A Beleza negra ainda é esquecida pelas marcas de maquiagem

Mesmo sendo 54% da população brasileira, segundo o IBGE, marcas ainda insistem em apenas três tons de bases para a pele negra

Quantas vezes uma mulher preta já esteve presente nas campanhas? Ou já ouviu falar que pele negra não precisa de protetor solar pois já é “perfeita”? Numa pesquisa feita com pouco mais de 70 pessoas, 69,6% dos entrevistados acreditam que a diversidade de bases para tons da pele negra ainda é pouca.

Veja o gráfico baseado na pesquisa “A exclusão da beleza negra em cosméticos faciais”. (Reprodução pelo Google Forms e Canva)

Para Juliana Ferreira, maquiadora especializada em pele negra, a indústria da beleza ainda é cercada pelo racismo e que nem todas as marcas são inclusivas e pensam em fazer produtos para todas as variedades de coloração da pele. Para quem ama esse universo da maquiagem, infelizmente, se depara não apenas com a falta de tons, mas também com a despreocupação de algumas marcas na hora de lançar produtos que supostamente atenderiam a esse público.

Juliana reflete a importância da inclusão. (Foto: Arquivo pessoal)

O resultado é refletido em produtos acinzentados e que embranquecem a pele negra. “Existem pouquíssimas marcas que de fato se preocupam em produzir produtos, industrializar produtos, que de fato funcionem para a pele negra”, afirma Juliana Ferreira.

A maquiadora Juliana Ferreira fala sobre a atuação no mercado.

O assunto vai muito além de produtos para maquiagem. Juliana Lima, professora com doutorado em Química, pesquisa, desde a iniciação científica, sobre o filtro UV, o princípio ativo que protege a pele. Ao trabalhar com filtros inorgânicos, ela desenvolveu materiais a base de sérum, que se mostraram melhores para a proteção e possuem um fundo amarelado, que retiram o aspecto esbranquiçado das peles. “A película que ele forma é menos opaca, menos branca, e a gente diz que em termos de cosméticos a gente fala do embranquecimento”, explica.

Juliana ressalta que atualmente as indústrias de protetores solares começaram a comercializar o produto com cores, mas com apenas três tons: pele clara, média e escura. Num país onde a miscigenação é forte, se torna impossível encaixar a população em somente três tipos de tom de pele. O que pode ser corriqueiro para alguns, é de tamanha importância para uma boa parte da população. Foi como o caso de produtos para cabelos cacheados e crespos. No começo dos anos 2000, pouco produtos específicos para esses tipos de cabelos eram encontrados. Através do esforço e luta da população, hoje o mercado oferece variedade.

Os produtos tidos como “universais” atendem muito mais a população branca e excluem a pele negra. Samara Torres, mulher negra e adepta dos cosméticos faciais, o padrão de beleza sempre foi o branco e a beleza negra nunca foi valorizada pela sociedade como algo belo. Já para a professora Juliana Lima, num olhar mais voltado para a composição química, os cosméticos podem ter uma certa adaptação para a pele, mas normalmente para um tom acima ou abaixo.

Muitas pessoas desejam adquirir as linhas de bases internacionais pela variedade, como por exemplo a linha de maquiagem da cantora e empresária Rihanna, que apresenta uma diversidade com 50 tons de base. Enquanto isso, o mercado brasileiro ainda tem um longo caminho para percorrer.

Giullia Dias da Silveira – 3º período
Júlia Gabriela da Silva Santana – 3º período

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