A Agência UVA Barra Assistiu: Alvorada

Foto: Divulgação

“Alvorada”, documentário dirigido por Anna Muylaert e Lô Politi, conta os últimos meses de Dilma Rousseff na residência oficial do governo, antes do resultado final do impeachment, que ocorreu em 2016. As diretoras apresentam, por meio do registro de momentos dentro do Palácio Alvorada e das percepções dos funcionários do local, um retrato íntimo da ex-presidenta do Brasil.

Diferente de outros filmes que abordam o processo de impeachment de forma ampla e com um contexto mais geral, como é o caso dos premiados “O Processo” de Maria Augusta Ramos e “Democracia em Vertigem” de Petra Costa. “Alvorada” parte do interior para explicar o todo. Logo nos primeiros minutos as realizadoras deixam isso claro, saindo do áudio da votação de abertura na câmara dos deputados, para mostrar o dia a dia na moradia da então presidenta.

O trabalho dos faxineiros, a organização dos alimentos, a agenda de viagens e as próximas reuniões. Quem são essas pessoas que mantêm tudo funcionando e qual a visão delas sobre tudo que está acontecendo. A emoção deles assistindo, pela televisão, o depoimento de Dilma no senado, diz muito sobre o que representou para aquelas pessoas tudo o que ocorreu.

O documentário ao mesmo tempo vive um dilema dentro de si. As diretoras estão tentando estabelecer uma relação de proximidade e a ex-presidenta coloca que existem certos limites nessa relação. Ela não deixa com que a câmera mergulhe demais dentro dos pensamentos e sentimentos que está sentido. Dilma pede para que as filmagens sejam interrompidas em alguns momentos, e essas partes são deixadas no corte final do filme. O que para muitos seria um empecilho, aqui atribui ainda mais força para a figura central do filme, mesmo que ela não se veja como uma personagem. “Eu não sou um personagem, o tempo inteiro”, diz Dilma Rousseff.

A parte mais técnica do filme sofre com a captação de áudio em algumas cenas, que precisam até ser legendadas para que se consiga entender o que está sendo dito. É algo compreensivo, uma vez que, quanto mais equipamentos e pessoas na produção, mais isso poderia afastar ou comedir os entrevistados dentro do processo documental. Tirando esse aspecto, o filme conta com imagens boas do Palácio Alvorada. É possível perceber a imensidão do local. A narrativa também conseguiu trazer expressões e reações da ex-presidenta em momentos importantes com a imprensa internacional e em reuniões. Além, de ocasiões de descontração.

“Alvorada” é um documentário que tenta captar as sensações de quem viveu aqueles meses do processo de impeachment no Palácio Alvorada. O filme mostra a profundidade de uma presidenta cheia de nuances e camadas, em meio a turbilhão político. O longa fala sobre os aspectos simbólicos que a política brasileira carrega. Um palácio para quem governa o país, um símbolo de poder e autoridade, mas que também pode ser uma prisão. Não é coincidência que a última cena do filme seja um urubu entrando dentro do local.

O documentário estreia no dia 27 de maio, nas cidades em que os cinemas estão abertos, e nas principais plataformas digitais de aluguel de filmes. Assista ao trailer.

Lucas Souza – 5° Período – Jornalismo

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