Atendimentos cardiológicos diminuem na pandemia

Procedimentos técnicos em baixa prejudicaram enfrentamento às doenças cardíacas durante a emergência sanitária

O confinamento social fez com que muitas pessoas não realizassem consultas de rotina pela insegurança de contrair a Covid-19. A redução do tratamento médico já era esperada em certas áreas por se tratar de uma crise sanitária, mas, na Cardiologia, há sérias consequências à saúde do indivíduo, como as doenças cardiovasculares, responsáveis por 18 milhões de vítimas anualmente segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O cardiologista Artur Pezzi sofreu diretamente essa queda na carga de pacientes logo no início. “Tive uma diminuição muito grande ao redor de 90%, tanto nos procedimentos feitos no hospital quanto no consultório, porque mesmo os pacientes com dor no peito e possível infarto não procuravam a emergência ou a clínica”, lembra.

O receio de sair de casa com o vírus em circulação afetou as consultas e exames cardiológicos. É o caso do administrador de empresas Max Douglas Rangel, de 49 anos, que já fez exame de cateterismo e abdicou da checagem médica. “Era para estar indo ao cardiologista, porém, com a pandemia, não me sinto seguro estar em ambientes clínicos ou hospitalares por ter um risco imenso de contrair o coronavírus”, diz. Quem pensa diferente é Regina Carvalho, dentista, de 51 anos, que é hipertensa e não vê problema em ir ao consultório, já que está tomando todos os cuidados e o local onde é atendida segue as normas sanitárias.

Segundo Artur, a negligência dos pacientes corrobora para uma piora do quadro clínico, sendo fatal dependendo do nível da doença. “As doenças agudas são o maior problema. Tiveram muitas pessoas que infartaram ou morreram em casa, outras que chegaram no hospital tardiamente e poderiam ser atendidas em um período mais curto da doença”, garante. Não é por acaso que a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) registraram um aumento de 31,82% no número de óbitos em domicílio por doenças cardiovasculares desde 16 de março — primeira morte confirmada de Covid-19 — até o final de junho de 2020.

Entre os idosos, a atenção deve ser redobrada. Para o cardiologista, o tratamento dessa faixa etária é um desafio, o que evidencia a necessidade do olhar técnico por perto. Ele ainda acrescenta que o perigo existe independentemente da idade e que deve prevalecer a saúde dos indivíduos. Embora haja preocupação com todos os cidadãos, são os idosos que mais padecem na pandemia. De acordo com a pesquisa da Fiocruz, 3 em cada 4 mortos por Covid-19 no estado e no município do Rio de Janeiro têm idades acima de 60 anos.

Assim como nas doenças cardíacas, o novo coronavírus apresenta sintomas como falta de ar, dor no peito, trombose e, até mesmo, infarto. Ainda que a pessoa possa confundir tais doenças pela similaridade de reações, Artur deixa claro que há pouca conexão entre elas. “Apesar de alguns sintomas também serem da Covid-19, não é comum confundir com doenças cardíacas pelo fato de grande parte dos efeitos do vírus não estarem relacionados à Cardiologia. Como é uma doença nova, é sempre bom ficar atento”, destaca.

Lucas Ribeiro – 4° período

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