Literatura LGBTQIA+ incentiva representatividade e combate o preconceito

A diversidade cresce ainda mais no mundo literário e traz o apoio de leitores e profissionais

A literatura favorece a formação dos indivíduos e abre portas para novos conhecimentos, olhares e culturas. Permite viagens por diferentes universos, instiga a imaginação, aflora os sentimentos e apresenta infinitas possibilidades de existir. Os livros exercem um papel importante para levar representatividade na sociedade.

Segundo a agência Nielsen BookScan, durante a pandemia, o interesse do brasileiro pela leitura cresceu, resultando em um aumento de quase 30% nas vendas de livros. A literatura relacionada  à comunidade LGBTQIA + trouxe a possibilidade de discursos mais plurais. Muitos livros com essa temática acabaram ganhando representação e fama, ajudando a dar voz para quem era invisível nas narrativas. É o caso da escritora Desirée Lourenço, de 33 anos, que conta que a maior inspiração para entrar no mundo literário foi a sua própria história. “Quando eu me identifiquei como mulher lésbica, tive muita dificuldade de achar conteúdo literário com que me identificasse e como eu ja escrevia e ja tinha essa coisa em mim, achei que poderia fazer alguma diferença na vida de outras mulheres”, expõe.

Para a autora, a maior importância da representatividade na literatura é a identificação. Ela explica como é necessário ter casais LGBTQIA + e não apenas “adaptar” aqueles romances heterossexuais que se vê a vida toda. Além disso, é uma forma de afirmar cada vez mais nos espaços que foram negados por tanto tempo. “Sempre tentaram empurrar para a margem e agora estão empurrando de volta para o centro das atenções. Os livros, filmes, séries e conteúdos LGBTQIA + vão continuar disputando espaço com todos os outros”, afirma Desirée.

Muitos escritores independentes vêm se destacando cada vez mais no mundo literário. O autor Deko Lipe conta a importância que esses autores têm nos dias atuais. “É notório o crescimento de escritores no mercado independente. O mercado pulsante, criativo, cheio de histórias fora da curva e que vem ditando muito a ponto do tradicional tanto buscar esses literatos, quanto reproduzir hábitos do independente. Estive neste mercado e graças a ele consegui não só publicar através de editora, mas também ocupar tantos espaços atualmente”, relata.

O escritor revela que a própria vivência enquanto gay-cis sempre foi e ainda é marginalizada, o que o levou a escrever literatura LGBTQIA +. O autor conta que cresceu sem referências feitas com responsabilidade de pessoas como ele. “Essa invisibilização me fez perceber que havia um espaço faltando. Desta forma, percebi que a literatura é uma peça fundamental para dialogar temas que uma sociedade heteronormativa como a nossa não tem coragem de falar. Essa é a minha maior motivação para escrever”, manifesta Deko.

Para os leitores, o livro é um espaço de formação. Muitas pessoas passam horas perdidos no universo contido nas páginas de um livro e acabavam se imaginando vivendo no lugar do personagem. Especialmente quando se sentem acolhidos e podem se identificar com o protagonista. É como se fosse uma espécie de apoio, uma experiência comum, principalmente para quem vê na leitura uma válvula de escape.

A estudante Jhennifer Cunha, de 22 anos, acredita que esse segmento literário vem crescendo ainda mais no seu ciclo social. “Felizmente a comunidade vem ganhando espaço em todas as áreas, inclusive na literatura. Acho que a questão de sexualidade e gênero cada vez vem deixando de ser tabu, então as pessoas podem ser quem elas são de verdade e naturalmente procuram histórias que os representem, afinal, todo mundo quer se identificar com um personagem”, expressa a leitora.

Segundo a  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9394/96 (Brasil, 1996), o Plano Nacional de Educação, n.10.172/2001 (Brasil, 2001), as diversas Diretrizes Curriculares Nacionais e as Resoluções do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação, tentam legitimar o debate sobre gênero, identidade de gênero e orientação sexual no meio escolar. Os objetivos a serem alcançados com esse debate nas escolas estão, portanto, relacionados com o respeito, à inclusão e o acolhimento da diversidade, o bom convívio social e o questionamento crítico de certos padrões sociais que provocam os preconceitos.

Para a psicopedagoga, Bruna Lucena, é importante a abordagem de livros didáticos relacionados à comunidade LGBTQIA +. A psicopedagoga acredita que hoje já exista um entendimento desde cedo que ninguém é igual, mas tem que ser abordado, nas escolas, de uma forma cuidadosa assim como qualquer outro tipo de gênero. “Quando a criança cresce entendendo suas escolhas ela se sente cada vez mais parte do meio em vez de sentir que suas escolhas são erradas e não aceitas”, agrega.

Para a graduada em letras, Bruna Vital, a literatura tem o papel de gerar empatia. “Muitas pessoas que procuram um livro para ler e que se identificam com ele, acabam se sentindo acolhidas. A importância de ter a literatura LGBTQIA + nas escolas, é que, para as pessoas que fazem parte da comunidade, elas possam se sentir representadas. É necessário que se tenha isso desde jovem, que as crianças e adolescentes tenham contato com esse tipo de literatura, para gerar aceitação tanto para quem faz parte quanto para quem não faz”, expressa.

Ana Queiroz – 7º período

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s