Os brasileiros que tiveram reajustes na renda mensal por conta do novo coronavírus
A pandemia de Covid-19 continua avançando em número de vítimas pelo mundo. Até o momento, são 39.144 casos confirmados em todo o país. Apesar do caos na saúde, a economia também divide o espaço na atual crise brasileira. Trabalhadores de áreas não-essenciais convivem com possíveis demissões, redução de salário e poucas condições de trabalho.
Selis Martins, de 57 anos, é profissional rodoviário há 16 anos. Dirigir ônibus lotados fazia parte da rotina, mas, por conta das medidas de isolamento, essa realidade mudou. “No momento a gente não tem perspectiva de melhora nenhuma em relação ao salário e em relação à carga horária. Pelo contrário: começou com dispensa de dez dias por mês e chegou à quinze. Provavelmente no mês que vem deve chegar a 75% de redução, ou seja, a empresa vai me pagar 25% do salário que eu tenho direito e o Estado fica responsável em pagar uma outra parcela”, conta o Selis.

O complemento a que se refere Selis Martins faz parte do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, uma Medida Provisória que visa diminuir o número de demissões nesse período e reduzir o impacto nos cortes salariais. O Professor de Direito Trabalhista da UVA, Ricardo Motta, explica que o benefício será calculado com base no valor do seguro-desemprego que o trabalhador teria direito se fosse demitido.
O cálculo acontece da seguinte forma:

A redução na jornada foi aprovada pelo Governo através de uma medida provisória. B. da Silva, que preferiu não se identificar, trabalha como mãe social, função exercida por mulheres que trabalham em lares de acolhimento de menores, e foi uma das afetadas com a redução de 50% na jornada de trabalho. “Minha perspectiva é que volte o mais breve possível. Este momento está sendo bem delicado”.
B. da Silva e Selis fazem parte dos mais de 2 milhões de trabalhadores que já estão vivendo com reduções salariais no final do mês nos seus contracheques. Para a economista e professora da UVA June Rothstein, as medidas tomadas até então tem impacto negativo, mas o desemprego causaria impactos maiores e mais devastadores.

“Todos nós estamos sofrendo algum tipo de restrições. Os resultados vão vir em longo prazo. As medidas estão sendo tomadas pra gente resolver o momento de agora e essas medidas são importantes exatamente para minimizar os efeitos nocivos do que estamos vivendo”, explica a economista.
É importante lembrar, entretanto, que o isolamento social não deve ser descartado por incertezas de viés econômico. Apesar de já existir um clamor pelo afrouxamento da quarentena, a Organização Mundial da Saúde ressalta que o isolamento ainda é necessário e insubstituível.
Rafaela Barbosa – 7° Período | Jornalismo