Segundo IBGE, as taxas desocupação e de informalidade estão diretamente relacionadas a pandemia
O número de desempregados no Brasil saltou de 10,1 milhões para 12,9 milhões, em quatro meses. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (23/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é fruto da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD COVID-19) feita entre os meses de maio e agosto. Os números mostram que a crise econômica no país, agravada pela pandemia do coronavírus, reflete na jornada de quem busca uma oportunidade no mercado de trabalho.

Uma das alternativas para fugir das estatísticas de desemprego é o trabalho informal. Segundo o IBGE, após duas quedas consecutivas – de maio (29,3 milhões) para junho (29,1 milhões) e de junho (29,1 milhões) para julho (27,4 milhões) – a informalidade voltou a crescer no país e fechou o mês de agosto com 27,9 milhões de trabalhadores nesse segmento. “Os informais foram os mais atingidos no início da pandemia. Essa recuperação recente deve-se pela volta gradativa de diversos trabalhos informais como garçons e vendedores ambulantes, por exemplo”, afirmou o IBGE.
Entre os informais que retornam ao trabalho após um longo período de inatividade, está a técnica de enfermagem Jéssica Teixeira de 23 anos. Ela conta que enviava currículos há pelos menos três meses para hospitais e clínicas, mas não obtinha sucesso na busca por um emprego formal. No entanto, a felicidade chegou quando recebeu uma mensagem inesperada: Uma antiga conhecida lhe ofereceu um “bico” para trabalhar em uma casa de repouso. Embora sem carteira assinada e ainda buscando um emprego formal, Jéssica consegue pagar as contas do fim do mês com mais tranquilidade com os plantões esporádicos.
Ouça o áudio e entenda como Jéssica retornou ao mercado de trabalho.
No entanto, a retomada não é tão fácil para quem não possui uma boa rede de contatos. Impulsionado pela reabertura de restaurantes e bares próximos de onde mora, Breno Gabriel tentar deixar o rótulo de “desocupado” para trás o quanto antes. O estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental conta que, com as aulas presenciais suspensas por tempo indeterminado, vai utilizar do período longe da faculdade para tentar conseguir um novo emprego em sua antiga área de formação.
Confira a expectativa de Breno para buscar um novo emprego.

Para Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa – PNAD Covid Mensal de Agosto, as medidas restritivas afetam diretamente as estatísticas de emprego e desemprego do país. Ela explica ainda que, pela metodologia do IBGE, que segue padrões internacionais, só é considerado desocupado quem adota medidas efetivas na busca de um emprego, como enviar currículos e atualizar cadastro em sites de vagas.
“Existe um processo de afrouxamento das medidas de distanciamento social como a reabertura de shoppings e restaurantes e a volta das praias, bares e boates. Uma vez que as pessoas que estão em casa, sem emprego, passam a procurá-los e deixam seus currículos, nos locais mencionados, por exemplo, elas aumentam as estatísticas de desocupados por estarem atrás de uma oportunidade. A mesma coisa acontece com profissionais informais que retomam suas rotinas. No entanto, existe também as “pessoas fora da força de trabalho” que são as que querem trabalhar, mas não buscam de fato uma oportunidade”, finaliza Maria Lucia.
Pedro José Alves – 7° Período