O maior evento literário do país marcou a retomada das atividades culturais aprimoradas ao período pandêmico
O Riocentro recebeu ao longo de 10 dias de programação os amantes da leitura. A novidade da XX edição da Bienal do Livro foi o sistema híbrido com debates transmitidos on-line e o acompanhamento dos protocolos de segurança. Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e Tatiana Zaccaro, diretora da GL events, compartilharam o mesmo sentimento ao final: a sensação de dever cumprido.

A repercussão de compra dos livros foi perceptível pelas editoras. O aumento de vendas variou entre 20% a 120% em relação a 2019. De acordo com a assessoria de imprensa, entre 250 mil pessoas presentes nos pavilhões, 99% compraram pelo menos um livro e foram vendidos mais de 2 milhões de exemplares. Na coletiva de imprensa, Marcos Pereira aponta que resiliência, coragem e esperança resumiram a 20ª edição. Para Tatiana Zaccaro, o público desejava o contato da experiência com a Bienal.
Tatiana Zaccaro, diretora da GL events, responsável pela organização do evento, comenta sobre quais histórias a Bienal deseja contar adiante.
Quem se sentiu realizada ao chegar pela primeira vez no evento foi a filha de Flávia Castro, a pequena Emanuelle de Castro, de seis anos. A menina começou a ler agora e recebe o apoio da mãe para embarcar no universo dos livros. “A Bienal é um pontapé de incentivo”, disse Flávia. Um dos painéis instagramáveis que chamaram a atenção delas foi a árvore, no Pavilhão Laranja, voltado para a questão da inclusão, o que foi colocado como uma discussão importante para Flávia Castro.
Já no Pavilhão Azul, o quadro “Gente que ama ler” despertou o interesse do casal, Ivy Santana e Rafael Pelluso, e da amiga em comum Juliana dos Santos. Ao visitar o painel instagramável, a preferência foi unânime, ainda mais, por retratar uma frase bem resumida sobre o público da Bienal. “A mensagem é chamativa”, falou Juliana.
Ir no dia de encerramento do evento foi interpretado como uma boa escolha para Luiza Souza. A jovem conta que encontrou promoções ao longo das estantes e como a organização estava ótima. “Vir na Bienal sempre me inspira a alimentar o hábito da leitura”, afirmou Luiza.
Na “Estação Plural”, o último debate que encerrou a edição foi “Vozes LGBTQIAP+: O que vem pela frente?”. Com a mediação do autor Felipe Cabral e participações de Amiel Vieria, Letícia Carolina Nascimento, Natalia Borges Polesso, Renan Quinalha e Samuel Nascimento, a mesa tinha a principal motivação de propor uma análise sobre os rumos dessa população no futuro, ao levar em conta o caso de censura da obra LGBTQIAP+ pelo ex-prefeito Marcelo Crivella na Bienal 2019 e o contexto político atual.
Através da vivência pessoal de cada palestrante, cada um compartilhou a necessidade de ter pessoas plurais e diversas em todas as áreas da sociedade, através da literatura e do combate ao preconceito. “Eu fico pensando em nossos corpos estarem em todos os lugares”, afirmou o escritor Samuel Nascimento.
Confira “Vozes LGBTQIAP+: O que vem pela frente?”.
O que motivou Matheus Bezerra a participar da mesa foi a experiência própria de estudos e pesquisas da temática LGBTQIAP+ dentro do universo religioso. “Depois da censura de Crivella, isso foi um marco para buscar mais visibilidade em um espaço tão plural como a Bienal”, relatou Matheus.
Durante os 10 dias de festival, houve mais de 750 mil acessos com a transmissão digital da “Estação Plural”. Ou seja, tanto no campo físico quanto no campo digital, a Bienal do Livro no Rio de Janeiro pôde transformar a paixão de ler e impulsionar o diálogo.
Pedro Amorim – 5º período