
“Adão Negro”, um dos vilões mais repercutido no universo dos quadrinhos, sendo em 2009 nomeado pelo portal IGN, referência do mundo geek, como décimo sexto melhor vilão do gênero, finalmente ganha uma versão nos cinemas. Após um vasto período adormecido, Teth Adam, um ex-escravo que herda poderes mitológicos é despertado subitamente, na oprimida região de Kahndaq . O despertar faz com que suscite uma série de conflitos e disputas de poder em relação à terra.
A narrativa prima por ambientar uma região cronicamente devastada pela tirania e que busca uma libertação que parece relegada ao esquecimento, a situação faz com que algumas pessoas da região busquem o retorno de Adão Negro, tendo assim o despertar do personagem interpretado por Dwayne Johnson. Existe a preocupação direta expressa pelo roteiro ao expor o personagem em diálogos que reforçam a autoconsciência em como a figura dele deve ser vista perante a sociedade, esquiva-se de qualquer possibilidade de ser encarado como herói e por ações que desviam de qualquer concepção do heroísmo e a composição séria e expressiva por parte do ator reforça esta característica.
O filme tenta aumentar o impacto e o apelo, com recursos que vão desde a utilização de músicas cultuadas e que suscitam o imaginário do espectador como sucessos dos anos 60 e 70, respectivamente expressos pelas músicas Paint It Black, em uma sequência de ação que usa e abusa do recurso de câmera lenta e em Baby Come Back que é usada na tentativa de criar momentos de comicidade.
Jaume Collet-Serra ainda investe na metalinguagem e consegue fazer uma reverência a Clint Eastwood em um dos filmes mais marcantes da história do cinema, mas também a metalinguagem ao próprio universo da DC com menções algumas mais sutis outras mais escancaradas para personagens da Liga da Justiça
A ação e o humor são os elementos mais recorrentes empregados no decorrer do longa, embora por muitas vezes exista uma tentativa excessiva de humor que não é bem diluída, apesar de ocasionalmente provocar alguns risos. As cenas de ação realçam o impacto, mas não são tão presentes pelo exagero dos recursos como a câmera lenta.
Apesar do vilão não ter a profundidade e o peso narrativo esperado, as dinâmicas existenciais e conflituosas incorporadas pelo Adão Negro e a relação que o mesmo tem com Kahndaq minimizam este fator. Outro aspecto a não ser deixado de lado é a aparição da Sociedade da Justiça da América, que modifica a dinâmica e reforça o embate existencial do protagonista.
Mas também tem um destaque próprio e é melhor representado pelo Sr. Destino de Pierce Brosnan que empresta um carisma ímpar e é o agente principal dos momentos expressos pela Sociedade da Justiça no filme, que é composta por personagens corretos e com pesos calculados para a trama.
“Adão Negro” provavelmente não é a grande mudança de percurso prometida pelos produtores do filme e tampouco apresenta um grande frescor ao universo de super heróis, contudo existe uma trama chamativa e fértil caminho de possibilidades.
A obra estreia hoje, 20/10, nos cinemas brasileiros. Confira o trailer
Marcio Weber – 1º periodo