dramatúrgico do cinema brasileiro, todavia sem esconder comprometimentos e um percurso acidentado ao longo da obra. Assista ao trailler:


Márcio Weber – 1° período

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