Mulheres em estado de vulnerabilidade sofrem as consequências da falta de amparo do governo no período menstrual
No último mês, o presidente Jair Bolsonaro vetou o projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes menstruais para estudantes de baixa renda, presidiárias e pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade extrema. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, afirma que o texto do projeto não apresentou fonte de custeio, o que impede a viabilidade.
Segundo um levantamento feito pelo site de notícias UOL, uma das parcelas mais afetadas são meninas de baixa renda matriculadas em escolas públicas. As alunas do Colégio Estadual Gomes Freire de Andrade já se mobilizavam para ajudar outras colegas que necessitavam de absorventes antes mesmo do veto. A ex-estudante e integrante do Grêmio Estudantil, Cássia Maciel, explica que uma caixinha com itens de higiene foi colocada no banheiro feminino durante a ocupação do colégio em 2016 e que, logo após o término, decidiram continuar com a ação. “As meninas sentiam um pouco de vergonha em pedir absorventes, por isso decidimos deixar a caixinha nos banheiros. Sempre que pegávamos um, no outro dia ele era reposto por outras alunas”, diz Cássia.
Cássia Maciel fala sobre como surgiu o movimento.
A diretora do Colégio, Elomar Santos, considera o amparo do governo essencial, visto que o produto não costuma ser barato. E afirma que inicialmente apoiou a ideia do grêmio estudantil sobre a colocação dos absorventes no banheiro da escola, e que no momento atual, a unidade escolar recebe verba exclusiva para adquirir os produtos de higiene pessoal. “Quando a ideia surgiu não havia essa discussão, era apenas para ajudar as alunas”, relembra Elomar. Agora, além da caixinha, o colégio irá distribuir os absorventes em sacolinhas personalizadas.
A ginecologista Rebeca Oliveira, especialista em crianças e adolescentes, pontua que a falta de recurso leva centenas de mulheres no Brasil a utilizar produtos que não são indicados para absorver a menstruação. E sinaliza sobre os riscos de doenças ginecológicas, em consequência desses métodos improvisados, podendo causar problemas vulvovaginais que vão desde alergias na área genital até infecções mais graves, como a doença inflamatória pélvica, que pode afetar a capacidade reprodutiva da mulher. “O período menstrual, que era para ser algo natural, torna-se uma angústia e uma causa de baixa auto-estima”, comenta a médica.
Karol Lima – 4º período
Rochelle Dantas – 6º período