Universitários fazem imersão na aldeia Pataxó

Projeto promove engajamento entre culturas – Foto: Marcela Leite
A cultura brasileira se dá por uma mistura de legados que se encontraram ao longo da história, mas a nuance pioneira – nascida e criada no Brasil – é a indígena. Unindo atividades voltadas para o aprendizado profissional e o desejo de auxiliar na recuperação e valorização de uma das principais heranças históricas do país, foi criado um projeto que promove uma jornada de imersão em uma aldeia Pataxó.
A terceira edição do “Arquitetura indígena: tradição e intercâmbio cultural” aconteceu no último fim de semana (23 e 24), a ação consiste em levar estudantes de diversas universidades para participarem de um workshop de arquitetura na tribo indígena, que fica localizada em Paraty (RJ). Os alunos aprendem todo o processo da construção de uma oca: desde a identificação e escolha dos materiais retirados da própria natureza e a consistência correta do barro, até a montagem dos esteios – que dá a estrutura. Tudo é realizado em etapas para que todos possam fazer parte e entender cada aspecto do trabalho.
Os participantes também têm contato com rituais, costumes, artesanatos, esportes e culinária típica, fazendo uma imersão na “nova” realidade cultural. “Há muito tempo que eles estão com essa ideia de ativar uma espécie de etnoturismo – algo que começou a ser feito pela preservação da cultura deles – que é visitar em harmonia com a natureza, ao contrário do turismo exploratório que é o que se costuma fazer”, explica Igor de Vetyemy, diretor da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, do Instituto Niemeyer e professor da Universidade Veiga de Almeida.

Estudantes aprendem a construir a tradicional casa indígena – Foto: Igor de Vetyemy
Pelo olhar de quem vivenciou, a experiência foi gratificante. “Eu achei incrível! Não só a parte de poder ajudar a construir uma moradia clássica, da cultura deles, mas poder conviver. Me trouxe reflexões sobre estilo de vida: como existem várias formas de se viver e ser feliz que não necessariamente estão ligadas ao estilo da cidade”, comenta Marcela Leite, de 18 anos. A estudante de fotografia pontua ainda a importância social por trás de projetos como esse. “É algo tão brasileiro e ao mesmo tempo tão apagada pelos próprios brasileiros. Quanto mais as pessoas conhecerem, mais elas vão respeitar. Quanto mais for compartilhado, mais difícil é de ser esquecido”.
Ainda que o projeto pareça exclusivamente voltado para o curso de arquitetura, Igor garante que ele é aberto para todos – até para não universitários. “Eu sempre digo que a visita de estudos de arquitetura indígena é mais uma desculpa para entrar em contato com essa civilização riquíssima”, brinca o indigenista que já possui até nome na aldeia: Igor de Vetyemy Ipãmakãyê (que significa “professor” na língua original) Pataxó. “O importante é oportunizar esse contato com a cultura que está no sangue de todos nós”, finaliza.

Os índios levaram os visitantes para conhecer a cachoeira da aldeia – Foto: Marcela Leite
Julia Morais – 7º Período | Jornalismo
Mto interessante esse projeto, resgatar a cultura indigina pela sua arquitetura! 👏👏👏parabéns Uva!
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