O primeiro dia do Rio Ocean Week 2025, realizado nesta quarta-feira (22), no Museu do Amanhã, foi uma verdadeira imersão no universo oceânico. Com uma programação que reuniu debates, experiências interativas, literatura, cinema, ciência e música, o evento mostrou como o oceano está no centro das transformações sociais, ambientais e econômicas. Promovida pela Prefeitura do Rio de Janeiro e parceiros institucionais, a Rio Ocean Week segue, com o objetivo de ampliar o diálogo entre pesquisadores, gestores públicos, artistas, estudantes e a sociedade sobre o futuro sustentável do mar.

No palco Ideias Azuis,  uma das principais zonas de debate do evento, especialistas e ativistas discutiram o papel do mar na geração de empregos, no turismo responsável e na inovação tecnológica. Entre as discussões do dia, o painel ” Economia da Praia: desenvolvimento e preservação da paisagem.”, teve grande destaque, mediado pela jornalista Beatriz Santomauro, reuniu Leana Bernardi, Coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul, Manoela Peres, Secretária de Governança e Sustentabilidade de Saquarema e Evanildo Nascimento, Secretário do Clima e Sustentabilidade da cidade de Búzios.

O debate destacou a importância do Programa Bandeira Azul, uma premiação internacional que reconhece praias e marinas com excelência em gestão ambiental, segurança, qualidade da água e educação ambiental. Mais do que um selo de conquista, ele representa um compromisso permanente com a preservação.O Brasil aderiu ao Programa Bandeira Azul em 2005, tornando-se um dos países da América Latina com maior número de praias certificadas, tendo 50 praias e 10 marinas com bandeiras azuis. 

“Mais do que conquistar a bandeira, é preciso mantê-la.”, disse Leana Bernardi. Existem critérios que  precisam ser seguidos para conquistar a bandeira e mantidos para os lugares que já conquistaram. Sendo eles, segurança, as praias precisam garantir condições adequadas para os banhistas, presença de salva vidas e acessibilidade, a educação ambiental,  às praias certificadas devem desenvolver ações contínuas com escola, turistas e moradores para estimular o respeito ao ambiente marinho, gestão ambiental, o critério exige práticas exemplares como limpeza constante, coleta seletiva, ordenamento de atividade costeira e controle sobre construções e empreendimentos que possam impactar a região e por fim, a qualidade da água, que é avaliada com base em análises técnicas rigorosas, seguindo padrões internacionais e as amostras são coletadas regularmente.  

Esses pilares estão diretamente ligados à atuação cotidiana das pessoas que vivem e trabalham nas praias. São ambulantes, quiosqueiros, pescadores, artesãos e prestadores de serviço que, além de impulsionarem a economia local, são agentes fundamentais na preservação do ambiente costeiro.Em praias certificadas, esses trabalhadores são credenciados e orientados pelas prefeituras a seguir normas que garantem a boa manutenção do espaço público. Isso inclui o uso de materiais biodegradáveis, o respeito ao ordenamento das barracas e quiosques, o descarte correto do lixo e a colaboração para manter a segurança e a limpeza da área.

Em muitos casos, os próprios moradores ajudam a fiscalizar e manter o padrão exigido pelo programa, reconhecendo que o cuidado com o espaço é também uma forma de valorizar o turismo e garantir o sustento de suas famílias. Para os trabalhadores locais, a certificação traz ganhos diretos. As praias com Bandeira Azul costumam atrair mais visitantes, o que impulsiona o comércio e os serviços. Além disso, o reconhecimento aumenta a valorização do território e do trabalho de quem depende da praia para viver. “Quando a praia é boa para o morador, ela é ótima para o turista”, afirmou Evanildo Nascimento, que apresenta um resumo da ideia de que o turismo sustentável só existe quando há qualidade de vida e pertencimento das comunidades locais.

O debate também reforçou que a integração entre secretarias de Turismo, Meio Ambiente, Educação e Ordem Pública é fundamental para garantir uma gestão costeira contínua. Cidades como Saquarema e Búzios foram citadas como exemplos de cooperação bem-sucedida entre poder público e moradores locais.

Enquanto as palestras aconteciam, o Cais do Porto, instalado no salão do Museu do Amanhã, se consolidava como um dos espaços mais movimentados do evento. O espaço reúne cerca de 30 instituições, entre ONGs, universidades, centros de pesquisa e projetos ambientais, que apresentam suas iniciativas voltadas à conservação oceânica, sustentabilidade e educação ambiental.

O Cais do Porto foi um dos primeiros ambientes a receber visitantes no dia de abertura do evento. Logo nas primeiras horas, o local já estava movimentado, com o público explorando os estandes e participando de oficinas interativas. O espaço propõe uma imersão no universo marinho por meio de atividades práticas, demonstrações científicas e ações educativas que envolvem desde crianças até especialistas.

