Apesar da sobrecarga e críticas, no final o esforço vale a pena
A mulher quando descobre uma gravidez recebe um novo título social, o de mãe. Com ele chegam também os julgamentos da sociedade, a pressão na forma como elas devem agir com os filhos e a cobrança de serem perfeitas.
Uma pesquisa encomendada pela Nestlé, realizada em 16 países, incluindo o Brasil, indicou que dos oito mil pais entrevistados, 60% sentem que todos têm uma opinião sobre como criar os filhos, mesmo que não queiram ouvir, 31% relataram estar despreparados para o dia-a-dia como pais e 53% confessaram que precisaram fazer mais concessões do que o esperado. Esses fatores podem aumentar quando se trata da maternidade, afinal as mulheres desde muito novas são ensinadas que um dia terão filhos e terão que lidar com essa responsabilidade.
Andreza Araújo, é mãe da Valentina e criadora de conteúdo digital. Ela conta que por ter casado nova sofreu pressão dos familiares para engravidar e na sociedade ela foi julgada por ter feito parto cesária. “Não há uma fórmula exata para ser mãe”, afirma ela.
Ouça o que Andreza Araújo fala sobre como a sociedade deveria olhar o papel da mulher e mãe.
Para a psicóloga materna e mãe, Isabela Cotian, a cobrança da mulher começa justamente a partir do momento em que ela se compara. Veja no vídeo abaixo o que ela diz sobre as consequências disso para o psicológico da mulher e o que fazer para melhorar o emocional.
Educar um filho é tarefa complicada. Para a educadora parental, Isabelli Prates, mãe da Helena e da Lívia, as críticas vem das seguidoras. A especialista em neurociência, educação e desenvolvimento infantil, mostra nas redes sociais a rotina com as filhas e sobre o tema disciplina positiva, uma abordagem focada no respeito, autonomia, empatia, autodisciplina e resolução de problemas. Muitas mães comentam os posts criticando, afinal muitas ainda acreditam que o jeito certo de educar é com punições e brigas.
Isabelli fala que já passou da fase da maternidade perfeita.
A educadora fala também sobre a sobrecarga que a maternidade traz, pois é difícil conseguir um tempo livre para si mesma quando se é mãe o tempo inteiro, não existem férias. “Eu tento ao máximo ter um tempo pra mim, a noite eu faço as meninas dormirem cedo, porque pra mim é primordial, para eu poder deitar, assistir uma série, comer algo sozinha, só de não ter que pensar em nada já é um tempo de qualidade para mim”, explica Isabelli.
É necessário saber gerir as emoções para que o peso da maternidade não afete o psicológico. Muitas mulheres ficam mais propensas a desenvolver algum transtorno na gestação e por isso, Isabela Cotian indica um tratamento psicológico desde antes da gravidez ou se possível nos primeiros meses de vida do bebê, para que não haja a necessidade de uma intervenção com medicamentos.
“Às vezes a gente deixa de fazer coisas que gostamos, que nos fazem bem quando os filhos nascem e até esquecemos do que gostávamos de fazer, porque os cuidados passam a ser com o filho. Por isso faça um pilates, uma atividade física, leia um livro, cuide da sua beleza, pratique o autoconhecimento para voltar a ter a sua essência”, conta ela.
Apesar de todos os desafios, as mães sentem que seus esforços valem a pena, como o caso de Terezinha da Silva, 72 anos, que já é aposentada, mas quando jovem precisou deixar a filha mais nova sob os cuidados da avó e depois de uma babá, para conseguir trabalhar como costureira em uma fábrica e garantir a renda para criá-los. Ela conta que se sentia preocupada o tempo inteiro se a filha ficaria bem em sua ausência, porém a filha, Patrícia Pontes, hoje com 42 anos, conta que apesar de precisar ficar longe da mãe durante o dia, entendia essa necessidade mesmo que sentisse falta da figura feminina presente. “Nós temos uma relação maravilhosa, porque a gente tem uma maior intimidade”, diz Patrícia.
Além disso, Terezinha pôde acompanhar o crescimento dos netos e estar mais presente por ter o tempo que não tinha quando os filhos eram pequenos, além do mais, se sente feliz por ver que seu empenho para criar os filhos deu certo. “Foram bem educados, obedientes e deu tudo certo”, revela dona Terezinha.
A filha Patrícia Pontes diz que sua mãe foi a maior inspiração ao entrar na vida materna, pela sua força e determinação. Ver toda a luta de Terezinha para ter uma família e criar os filhos foi um exemplo para ela saber como agir como mulher e mãe. “Hoje, parte do que eu sou, com certeza eu devo à ela, pelo o seu amor com a gente”, concluiu ela.
Essa é uma homenagem da Agência UVA Barra para todas mamães que dividiram os pesos e alegrias da maternidade nesta reportagem.
Cícera Gledys Ramos – 6º período