O projeto Parquinho Verde reúne sustentabilidade, cultura e lazer em espaços ociosos na Zona Oeste
Com mais de 180 mil habitantes, Realengo é o quarto maior bairro da cidade do Rio de Janeiro. O nome é a junção das palavras Real Engenho que eram abreviadas como Real Engº nas placas ao longo do caminho que a Família Real percorria até o bairro de Santa Cruz. O que era caminho da realeza em meados do século XIX, conta atualmente com espaços ociosos. Iniciativas como a do Parquinho Verde visa utilizar áreas abandonadas a fim de promover lazer, sustentabilidade e cultura para os moradores da redondeza.
Assista o vídeo sobre o projeto Parquinho Verde
A produtora cultural, Marcele Oliveira, faz parte desse coletivo. Ela é a coordenadora de campanha do Festival Parquinho Verde que tem como objetivo levantar fundos para a revitalização do espaço onde ficava a antiga Fábrica de Cartuchos de Realengo. Consiste em uma área verde que desperta interesse de construtoras, mas encontra resistência dos moradores. O projeto visa desenvolver práticas sustentáveis e culturais junto com os moradores de Realengo.
Ouça o audio de Marcele Oliveira sobre Realengo
A arquiteta e urbanista, Andrea Cruz, acredita que sustentabilidade deve ser debatida publicamente, tendo como premissa os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) traçados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para ela, é preciso manter as práticas sustentadas em três pilares: o social, o ambiental e o econômico.

Parquinho Verde tornou-se um marco por conseguir atingir alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, segundo Marcele. Para ela, o local abandonado fez-se prejudicial para a vida em comunidade. Com as ações do coletivo, essa realidade pôde ser mudada.
“O Parquinho é um grande terreno que estava abandonado se tornando um grande lixão, se tornando polo de coisas não maneiras. A partir da mobilização da ocupação Parquinho Verde, ele consegue se tornar um lugar de encontro, de sustentabilidade, um lugar de práticas não só saudáveis e sustentáveis, mas também práticas culturais”
Marcele Oliveira
De acordo com Andrea, o subúrbio carioca foi originalmente pensado para receber esse tipo de iniciativa. O local abrigaria os cinemas de rua, praças arborizadas, residências, comércios de rua. Entretanto, não houve política pública que viabilizasse esse desenvolvimento.
Ouça o áudio de Andréa sobre o subúrbio carioca
O subúrbio, em especial a Zona Oeste, ocupa a maior parte do território carioca. Entretanto, é onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é médio-baixo na cidade. Segundo dados do Instituto Pereira Passos (IPP), o bairro de Realengo ocupa a 86ª posição dentre os 126 bairros cariocas, com taxa de 0,803 – quanto mais perto de 1, mais desenvolvido é.
Um outro indicador urbano é o Índice de Desenvolvimento Social (IDS), que tem por finalidade medir o grau do avanço social de uma determinada área geográfica em comparação com as outras da mesma cidade. O cálculo se dá através de variáveis, como: PIB per capita, a taxa de frequência escolar, taxa de alfabetização, desenvolvimento social e urbano. O IDS busca caracterizar o aspecto urbano e situações típicas das cidades, para o melhor conhecimento e atuação pública.
É a partir das deficiências do bairro baseadas no IDS e da falta de políticas desenvolvimentistas, que iniciativas e coletivos, como o Parquinho Verde, surgem. Estes projetos sociais estão modificando a vida de diversas pessoas e transformando a realidade dos espaços que ocupam.
O Festival Avante Parquinho Verde vai acontecer em Janeiro de 2021 com oficinas e ações culturais que possibilitem o desenvolvimento dos moradores. “O Festival é só a faísca”, afirma Marcele Oliveira que olha para o futuro com planos para que o bairro se torne mais próximo de um lar.
Gabrielle Lopes - 6º período Rafaela Barbosa - 8º período