A data comemorativa foi instituída em 1991, através da ONU, e valoriza o idoso
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional do Idoso em 1º de outubro, com a finalidade de conscientizar e refletir acerca do etarismo. Esta parcela da população está inserida na sociedade em diversos meios, mas sofrem com invisibilidade social. Ainda assim, resistem e lutam contra estereótipos atribuídos ao envelhecimento.
A aposentada Rosa Rinaldi é uma delas. Diariamente ela faz exercícios, caminhadas, passeia com a cadela Ariel pelas ruas de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, e confecciona roupas para crianças órfãs. Motivada pela vontade de viver, aproveitou o tempo livre da aposentadoria e participou de cursos da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI) e da rádio Uerj, como locutora, no programa “Idoso em foco” durante quatro anos. “O que me faz feliz é viver. O meu prazer maior na vida é viver. Eu tenho uma cachorra vira-lata resgatada que me faz companhia, tenho um filho maravilhoso e amigos muito queridos”, disse a aposentada.
“Com o avanço da medicina, nós estamos com uma longevidade que está incomodando. Eu tenho 75 anos, mas isso não quer dizer nada em minha mente. Eu continuo a ter sonhos, a fazer projetos, a ter desejos… Eu estou viva” – Rosa Rinaldi.
A Projeção da População divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018 revelou que o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas com mais de 60 anos, ou seja, uma representação de 13% da população no país. Dessa forma, faz-se necessário a existência de uma Política Nacional do Idoso e de um Estatuto do Idoso, a fim de assegurar os direitos previstos por Lei desta população, tendo um deles a seguinte definição: “O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana”.
Independentemente dos marcos regulamentados, nota-se como as falas preconceituosas referentes aos estereótipos do envelhecimento estão enraizadas na sociedade. “Eu não sou aquela velha ali, eu não sou uma velha, eu sou um ser humano”, afirmou Rosa. Infelizmente, ainda é comum ouvir palavras que impactam negativamente a integridade e o psicológico dos idosos. Para Rosa, a discriminação só resolve com conscientização.
Etarismo, idadismo ou ageísmo, é um termo que designa a discriminação contra os idosos. Um levantamento da Organização Mundial da Saúde destacou: mais de 16% dos brasileiros acima de 50 anos já se sentiram vítimas de alguma discriminação por conta da idade. Sandra Rabello é coordenadora de projetos de extensão na Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI) da UERJ e explica como o etarismo se manifesta. “O preconceito contra os idosos, ainda constitui uma forma de violência nos dias de hoje e referem-se à saúde, a capacidade, empenho, idade, fragilidade, entre outros”, revelou Sandra.
Sandra Rabello esclarece sobre quais falas preconceituosas precisam ser anuladas.
A UnATI é um projeto de extensão que existe desde 1993 na Uerj e conta com programas destinados à população idosa. As atividades são gratuitas e visam construir um lugar essencial de contribuição para a saúde físico-mental e social das pessoas com mais de 60 anos. Sandra é responsável pelas ações que movimentam o Dia do Idoso na instituição de ensino, e revela que a luta é diária e precisa ser feita. “Podemos combater o etarismo promovendo palestras, debates e divulgando teorias para um envelhecimento digno e participativo”, concluiu a coordenadora.
Atitudes intolerantes impactam na saúde mental de qualquer ser humano, no contexto de etarismo o idoso sofre com as consequências de falas e atos discriminatórios, como vistos no vídeo de Sandra Rabello em exclusividade para a Agência UVA Barra. Segundo Dulcinea Monteiro, psicóloga e especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-RJ), a melhor maneira para lidar com o preconceito é trabalhar a mente.
Quando ocorre algum ato preconceituoso o lado psicológico do idoso pode ser afetado negativamente. “Se eu sou uma pessoa trabalhada, se eu acredito que não sou idade, sou sujeito e estou vivendo a minha vida e cumprindo a minha missão, o que o outro vai falar não vai ter ressonância em mim”, explicou a psicóloga. A questão é que o envelhecimento não deveria ser considerado um “tabu”, mas, sim, interpretado de forma natural e humana de uma passagem de tempo pelo ato de viver.
Dulcinea Monteiro fala sobre como a psicologia interpreta o envelhecimento.
Para além da data comemorativa, o Dia Internacional do Idoso promove a conscientização e reforça o fato de que o idoso é um ser humano com direitos e deveres como qualquer um, além de servir como um lembrete à sociedade da importância de se combater qualquer forma de preconceito, intolerância e invisibilidade. 1º de outubro é o dia da celebração da vida.
Pedro Amorim – 5º período