Projetos sociais prestam suporte de moradia, saúde e educação para esta parcela da população

Lar: local onde há harmonia, onde as pessoas vivem e se sentem bem. Essa definição não é igualitária para muitos LGBTQIA+. Esses espaços, por vezes, refletem crueldade por conta do preconceito, discriminação, estigma e abandono. Diante das fragilidades e do desamparo dentro do ambiente familiar, viver na rua torna-se a única opção.
Mesmo diante de um cenário desanimador, no qual ocorre uma morte por homofobia a cada 23 horas, segundo estatísticas levantadas pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), há projetos sociais que visam proteger, acolher e ajudar pessoas expulsas do próprio lar. A Casa Miga, atua há três anos, na cidade de Manaus, transformando vidas através do acolhimento.
Criada em 2018, o lugar é uma das referências em suporte, atendimentos psicológico, social e profissional realizados gratuitamente à gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis, além de imigrantes ou refugiados membros da comunidade.

O Coordenador Geral da Casa Miga, Lucas Brito, conta que além do espaço de acolhimento, a casa possui projetos de capacitação profissional, rodas de conversa, workshops e cursos livres. “Em 2020 eu criei o projeto Prepara Miga, voltado para o vestibular, além das aulas de espanhol e inglês. Já conseguimos formar uma turma de inglês e estamos na segunda, composta por 80% de transexuais e travestis”.

De fato, garantir moradia, alimentação e capacitação profissional a tantas pessoas, é desafiador. Sem qualquer suporte do poder público, a Casa Miga se mantém através de doações de parceiros, campanhas de arrecadamento online (regional, nacional e internacional) e de empresas privadas.
Lucas Brito fala sobre a importância de iniciativas para a comunidade LGBTQIA+
Outro exemplo de projeto social que deu certo, é o Centro Acolhida Florescer, uma Organização Não Governamental (ONG) que atende travestis e mulheres transexuais em situação de vulnerabilidade. Criada pela deputada eleita pelo PSOL, Sâmia Bomfim em 2015, atualmente acolhe 30 pessoas com idades que variam de 18 a 64 anos.

Para além da acolhida, o espaço oferece também atendimento psicológico, acesso a saúde básica, educação e possibilidades de reinserção no mercado de trabalho. O Gestor da Casa Florescer, Alberto Silva, explica que ações como essas, ajudam no desenvolvimento de outras aptidões. “O mais importante é a articulação junto com as empresas parceiras. Acaba trazendo mais ferramentas para que essa população consiga ter mais fruto em sua vida.”
O Gestor conta que o funcionamento do espaço se baseia em pilares como educação, saúde e trabalho. Outras áreas como lazer, esporte e cultura vem consequentemente em decorrência de parcerias. “Nosso trabalho é pautado justamente na harmonização enquanto pessoas humanas, porque quando se acredita é impossível não florescer”, revela.
A Casa se mantém pela parceria da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo e a Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana. O que explicita a necessidade de um olhar governamental para as mazelas enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+.
Alberto expõe as parcerias que ajudam no projeto e fazem a transformação.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da cidade de São Paulo, em 2015, estima-se que uma porcentagem entre 5,3% e 8,9% de pessoas em situação de rua pertençam à população LGBT. A falta de dados sobre pessoas em situação de vulnerabilidade social impede a formulação de políticas públicas efetivas. Desta forma, iniciativas como estas transformam homens e mulheres, cis ou trans, da população LGBTQIA+ expulsos de casa por serem quem são.
Ana Júlia Queiroz – 5º período
Gabrielle Lopes – 7º período