Entre os destaques estão as participações do Sea Shepherd Brasil, Projeto Baleia Jubarte, e laboratórios de universidades como UFRJ e UERJ, que expõem trabalhos sobre biotecnologia marinha, monitoramento de espécies e impacto da poluição nos oceanos. Os estandes oferecem experiências sensoriais e educativas, como testes de qualidade da água, oficinas sobre resíduos plásticos e apresentações artísticas inspiradas no mar. Mais do que uma mostra científica, o Cais do Porto é um espaço de diálogo e engajamento social, onde o público é convidado a compreender a importância da conservação dos oceanos e a pensar em práticas cotidianas mais sustentáveis

Outro ponto alto do dia foi a abertura das visitas guiadas aos navios oceanográficos Cruzeiro do Sul, da Marinha do Brasil, e Professor Luiz Carlos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atracados no píer do Museu do Amanhã. A iniciativa, aberta ao público de forma gratuita, proporciona uma experiência única de aproximação com a ciência marítima, permitindo que visitantes de todas as idades conheçam de perto os laboratórios de bordo e os equipamentos utilizados em expedições oceanográficas. Durante o passeio, pesquisadores explicam como são realizadas as coletas e análises que contribuem para o estudo do comportamento dos oceanos.

A atividade tem atraído estudantes de escolas, universidades, pesquisadores e famílias, tornando-se um dos grandes sucessos do Rio Ocean Week 2025. Além de proporcionar entretenimento e contato direto com a ciência, as visitas também funcionam como um estímulo à educação científica e à conscientização sobre a importância de proteger os oceanos. 

No Cinema Comentado, o público teve a oportunidade de mergulhar em produções audiovisuais que exploram a vida marinha e os desafios da conservação ambiental. Entre os documentários exibidos estavam Mar Brasileiro, Litoral Brasileiro, Um Golfinho Oceânico e Sinfonia dos Cavalos-Marinhos, obras que combinam imagens deslumbrantes da natureza com informações científicas sobre ecossistemas marinhos e espécies ameaçadas.

Após cada exibição, cineastas e pesquisadores participaram de bate-papos com a plateia, promovendo debates ricos sobre temas como poluição nos oceanos, preservação da biodiversidade, impactos das mudanças climáticas e a importância da educação ambiental. As conversas permitiram ao público compreender melhor o papel da ciência e do cinema na conscientização ambiental, estimulando reflexões sobre como pequenas ações podem contribuir para a proteção dos mares.

A literatura também teve lugar garantido na programação. O espaço Mar de Livros dedicou o dia a atividades voltadas à leitura e à arte com foco na temática oceânica. A manhã começou com a exibição da animação Mar Azul à Vista, conduzida pela escritora Meg Antunes, do Museu Naval, seguida pelo workshop “ Ilustração Científica”, ministrado por Alexandre Huber , que apresentou técnicas de observação e desenho da vida marinha. O lançamento do livro Aventura no Monte Cigarra, da escritora Elaine Alves dos Santos, completou a programação, estimulando o público infantil a refletir sobre a relação entre literatura, natureza e sustentabilidade.

O encerramento do dia foi marcado por emoção e música. O Talk Show de Abertura, comandado pelo cantor e compositor Lenine, reuniu no palco personalidades e artistas ligados ao mar em um espetáculo de 90 minutos que misturou entrevistas, reflexões e apresentações musicais. Entre uma canção e outra, Lenine falou sobre sua relação com o oceano e a influência da natureza em sua trajetória artística. O público acompanhou de perto um momento de pura inspiração, em que arte e consciência ambiental se encontraram.

O primeiro dia da Rio Ocean Week 2025 deixou claro, que a preservação dos oceanos não é apenas uma preocupação local, mas um tema de relevância global, capaz de atravessar fronteiras e de conectar diferentes áreas do conhecimento humano. Durante a jornada inaugural, o público pôde acompanhar uma programação rica e diversificada, que incluiu debates sobre sustentabilidade e economia do mar, exibições de filmes e documentários que retratam a vida marinha, apresentações musicais inspiradas no oceano, além de lançamentos literários e atividades científicas interativas.

O evento reafirmou o papel do Rio de Janeiro como um importante centro de diálogo e reflexão sobre o futuro dos oceanos, reunindo especialistas, artistas, pesquisadores e ativistas em torno de uma causa comum, a conservação do planeta que nos sustenta. Mais do que uma série de palestras e apresentações, a Rio Ocean Week 2025 se consolidou como uma verdadeira celebração da vida marinha e da urgente necessidade de proteger nossos mares, incentivando a troca de ideias, a conscientização ambiental e a construção de soluções para garantir a sustentabilidade do oceano para as próximas gerações.

Maria Luiza Alves – 2⁰ período.

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