
Adriana L. Dutra, pesquisadora e diretora de “Sociedade do Medo”, inicia o documentário direcionando aos especialistas convidados uma curta e nada simples pergunta: “Para você, o que é o medo?”. A reflexão sobre a vida em cima dessa “sensação de pânico latente” — descrição da própria para o fenômeno — é o objetivo do terceiro e último filme da trilogia da Catarse, projeto de documentários que Adriana trabalhou por mais de dez anos. “Sociedade do Medo” teve a primeira exibição no Festival do Rio, concorrendo a melhor documentário na mostra Première Brasil.
O longa procura discutir e entender o medo que assola a humanidade, sob o aspecto de diversos contextos que, historicamente, são considerados os manipuladores da massa a partir da propagação do pavor e da insegurança. Com o documentário, a cineasta carioca divide com o espectador questionamentos de cunho existencial e global e como os mesmos atingem o homem na contemporaneidade.
As personalidades que compõem a discussão rodeiam o globo com depoimentos vindos de cidades como Tokyo, Amsterdã, Londres, Paris, Nova Iorque e várias outras. Adriana, como também roteirista da obra, toma o cuidado de apresentar diferentes pontos de vista sobre o conceito de medo e todas as questões existenciais que o cercam. Um exemplo é a participação do padre Júlio Lancellotti, que contribui com falas que discutem a relação da religião com todo esse universo do medo.
O contexto religioso é só um dentre os vários que são explorados durante o documentário. Também se conta bastante da relação entre a cultura de adoração do medo e a atual situação do Brasil contemporâneo em questões políticas e sociais. E historicamente, o documentário traz os medos que perduraram na história com a participação de filósofos, historiadores, jornalistas e pesquisadores para aprofundar a reflexão e expandir a abordagem do tema por várias situações consequentes da emoção em questão.
As gravações para “Sociedade do Medo” começaram antes da pandemia instaurada pelo Covid-19, até o momento em que toda a reflexão tornou-se realidade e todo o medo discutido foi personificado pela doença que abateu o mundo. Adriana trata por mostrar da adaptação que o filme sofreu ao decidir continuar a produção remotamente e todos os cuidados que, junto da equipe, precisou tomar para continuar fazendo imagens dos bastidores, que compõem alguns dos cortes de cenas durante o documentário.
Por fim, “Sociedade do Medo” apresenta possíveis respostas para a epidemia do pânico que rodeia a sociedade. Adriana L. Dutra reafirma-se como uma mestra em documentários e encerra o trabalho na trilogia com uma pesquisa cuidadosa sob uma temática atinge um público geral nas salas de cinema. O longa estreia no dia 20 de outubro.
Confira o trailer.
Bruno Barros – 2º período