
“A Viúva das Sombras”, novo filme de terror russo, conta a história de um grupo de socorristas em um dia de treinamento. Eles estão sendo acompanhados por uma documentarista que registra a rotina deles. No meio do caminho, um chamado sobre uma criança perdida leva a equipe até uma floresta misteriosa. Durante a busca, acabam resgatando uma mulher perdida, que revela a história de uma entidade que vive no local. No caminho de volta barulhos e coisas estranhas começam a acontecer.
O primeiro longa do diretor Ivan Minin não esconde suas inspirações no cinema de terror americano, principalmente, no subgênero conhecido como found footage (filmagens encontradas). O estilo tenta emular gravações amadoras perdidas faz muito sucesso com obras como “A Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal”, mas vem perdendo fôlego nos últimos anos e o trabalho de Minin é mais um exemplo do desgaste dessa fórmula.
Na abertura, a edição tenta criar um suspense apresentando uma série de depoimentos de pessoas que contam histórias sobre a Viúva das Sombras. Entre esses momentos são colocadas frases clichês como “os produtores pedem para as pessoas não entrarem nessa floresta” ou “esse filme é baseado em eventos reais”. A utilização desses elementos manipulativos, logo no início da narrativa, desconecta o espectador da história. Sem contar que hoje em dia é muito difícil o público se deixar levar por esse tipo de coisa.
A direção parece um pouco perdida. O diretor usa pouco o found footage e alterna com cenas em um formato mais comum. Isso acaba prejudicando o ritmo da narrativa. O longa que tem uma hora e meia de duração, acaba sendo bastante arrastado e pouco dinâmico, justamente, por não abraçar uma única linguagem.
As situações de terror propostas se utilizam de fórmulas batidas para tentar assustar. A trilha sonora alta acompanhada de mudanças repentinas de imagem ou até o uso de telas escuras, no meio da ação, lembram outras inúmeras obras do gênero.
Os atores tentam entregar algo com o pouco material que tem nas mãos, mas sofrem com personagens rasos e sem muito carisma. A caracterização deles também não ajuda muito. Em certos momentos, é difícil saber diferenciá-los. Nas cenas no meio da floresta isso fica ainda mais evidente. A personagem que está filmando tudo e que seria a protagonista, nunca assume realmente esse papel. Ela fica orbitando em torno dos outros sem ter muita importância dentro da trama.
O roteiro é assinado pela mesma equipe responsável por filmes como ”Baba Yaga”, “A Noiva” e “A Sereia: Lago dos Mortos”. A história desenvolvida por eles não consegue estabelecer uma coerência com sua proposta inicial, de ser um terror com uma entidade maligna. Isso ocorre porque a presença do ser nunca é materializada em uma forma física.
Eles até tentam criar uma mitologia em torno da Viúva das Sombras, mas na maioria das vezes isso é feito por meio de diálogos expositivos. As situações que deveriam ser assustadoras acabam não sendo devido a grande quantidade de muletas narrativas.
“A Viúva das Sombras” é um longa cheio de boas inspirações, mas que não consegue ter uma identidade própria e se perde em clichês do gênero. A direção e o roteiro pecam ao não desenvolver bem a história, os personagens e o universo sobrenatural da trama. Tudo isso acaba tornando o filme maçante e arrastado.
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Lucas Souza – 5º período – Jornalismo