Feira de conscientização ambiental reúne aulas de culturas indígenas no Rio de Janeiro

A conscientização do meio ambiente está cada vez mais enraizada na sociedade. No último fim de semana, nos dias 13, 14 e 15 de abril, o shopping Downtown abriu espaço para um encontro significativo: a 11ª edição da Feira Liberta. O evento, que foi realizado pela terceira vez no shopping, trouxe debates sobre a vida livre e mais autônoma. Durante os três dias, houveram palestras, rodas de dança e artesanatos com os membros da tribo Fulni-ô.
A cultura indígena marca presença em determinados locais do Brasil. A única tribo que restou no Nordeste e que mantém a própria língua, “Yaathê”, é a Fulni-ô, que significa “índios da beira do rio”. A população se encontra na região da cidade de Águas Belas, em Pernambuco. Apesar de viverem em aldeia, eles precisaram se adaptar ao mundo atual com casas de alvenaria, celulares e redes sociais. Com a ajuda de produtores, eles foram convidados a virem à feira, com o objetivo de mostrar o conhecimento e também aprender algo novo na cidade maravilhosa.

O povo indígena dividiu um pouco da vivência com quem estava presente . Foi preciso mudar em alguns aspectos. O membro da tribo, Ponan Amorim, ou Thúl’kya na língua deles, comentou sobre o fato das pessoas que moram na cidade não entenderem as mudanças na cultura. “Não é porque eu sou índio que eu não posso estudar, que eu não posso possuir algo que o branco tem”, relata Ponan. O preconceito por parte dos brancos existe até hoje, mas os que restaram lutam pelos direitos.
Esse é um dos exemplos da troca de experiências que o evento propõe. De um lado, os indígenas contaram um pouco da história e origem da tribo, cantaram e fizeram rodas de dança com as pessoas que foram à feira e trouxeram artesanatos, uma das principais fontes de sobrevivência deles. Do outro, os visitantes fizeram um programa em família e se aproximaram de uma cultura diferente. A mãe Ana Paula Cardoso, de 40 anos, levou o filho Rodrigo Cardoso, de 5, para visitar a feira e afirma que foi indicação do da professora de música. “Aproveitei para comprar algo e incentivar e aproximá-lo da cultura indígena”.
A publicitária e ativista Vanessa Moutinho foi uma das palestrantes da feira e discutiu o tema “Dinâmica de despertar dos talentos para humanizar as novas economias”. Vanessa já tinha uma aproximação com os indígenas e procura estar sempre ligada a eles. “Desde criança as histórias dos indígenas me tocavam porque era uma coisa lúdica, eles estavam conectados com a natureza e eu sentia uma saudade que não sabia explicar”. Hoje, faz parte de um grupo no Rio de Janeiro, o Guardiões Huni Kuin, que significa “o povo verdadeiro” e também é o nome de uma das etnias do Acre.

Essa conscientização criada por grupos sociais também foi o ponto principal do evento, que envolveu o público com gastronomia saudável, moda alternativa, cosméticos naturais, artesanatos e a diversidade do país. Ponan ainda ressalta a importância dessa possibilidade de expandir a cultura e mostrar a igualdade entre os povos. “Somos todos iguais diante de uma visão divina”, conclui.
Bárbara Faria, 5º período