Estreitamento da relação esporte e meio ambiente vem contribuindo em defesa de causas humanitárias e preservação do ecossistema
A importância e a necessidade de se adequar pautas e temas relevantes da atualidade também é de competência do esporte, e especialmente, o futebol, já tão conhecido como mobilizador de classes. A diversidade e a riqueza do ecossistema brasileiro vêm sofrendo danos, e é imprescindível que a bola corra no gramado dos estádios e as práticas sustentáveis entrem na lista dos clubes e dirigentes. Uma fusão em que todo mundo sai vencedor.
Desde a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, o Ministério do Esporte propagou uma série de diretrizes para a construção e reforma dos estádios e centros de treinamento, inclusive, abarcando questões sustentáveis, como eficiência energética, racionamento de água, queimadas, entre outros temas proeminentes.
Tais hábitos são seguidos até hoje, como por exemplo, o reaproveitamento da água da chuva e a geração de energia limpa e renovável que ocorrem em alguns estádios brasileiros. Clubes como: o Grêmio, Internacional, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, e mais recentemente, Red Bull Bragantino, são exemplos de times que visam perpetuar o legado, praticando a sustentabilidade.
O Clube Atlético Mineiro, por exemplo, inaugurou ano passado a chamada Usina do Galo, mantendo o pioneirismo histórico, agora se tornando o primeiro clube brasileiro auto sustentável.
A Usina é responsável direta pela produção de energia fotovoltaica no abastecimento da sede administrativa e centro de treinamento, consistindo na transformação da radiação solar diretamente em corrente elétrica, por meio das placas expostas ao sol, ocasionando maior economia financeira e benefícios significativos ao ecossistema.
Assim, como o Galo, outros dois clubes paulistas, Palmeiras e Corinthians, foram fundamentais na criação de projeto responsável pela reserva ambiental de árvores nativas oriundas da Mata Atlântica. O projeto de educação socioambiental, já plantou 25 mil das 30.400 mil mudas conseguidas por ambas as agremiações. O plantio é feito em terreno localizado em Salto do Pirapora, interior de São Paulo.
Segundo as regras e condições do projeto, cujo objetivo é promover a responsabilidade socioambiental junto às grandes massas por meio do futebol, a cada partida das equipes, 100 mudas foram plantadas. Os atletas de cada equipe também tinham papel crucial, uma vez que cada gol marcado era equivalente à plantação de mais 100 árvores.

(Foto: Arquivo Pessoal)
Mestre em Gestão do Desporto pela Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, Virgílio Franceschi Neto acredita ser valioso o engajamento entre futebol e meio ambiente, ao afirmar que ambos são fatores sociais importantes. “Através deles entendemos a organização, os valores, a economia e a política de uma sociedade. Em segundo lugar, o futebol é formador de opinião e pode influenciar o comportamento de milhares de pessoas.”
Veja o que Virgílio Neto fala sobre o impacto do futebol em formar opiniões:
Virgílio acredita que com o passar do tempo, a opinião pública dará atributos positivos ao tema. “Há longo prazo podem significar mais patrocinadores e rendimentos. O conceito de clube sustentável entra em um panorama preocupante a respeito da disponibilidade de recursos disponíveis, e a escassez pode comprometer a continuidade.”
Com tantas ações ocorrendo em paralelo, a evolução e o incentivo por práticas conscientes nesse sentido só crescem. Tais ações também visam agregar valor à marca esportiva, propiciando um bom relacionamento com entidades de proteção ambiental e órgãos públicos, além de passar credibilidade aos torcedores e patrocinadores no tocante ao cumprimento delas.
De acordo com a Neoenergia, empresa integrada que atua em quatro segmentos do setor elétrico (geração, transmissão, distribuição e comercialização), o futebol possui significativo gasto no consumo de energia, determinando também liberação de carga altíssima de CO2 e larga demanda de lixo. Para termos ideia, o estádio do Maracanã, por exemplo, considerado o principal do país, possui custo de um milhão de reais mensais só com energia elétrica, e por conta disso, existe um esforço demasiado para que os estádios brasileiros e as novas arenas utilizem sistemas de iluminação nos modelos LED, de custo mais reduzido, o que já ocorre em alguns casos.
A Arena Pernambuco (PE), o Maracanã (RJ), o Mineirão (MG) e a Arena Pituaçu (BA), são exemplos de palcos sustentáveis geradores de sua própria energia, inclusive, o Estádio de Pituaçu foi pioneiro na América Latina em aderir à energia elétrica fotovoltaica.
“O esporte é capaz de mobilizar milhões de pessoas simultaneamente, em suas casas e nos eventos esportivos. O impacto ambiental que essa mobilização possui é imensurável.”
Virgílio Franceschi Neto

(Foto: Arquivo Pessoal)
O atual Diretor de Negócios da Brasil FA e ex Diretor de Marketing do Cruzeiro Esporte Clube, Rafael Zanette, explicou a relevância da sustentabilidade no esporte, mas também na vida, acreditando que ambos estão interligados. “Existe uma preocupação de que o ecossistema não continue sendo agredido, e o futebol, serve como propaganda positiva, trazendo e incentivando ações consideráveis, aderindo a campanhas agregadoras possibilitando uma maior conscientização social”, afirma.
Ouça o que diz Rafael Zanette sobre a importância do esporte como fator de conscientização:
“Hoje, existem clubes que se empenham pela causa, principalmente com relação ao racionamento de água, energia, plantação de seu próprio alimento, diminuição do uso de plásticos, além de outros fatores importantes.”
Rafael Zanette
Importante salientar, que atualmente, predomina uma forte tendência de que os clubes que adotarem medidas de melhorias ambientais ligadas à sustentabilidade venham obter resultados mais expressivos no âmbito financeiro, especialmente com relação a valorização e exposição da marca e o patente reconhecimento dos patrocinadores e adeptos.
Bruno Sadock – 6º período